segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Welcome 2016




Seja por vício, hábito, feitio ou só porque sim, sou pessoa de balanços, paragens, reflexões. Não avanço na vida sem a reviver e repensar. Nunca assim fui. Quando era mais nova revivia o dia à noite na almofada, era quando sonhava, quando imaginava, quando havia silêncio para isso.
Agora à noite assombram-me os problemas que não consigo imediatamente resolver e os medos próprios de quem vai envelhecendo e tomando consciência das barreiras, da quantidades dos que mesmo sonhando sofrem quedas irreparáveis, dos que nunca têm hipótese de tentar saltar as barreiras, dos que ficam para trás, dos que a custo temos que largar para progredir.
Por isso agora são dispersos os momentos de pausa no meu dia-a-dia: quando tomo banho, quando tomo chá, quando olho pela janela. Ou seja, sempre que me dou um tempo de pausa para confirmar o caminho, como quem pára para beber água e consultar novamente o mapa.
Não consigo, por isso, passar estas fases de convencionais balanços sem os fazer. Mais um ano passou. Mais um verão, mais um Natal. Aproxima-se mais um 1.º dia de um ano inteiramente novo. Irremediavelmente questiono-me se o aproveitei bem, se soube dirigi-lo onde me tinha proposto, se cumpri as promessas que fiz a mim mesma.
2015 foi um ano especial (como o são todos, talvez). Ano de sair da casca, arriscar, voltar a pôr o pé fora do círculo e começar tudo de novo. Depois de anos de reconstrução foi ano de inaugurar a “casa nova”, de deixar o mundo entrar. Esperei sempre que estes anos de introspeção me trouxessem mais calma, ponderação e sabedoria para saber lidar com o que me perturba.
Apesar de ter sido um ano muito difícil e cheio de novos obstáculos para os quais não me tinha preparado, foi reconfortante perceber que mesmo no meio da tormenta não foi difícil agarrar-me às pequenas coisas e que na escolha dos projetos a adiar não foi difícil sentir-me realizada com aqueles que mantive em desenvolvimento e que de entre todas as “vidas” que podia ter, esta, não sendo perfeita nem parecida com a que tinha imaginado, é provavelmente a que mais combina com o que escolho, com o que penso e com o que sinto.
Numa fase em que a finitude da vida se torna mais real do que nunca, embora (fantasiosa mas) confortavelmente distante, prometi ser mais ativa na busca do estilo de vida que me faz feliz, dar menos “tempo de antena” às pessoas a quem não reconheço suficiente valor ou que me atrapalham gratuitamente.
Nenhuma destas promessas é tarefa fácil, principalmente para quem trabalha com pessoas e chega de novo, assumindo um cargo de destaque num ambiente profundamente hostil. Por isso nem sempre sou bem sucedida. Mas as vezes em que sou confirmam que com tempo conseguir cada vez melhor controlar aquilo e aqueles com que quero gastar o meu tempo ou oferecer o meu ser.
Que 2016 chegue ainda em rescaldo da fraternidade que une as pessoas no natal.
Para mim, que venha igualmente desafiante e de preferência com um bolso recheado de “docinhos” para distribuir ao longo do ano.
Para os meus amigos e para todos os que me querem bem que seja um ano a que deem a volta facilmente e no qual sejam muito felizes. É essa felicidade alheia que me conforta e que me faz ter a que aspirar.
Para todos os outros que seja um ano de paz.

T.

Fotografia em searchingfortomorrow

sábado, 10 de outubro de 2015

O que muda se tudo se inicia e se encerra em ti?



É sobre este peso da constância do que se é e do que se pode ser que penso hoje, neste dia chuvoso e frio, em que o estado de saúde me debilita o corpo e enfraquece o espírito.
As semanas têm sido de uma luta que não quero considerar inglória por saber que existirá um momento em que vencerei os contratempos que a vida decidiu colocar no meu caminho.


Vários têm sido os momentos de desespero e irritação e algumas têm sido as lágrimas que caem sempre que penso se tudo não podia ser só um bocadinho mais fácil. Choro-as mais para me acalmar do que propriamente por tristeza. Não fico triste que a vida seja tão difícil, fico cansada e às vezes zangada, mas choro apenas de saudade das ilusões que não se comprovaram quando a realidade aconteceu.

Na verdade mudei o céu e a terra da minha vida, mas não me mudei a mim e às minhas circunstâncias e por isso sinto na carne o peso e a dureza de uma adaptação tão global, exigente e abrupta. E como a escolhi sinto-me ainda mais responsável por a levar a um lugar que eu considere bom para mim.


Sendo que não soube (e talvez ainda não saiba) encaixar-me nos outros de modo a fazer-  -me acompanhar nestes trajetos que descubro nos meus sonhos e no que me faz sentir eu, resolvo dentro de mim estes fracassos (uns dias com mais sucesso e outros com menos) e persiste, num lugar de mim, a ideia de que a dureza do processo não invalida o sucesso nesta busca de ser eu e ser feliz, comigo e em mim, independentemente do que outros possam ter definido como uma vida de sucesso ou de como avaliem as escolhas que fiz.


Não escolhi estar sozinha,mas não cabe na minha franqueza contentar-me com o que não me faz sentido ou calar-me perante o que me diminui ou não me acrescenta. Pago um preço alto por esta pretensão de querer ser livre para viver consoante acredito ser melhor para mim. É, no entanto, mais uma condição que nasceu comigo do que uma escolha consciente e ponderada.

Apesar da pressão diária de viver em espaços e em contextos que não me acolhem e com os quais não me consigo identificar, passo os dias numa tentativa constante de equilibrar o que posso fazer para melhorar e aceitar o que não posso mudar e procuro, por razões de saúde, distrair-me sempre que posso.

Descubro, com um sorriso nos lábios, o mesmo aroma de vela queimada, do chá acabado de fazer, as mesmas letras pretas em páginas brancas dos livros que não se perderam nas mudanças. Percebo que o coração se preenche com os mesmos mimos e as palavras de apoio das mesmas pessoas e que a luta me desgasta e magoa, mas que não me derruba ou modifica a minha capacidade de acreditar.

E assim, a cada regresso a casa, com o mar à minha direita, delicio-me com a sua beleza e inspiro-me na sua força e persistência, relaxo com o calor do sol na areia e deixo-me contagiar pelo espírito livre e descontraído dos surfistas no fim de tarde. 

Espalhados por todo o lado, ao lado dos carros a trocar de roupa, a passarem-se por água, a conversarem uns com os outros ou  sozinhos, são para mim o lembrete de que a vida passa e que por mais que se cresça interiormente, ela acabará e não muda nada levar as coisas demasiado a sério.

Tento, assim, encontrar-me com o destino que escolhi, obrigando-me a estacionar num desses parques de estacionamento à beira mar e sair do carro, sentindo o vento na pele e inspirando fundo. Talvez um dia, em vez de vir aqui largar o que não quero guardar, venha agradecer ao acaso. É nisto que penso quando decido cansar-me a caminhar.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Terceira Pessoa


Bastante perturbado, confuso e só para as pessoas que não se importam em ver um filme onde não acontece nada. 
Apesar disso eu gostei, mas é o meu tipo de filme.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

No coração do mar

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A minha super ex namorada



Divertido!

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Este não era o post agendado...

Há muito tempo que não escrevo nada diretamente aqui. O que escrevo tem ficado guardado durante uns dias. Depois revejo, pondero, edito e às  vezes publico e outras vezes não. Não sei explicar o que me leva a ponderar tanto o que partilhar sendo que o que me move aqui é  exatamente a partilha,  o deixar que do lado de lá se possa ver o que está por trás  de quem provavelmente está sentada numa esplanada ou com os pés na água.  Por quem aparentemente está  calmo e organizado.
Já encontrei muitas vezes um certo alento em textos de desconhecidos que não faço questão nenhuma de conhecer, mas que mostram o meu ponto de vista sobre tantas coisas que às  vezes não posso partilhar com ninguém por achar demasiado fora do quadrado.
E  é  esta ideia que me mantém por cá, embora tendo uma vida atribulada,  que me dá muito tema de escrita e que acabo por não partilhar por falta de coragem.
Os últimos meses tem sido o que parece um teste à  minha resistência e determinação. Teste onde tenho passado com um média positiva mas fraquinha e onde me sinto sempre ansiosa e a derrapar a cada nova etapa.
Tantos estados de espírito me têm acompanhado:  esperança, alegria, calma, sensação de regressar a "casa, saudade, receio, cansaço, estupefacção, irritação, sensação de não estar à  altura do desafio, vontade de voltar atrás. Não necessariamente por esta ordem e normalmente num antagonismo e confusão.
Lembro-me invariavelmente de uma frases que li em algum lado que dizia qualquer coisa como a tentação de desistir é  maior quanto mais perto se está  do sucesso. Também li em algum lado que as pessoas de sucesso são muitas vezes acima de tudo persistentes e que se superam a si mesmas.
Isto para mim fez sentido na altura. Lembro-me disso cada vez que sinto que quero desistir de tentar e deixar-me ficar à espera que a maré me leve. Interrogo-me se estarei perto do sucesso. Se me supero a mim mesma e um dia vou ficar feliz por isso.
É  possível. Tomei a minha decisão ciente da dificuldade acrescida a que me iria sujeitar. Achei que o fim compensaria a dureza do processo.
Agora já não sei. Agora acho (como em quase em todos os projetos com muito sucesso que desenvolvo) que não vou conseguir cumprir as metas, que as estratégias não foram bem delineadas, que fui demasiado ambiciosa nos objetivos. A auto avaliação intermédia que faço  aos meus projetos angustia-me sempre. Depois da sensação de fracasso, arregaço de novo as mangas e negocio comigo mesma o que pode não ser um mau resultado. Tento novas estratégias, mantenho o fio condutor e no fim ... os projetos dão bons frutos e alcançam  os resultados que esperava.
Espero que agora também seja assim. Embora nos nossos projetos de vida sejamos mais variável do que intervenientes e o controlo esteja longe. Espero, apesar dos pesadelos à  noite, que tudo corra pelo melhor e que daqui a uns meses quando me perguntarem como foi, eu responda só (e honestamente):
- Correu tudo bem!

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Sete dias sem fim



Às vezes é preciso voltar a casa para perceber que a vida... é imprevisível!

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A Maria, o Manel e o Michael

marta filipa costa
Fotografia de Marta Filipa Costa



Ontem, à hora de jantar

Miquito riu-se e anunciou pomposamente aos pais que, no dia seguinte, iam dar um passeio pela cidade.

- Não sejas tolo, filho. Agora nós irmos à cidade... Que ideia!

- Vamos à feira, mãe. À Feira de São Mateus. - encorajou Michael, embora a mãe não precisasse verdadeiramente de ser convencida.

Manuel não dizia nada. O prato de sopa vazio à sua frente dava-lhe um pretexto para ouvir toda a conversa, fingindo-se atento às notícias.

- Ainda ontem estive toda a tarde a ver a feira na televisão. Quando éramos mais novos ainda lá fomos, lembras-te, Manel? Andámos na montanha russa. Eu sempre gostei muito de andar de montanha russa. Até compramos uns chinelos. Ainda andavam por aí.

Como Manel não respondesse, o entusiasmo de Maria desapareceu por completo. Emudecida a conversa, começou a tirar a loiça da mesa.

- Amanhã vais andar de montanha russa comigo.-disse Michael, abraçando a mãe e dando-lhe um beijo.

A mãe riu-se interiormente e enquanto o afastava dizia:

- Oh,deixa-te disso. Estás maluco? Já não tenho idade para essas coisas.

O pai nada dizia, mas já fazia contas às horas que tinha que se levantar mais cedo para dar comida e tratar dos animais antes de tomar banho e sair para passear. Agora parecia ser moda ir à cidade durante a semana. Ainda na semana passada o Quim, saíra com a mulher e com as filhas todo o dia para a cidade. À tardinha, quando voltava das terras, tinha visto ainda a casa toda fechada e na entrada ainda não estava nenhum carro. Apostara uma camisa em como à hora de jantar ainda não estariam por casa. Confirmou as suas suspeitas quando, na manhã seguinte, o Quim só apareceu para tratar dos seus animais quando Manel já estava de regresso para a bucha da manhã. Só modernices... isso de ir à cidade e a de comer a meio da manhã. Mas a doutora disse ser indispensável e a Maria desde então deixava sempre preparada a refeição. Por isso comia e não pensava mais no assunto.

- Vou à associação. - anuncia Michael redondamente, uma vez o forte cheiro a perfume que antecedeu a sua entrada na cozinha caracterizavam estas suas saídas depois da hora de jantar.

- Levas a chave? Não quero ir deitar-me com a porta aberta. Pode haver perigo por já ser tão escuro.

- Não te preocupes, Maria, que à hora que ele volta já está a porta aberta outra vez. - comentou Manel.

Maria não disse mais nada porque queria evitar mais uma vez a conversa por causa das horas de chegada a casa do.filho. Coitado. Trabalhava tanto todo o ano. Lá longe. Sabe Deus passando necessidades. Frio e fome. Magrinho como andava não devia comer nada de jeito. Era justo que se divertiste no verão com as miúdas da aldeia. Podia ser que alguma lhe agradasse e que ele voltasse para a terra onde podia voltar a tomar conta dele.

- Vou pôr a jeito a camisa a azul e as calças de fato para amanhã. Não vais engraxar os sapatos?

- Olha agora! Era o que faltava: engraxar os sapatos para ir à cidade! Engraxei-os no domingo para ir à missa e é assim que mesmo vão. E eu vou levar a camisa vermelha. Estamos no verão e não vou usar uma camisa de manga comprida.

Maria nada disse. Aproximou-se da tábua de passar com a camisa vermelha e as calças. Ela própria vestiria o vestido de verão se a Manuela da retrosaria não lhe tivesse dito na semana passada que agora as senhoras da cidade só usam calças de ganga e blusas. Tinham comprado uns calções de ganga que quase lhe chegavam aos tornozelo. Não aguentava as calças compridas e apertadas e o seu Manel não a deixava usar nada que não ficasse quatro dedos abaixo do joelho. Levaria na mesma a blusa de domingo e o casaquito de malha, não fosse esfriar. Talvez devesse dar um jeito nas sandálias pretas que estavam cheia de pó porque da última vez que fora a mercearia estavam a fazer uns ladrilhos na casa do Ramiro e ficaram uma desgraça. Passou a roupa o mais depressa que pôde, pensando que os rins já não a largavam e que as dores da velhice são para aguentar.
Quando entrou na arrecadação para ir buscar a graxa, encontrou Manel que engraxava os sapatos e que quando a viu lhe disse:

- Deixa-as aí,mulher. Já te tomo conta disso.

E assim se foram deitar. E depois da atribulada manhã para os pais lá se levantou Michael que lhes tinha prometido um dia de passeio. Queria que os pais se orgulhassem dele. Que vissem pelas suas mãos o mundo lá fora e que soubessem como era esperto e bem relacionado.
Partiu a família da porta de casa no Fiat Punto branco quitado de Micael. Como se fossem ver o presidente. Com mal disfarçada emoção, sentou-se Manel no banco da frente do passageiro a maldizer a cor laranja das jantes, mas ao mesmo tempo orgulhoso pois tinha ouvido dizer que era moda agora os carros serem todos alterados.

A Maria, no banco de trás, só lhe faltava uma nora para lhe fazer companhia e a acalmar com um sorrisinho cúmplice de quem também está ansiosa pelo passeio.

Pelo caminho Michael levou os pais a uma barragem onde costumava ir com os rapazes da aldeia. Convenceu a mãe a sair do carro e a ir ver a água. Maria sentiu-se estranha no meio daquelas pessoas em fato que banho que se estendiam pela margem verde da barragem a apanhar sol, dormir ou ler o jornal. Viu muitas crianças na água e mantas, cadeiras e geleiras encostadas nas sombras das árvores.Tinha muito calor e a roupa era tanta em comparação aos outros que ficou quase a meio do caminho.

- Devíamos ter trazido o fato de banho.- desabafou num sussurro.

- Não sabias ter preparado os sacos ontem? - respondeu Michael bruscamente. Estava desiludido por não ter conseguido tirar o pai do carro e sentia agora a mãe tão incomodada como se lhe estivesse a fazer algum mal.

Maria parou e deixou o filho avançar até à água. Precisava de pensar no que tinha feito de errado, embora o próprio filho, habituado que estava àqueles lugares também estivesse vestido dos pés à cabeça. Não pensara que passeariam ali. Podia bem ter preparado um piquenique. Até tinham comprado na semana passada presunto do melhor lá na senhora Clara. Podia, mas não sabia que era preciso. E o fato de banho não tinha. O Manel tinha os calções que usava quando tomava o banho de mangueirada depois de tratar da terra, mas ela nunca tinha tido um fato de banho e dele também não tinha sentido falta.

Pensou com saudade na sua cozinha humilde. Na novela que estaria a dar na televisão. No descanso das pernas a seguir ao almoço e quase desejou não ter saído de casa, mas depois voltou a olhar para Miquito. O tempo tinha voado e tinha saudades dele. Aproximou-se dele, que voltava da beira da água. Parecia vir mais calmo.

- Sei de um restaurante bom para irmos almoçar.

Maria sorriu-lhe e, ao voltarem para o carro, avistaram Manel que à sombra de uma árvore os observava:

- Olha que este espaço está bem bonito...




Fotografia de Marta Filipa Costa

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Precisamos de falar....



Estranho, cheio de suspense, aterrador!

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A Boa Mentira

domingo, 16 de agosto de 2015

Maligna


Interessante para quem conhece, como eu, vários livros da autora numa fase mais madura e experiente.
Deixando já conhecer o seu universo fantástico e a exuberância  das suas histórias e personagens, tem uma construção  mais ingénua e menos disfarçada aos olhos do leitor o que não deixa de lhe conferir um interesse especial (como conferem todos os pequenos defeitos das coisas aparentemente perfeitas).
É  uma história mais doce e juvenil que se mistura com uma consciência  marcante de quem se considera predestinado à  condenação eterna.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Agora que bebo café sem açúcar... (2)


de Marta Filipa Costa


" O CONSELHEIRO
O velho que me olhava disse-me para viver livre.Livre de extremos e arrependimentos.Para não me agrilhoar a um trabalho, ao ócio, a uma pessoa ou à solidão. Mostrou-me um futuro de certeza e possibilidade. Não esperava ver sabedoria naquele rosto. Mas vi. E desviando o olhar do espelho decidi que talvez não fosse tarde para aceitar o conselho.
de Pedro Gonçalves Lucas Martins"



Não raras vezes ecoam dentro de nós as palavras que lemos ou ouvimos antes e não quisemos acreditar ou dar valor.
Talvez nenhum de nós seja, de fato, assim tão original que não redescubra o que outros já descobriram.
Isso não quer dizer que sejamos todos iguais. Antes semelhantes.
Não entre todos mas entre alguns.
T.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Pássaro Branco na nevasca

sábado, 8 de agosto de 2015

Agora que bebo café sem açucar...




" CADA DIA
Cada dia que passa não é o que se espera. Um cigarro abandonado nos dedos amarelados, o café fumegante, um rosto inerte, inexpressivo. Uma esplanada. A multidão que espera chegar a tempo, correndo ventoso pelas artérias entupidas da cidade cinzenta. Sentado espero mas não alcanço: o que espera esta gente? Mais um dia passa. Igual a tantos outros.
António Pedro da Silva de Castro "






De tempos em tempos invade-me uma sensação de insatisfação, desespero e tédio. 
Não sei como descrevê-la nem sei como lidar com ela.
Sei que vem do mais sincero e inteligente lugar do meu ser, que me aborrece, que pintalga tudo de cinza e mancha as cores arrumadinhas dos meus outros dias. 
Sei que vem da análise, da esperança esfomeada que teimo em ter. 
Sei que se espalha silenciosamente e de mansinho e que se desprende em pormenores que só o mais atento dos seres perceberá.
Normalmente suspiro, olho noutra direção, espero que passe. Ignoro as conclusões e volto a ordenar variáveis para analisar de novo. Não desisto de misturar tudo vezes sem conta em busca de um final feliz.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A tentar aproveitar as férias...

1601454_10152228600347899_1192398945_n

Para quem acorda de mau humor, ideias positivas ;)

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

As viúvas das quintas-feiras




Não sendo particularmente interessante ou escrito com um ponto de vista original, retrata o dia a dia  num condomínio de luxo. 
Fácil de ler, prende o leitor pelo início e pelo final.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Só te falta seres mulher



Não sei muito bem explicar porquê, mas gosto bastante desta música já há algum tempo. 
Gosto da veracidade que para mim se desprende a cada acorde, a cada música. Do tom de confidência e aceitação.
Existem sem dúvida situações que por muito que se queira não se podem alterar. Saber aceitar que existem e conseguir reconhecê-las pode facilitar muito a nossa relação com a vida e connosco próprios. Para mim esta canção lembra-me isso. Por muita doçura, vontade ou bem que se tenha numa intenção há coisas que faça-se o que se fizer nunca vão deixar de ser o que são.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Garota Exemplar...



Surpreende, cria dúvida, sendo tipicamente bonitinho. Eu gostei!

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Antes de dormir



Incrível. Do que nos fala, para o que nos alerta, o que nos faz pensar...
Elaborado de forma a criar impacto, fazer-se lembrado, arrepiar e até... fechar os olhos de medo!

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Simplesmente, acontece...



Tardes quentes de verão? Filmes leves e divertidos :)

quarta-feira, 15 de julho de 2015

O Teorema (K)atherine

image

Do mesmo autor de "A culpa é das estrelas" de que já falei aqui no blog não me desapontou. 
A escrita é leve e as personagens também. Juvenil mas pertinente, mostra-nos um conjunto de gente que é exatamente aquilo que é suposto ser e faz o que é suposto fazer.
Muito divertido e original nesta parte do teorema.

Fica uma ideia:

" É por isso qe as pessoas ficam fartas de ouvir as Pessoas Que São Deixadas queixarem-se dos seus problemas: ser deixado é previsível, repetitivo e aborrecido. Eles querem ficar amigos; nós sentimo-nos sufocados; as coisas revolvem à volta deles e nunca à nossa; e, depois, nós ficamos arrasados e eles ficam aliviados; acaba para eles e começa para nós. E, na mente de Colin, pelo menos, havia uma repetição muito profunda: todas as vezes, as Katherines o deixavam simplesmente porque não gostavam dele. Todas chegaram à mesmíssima conclusão acerca dele. Não era suficientemente fixe, nem bonito, nem esperto como esperavam - resumindo, não era suficientemente importante. E então acontecia-lhe outra vez e outra vez, até ficar aborrecido. No entanto, a monotonia não é sinónimo de indolor. No primeiro século da Era Comum, as autoridades romanas castigaram Santa Apolónia ao arrancarem-lhe e quebrarem-lhe todos os dentes, um a um, com um alicate. De vez em quando Colin pensava nisso em relação à monotonia de ser deixado: temos trinta e dois dentes. Depois de algum tempo, destruírem-nos todos os dentes pode tornar-se repetitivo, até mesmo aborrecido. Mas nunca deixa de doer."

"Acho que nunca preenchemos o nosso espaço perdido com a coisa que acabámos de perder. (...) Acho que os nossos pedaços perdidos nunca voltam a encaixar quando se perdem. (...) Foi isso que percebi: se, por algum motivo acabasse por ficar com ela, ela nunca preencheria o pedaço que perdê-la me causou."

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Joséphine



Divertido ;)

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Os perseguidos

image

Bastante original, fácil de ler. Uma história que nos lembra o valor da infância, da verdade e do direito a crescer.


quarta-feira, 8 de julho de 2015

I'm jealous....

terça-feira, 7 de julho de 2015

O que se encontra quando se arruma...

Duas dúzias de pequenas cabeças que se concentram na pintura de mais um desenho.
Desta vez a professora vai dar nota e é a última ficha que têm para fazer. Têm que ter cuidado para seguir as instruções.
Conversam em surdina uns com os outros comparando o que cada um entende do que a professora explicou que era para fazer. 
Sorrio. 
Pensam que estou a trabalhar, mas daqui do fundo da sala entretenho-me a olhá-los, simplesmente.
para mim sempre foram muito mais do que um elevado número de alunos. são gente, são vidas...
Alguns chegaram-me às mãos ainda sem nenhuma noção do que era a escola, queriam que os deixasse no meu colo durante o dia ou que me sentasse "à sua beira" (expressão que me fascina pelo carinho contido no modo como a expressam) enquanto resolviam os exercícios.
Durante alguns dias queriam apenas brincar e parecia-lhes impossível manterem-se sentados durante tanto tempo.
Os outros, mais velhos, olhavam-nos como se fossem doutro planeta. Como se não tivessem também eles feito o mesmo "filme" na época anterior.Difícil foi convencê-los que havia regras que já não tinham idade para desrespeitar...
Dias e dias chegaram a chorar e com as mães à porta a pedir à professora ajuda porque não queriam vir à escola.
Agora a sala é o seu espaço. Logo de manhã esperam, sozinhos, com alegria que a professora chegue para lhe entregarem os preciosos presentes  (flores que apanharam pelo caminho, desenhos, cartas, trabalhos que realizaram sozinhos com o que aprenderam nas aulas).
Muito barulhento e participativos é sempre necessário acalmá-los antes de começar (uma história costuma funcionar). 

Cinfães, junho de 2005

segunda-feira, 6 de julho de 2015

A Invenção da Mentira




Fiquei um bocadinho desiludida com o desenvolvimento da ideia da invenção da mentira, mas talvez esperasse demais do filme, uma vez que já tinha ouvido dizer muito bem dele. 
Apesar disso é um filme cheio de comédia, observações pertinentes e um romance inocente.

domingo, 5 de julho de 2015

Em rosa choque ;)

Quaker-Sopa-de

Depois do meu não partilhado, mas muito encorajador sucesso com a sopa de legumes e feijão verde da semana passada, fiquei tão orgulhosa da sopa desta semana: sopa de beterraba.

Tenho andado muito ocupada e, por isso, não tive paciência para tirar fotografia à minha, mas ficou mais rosa e por cima usei lascas de amêndoa que torrei.

Para quem gosta de beterraba (ou não, que eu já tinha experimentado e não tinha gostado) é muito fácil de fazer e muito light. É também muito atraente e serve-se fria, pelo que é ouro sobre azul.

Talvez tenha quebrado o feitiço de não conseguir fazer sopa. Têm ficado deliciosas, bonitas e com uma textura muito agradável ;)

sábado, 4 de julho de 2015

Noves fora um




Isto das pessoas é mesmo um entretenimento sem fim.
Basta não esperar nada e observar para ter pano e pano para histórias contar. Não que eu precise de muito para inventar histórias de vida às pessoas que não conheço e que encontro na rua...

Isto da percepção é mesmo algo individual e que cada um vê-se (ou ao que lhe pertence) como muito bem entende.
Uns ainda acham que têm permissão para discriminar positiva ou negativamente alguém de acordo com a sua cor (sim! pela primeira vez fui discriminada por ser branca), idade, estatuto profissional, estado civil (enfim... um pouco de tudo).
Outros vivem ainda em negação ou uma espécie de encantada fantasia onde a crise e as questões financeiras se rodeiam com vontades, "fechar de olhos" e palavras pomposas que usam para designar objetos, espaços ou situações que pessoas mais realistas teriam muita dificuldade em considerar certo.
Alguns vivem em preparação para o que os espera, entre obras, projetos, maquetes, compras, tabelas, agendas, livros e um ou outro copo de chá.
Existe quem não conheça o conceito de partilha, antecipação, sala, espaço, bonito, janelas...
Pessoas muito particulares e que me divertiram muito. A maioria sorridente, amável e confortável na sua pele.

De nove escolhemos um... não pessoas, mas espaços... a poucos minutos de ficar à beira mar plantado.

fotografia de Marta Filipa Costa

terça-feira, 30 de junho de 2015

Nova estação :)


Há muito na minha lista de tarefas (e da minha ajudante) finalmente conseguimos dar um ar mais leve ao blog. Espero também que seja mais fácil ler em todos os equipamentos. 
O meu agradecimento à Marta Filipa Costa que apesar dos 300 Km que nos separam teve a paciência para tentar fazer aquilo que eu tinha na minha cabeça e lhe fui explicando por mensagens.
Eu gostei muito do resultado final, embora esta 
mudança tenha coincidido com mais uma fase em que não consigo dar-lhe o devido uso. 
E vocês?



Fotografia de Marta Filipa Costa (telemóvel)

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Everyday



Há qualquer coisa nesta desorganização e na forma como se organizam as melodias e as vozes que me apaixona. Faz-me dançar. Gosto!

terça-feira, 16 de junho de 2015

A Arte Perdida de Guardar Segredos

Encantada que fiquei com este título, deixei-me namorar com o tom rosa sobre esverdeado ( que nesta única foto que encontrei não se vê) e convencer pelo preço apelativo. Apesar de ter muitos livros na prateleira de "Em espera para ser lido" decidi comprá-lo e assim que acabei o que estava a ler, passei-o à frente na fila, cheia de curiosidade que estava para saber do que se tratava.

Pois bem! Não era nada do que eu esperava!
Mas é uma história envolvente que nos leva daqui para um outro mundo (o que a mim me dá muito jeito para combater as insónias) e nos faz presentes em diálogos de um tempo que já não existe.

Esta história passa-se em Inglaterra , durante a recuperação do abalo social provocado pela segunda guerra mundial e tem a particularidade de falar do panorama musical antes da consagração de Elvis Presley. É delicioso, divertido, leve e tão caracteristicamente inglês do século passado.

"(...)
-Grava o Elvis Presly.
- Mas não o conhecemos. É um cantor qualquer que o tio Luke conheceu.
- Para mim chega.
- Mas afinal o que é que ele tem de mais?
- Tudo. Estás é com medo porque sabes muito bem que ele ainda é melhor do que o Johnnie.
- Claro que não é!
- Desculpa, Penelope, mas é verdade.
- Então porque não o ouvimos na rádio? Porque não vem ele tocar ao Palladium no próximo mês? - ouvi a minha voz ficar histérica, mas Inigo limitou-se a sorrir-me irritantemente, a agrupar as cartas na mão.
- Quando o Elvis Presçey for famoso, arruma com todos- afirmou sem sequer levantar a voz. - É tão simples como isso.
- Mostra-me uma fotografia e eu depois digo-te - ripostei.- Porque não acredito que possa parecer mais maravilhoso que o Johnnie
(...)
- O tio Luke diz que ele tem um ar esquisito.
- Esquisito é o que interessa. - bocejou Inigo.
(...)
Mas quem é que se vai lembrar do Elvis Presley daqui a vinte anos? - bradei - Ninguém! Mas todos se vão lembrar do Johnnie! Só o ouviste cantar quatro canções!
- Acredita no que quiseres - replicou Inigo - mas eu sei que o Elvis Presley tem qualquer coisa de diferente. Não sei dizer porquê ou como, mas sei. De certeza.
- Não estou a dizer que não gosto dele - admiti, contrariada, quando já íamos a subir para nos deitarmos - só que não se compara com o Jonhie.
- Claro que não se compara com o Johnnie - concordou Inigo- Não é comparável a ninguém. É o Elvis Presley. E chega."

domingo, 14 de junho de 2015

O primeiro da classe


Parece um tema muito recorrente por aqui, eu sei, mas este foi uma sugestão da minha mãe que estava na minha lista desde a páscoa.

Não deixando de ser mais uma história de alguém que soube dar a volta às adversidades, é um filme muito bem conseguido e divertido que pode ajudar-nos a relativizar várias questões.

Para quem interessam dramas e histórias de vida reais ou para quem simplesmente procura os efeitos de uma boa vitória ;)

sábado, 13 de junho de 2015

Coscuvilhices...

the wheels of dreaming by Loui Jover
Uma vez que me encontro uma vez mais de partida e se avizinha outra mudança de casa (sabe Deus para onde e ainda não pode desvendar) tenho tentado programar a minha preguiça, a dor dos meus pés no final do dia de trabalho e o mau humor geral que a situação me provoca para começarem a tratar das coisas chatas que envolve todo o processo.

Aquelas decisões que só eu posso tomar: encaixotar, decidir onde encaixotar, etiquetar, doar, deitar fora, gastar... Tarefas muito, muito, muito chatas, mas que, quando bem feitas dão muito jeito. Vou ficar muito contente comigo quando, em Abril decidir que quero um livro qualquer que já li ou um qualquer manual escolar me daria muito jeito para resolver uma situação e não tiver:
a) que procurar em todas as caixas;
b) desistir e arranjar outra solução porque já não o encontro que é o que acontece a quem deixa as caixas no norte e vive a vida no sul.
Como se percebe estou animadíssima (ou não).

Assim, na tentativa de proteger os meus documentos digitais, que são cada vez mais preciosos à medida que me despojo, literalmente, dos meus bens materiais, vou esperando minutos que me parecem intermináveis, para que o computador e a ligação à internet se dignem a fazer aquilo que quero.

Ouço música e olho pela janela. Na última meia hora, algumas coisas fizeram soar os alarmes da curiosidade na minha mente: porque motivo o aparelho de rega automática de relvado rega mais os carros que estão estacionados em frente do que o relvado? Porque motivo regam entre as quatro e as quatro e meia da tarde? Não era suposto regar numa hora de menos calor? O que leva os vizinhos do prédio da frente a terem, os seis, as persianas fechadas todo o dia? Deste lado do prédio já não bate o sol, estarão todos fora? Ou já não vive lá ninguém?

Sim, sei que coscuvilhar o que se passa na frente do meu prédio não faz parte das tarefas listadas no papel com bolinhos que tenho pendurado na parede à minha frente, mas... distraí-me com a demora do computador e já que estava à frente dele esta foi uma daquelas raras ocasiões em que a minha mente elabora e os dedos escrevem quase ao mesmo tempo.

Palavras de profundo conhecimento ou valorizado conforto? Não. Não me parece.
Ficam apenas como registo de como me aborrece ter que fazer o que não me apetece e como se distrai a minha mente está aborrecida ;)

Beijocas e bom sábado!

Imagem: The Wheels of dreaming by Loui Jover

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Vou continuar à espreita ;)

2012

Custa-me muito largar a tua mão e deixar-te para trás.
Quis sempre o melhor para ti, vasculhei em mim o melhor para te dar, lutei por ti, empurrei-te escada acima para que chegasses o mais alto possível.
Para ti esteve sempre o meu coração totalmente aberto, e a minha paciência e perspicácia a trabalhar. 
Às vezes revi-me em ti. Nos teus medos, nas tuas resistências, mas também nos teus esforços, na tua sensibilidade, na honestidade das tuas ações. 
Quis pegar-te ao colo muitas vezes e dizer-te que sabia que era difícil, mas mais forte do que isso foi sempre a minha vontade de que te pusesses à prova e que, com o tempo, pudesses sentir a maravilhosa sensação do sucesso, da vitória. 
Queria dar-te o prazer de conheceres a plenitude de te sentires realizado, de teres conseguido aperfeiçoar-te. 
Só por isso não pude, efetivamente, levar-te ao colo ou dar-te a mão. 
Mas embora não o tenha feito fisicamente, em nenhum momento deixei de o tentar fazer nos bastidores, de onde vi, com muito orgulho e emoção, a mudança da tua postura, do teu sorriso, da tua confiança.

Choro quando penso nesta despedida. Do adeus às conversas soltas, às gargalhadas, à cumplicidade que criámos nas lutas minuto a minuto. Sei que não facilitei, mas também sei que mesmo que não saibas expressá-lo, compreendes as minhas motivações e sentes o meu afeto.

Temo largar-te nas mãos de outra pessoa, mas sei que será sempre assim.
Eu sei que sou só uma etapa. Uma hipótese com tempo estabelecido. Uma janela na tua vida. 
Por isso a abro quer faça sol quer faça chuva, porque só tenho esse tempo e quero que o aproveites, ainda que depois ninguém volte a abrir a janela...

Apesar de racionalizar tão bem que não me pertences, parte de mim sente que te deixo na mão.
Que te empurrei no baloiço, te dei o poder de voar e que agora me afasto para não te ver cair.
Que é uma atitude egoísta, esta de me dar mais importância do que a ti.

Equilibro-me com dificuldade nestes pensamentos. 

Entrei neste jogo para mudar o mundo, queria influenciar pessoas, queria mudar pensamentos, mas foi o jogo que me mudou a mim.
Que me foi alertando para o que ainda é preciso fazer, me mostrou efetivamente tudo o que é preciso mudar.

Seja onde for, tu estarás sempre lá e eu estarei sempre contigo.
Pelo menos a minha energia e o bem que te quero e o quanto acredito que és capaz.
Mesmo que já não ouças a minha voz, podes ouvir-me dentro de ti. 
Escuta.
 Estarei a segredar-te que te animes e que te esforces. 
Tenho a certeza que chegas lá! 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Run



:) Palavras para quê?
Sempre na minha playlist ( agora renovada :))

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Sobre mim




Percebi que apesar de ter sempre gostado de escrever, no meu dia a dia sou muito mais de sorrisos, olhares e silêncios do que de palavras.
Sim, gosto de conversar e sim, gosto muito de silêncio.
Mas não é isso. É da minha forma de comunicar. 
Sou mais de expressões faciais, gestos e ações do que de palavras. 
Acho que confirmam melhor a intenção do que estou a dizer. Sinto falta disso quando escrevo mensagens ou e-mails e às vezes até uma ou outra publicação. Sinto falta de uma piscadela rápida ou de um sorriso cúmplice.
Estranho isto para quem sempre se safou tão bem a escrever...

segunda-feira, 18 de maio de 2015 Portugal

A deixar pequenas sementinhas...



 
  














































































Esta semana numa conversa telefónica daquela que tenho com aqueles amigos de anos e anos a quem digo tudo e verdadeiramente o que penso (o que normalmente não faço) falávamos de homossexualidade.

- Não consigo perceber. Nem imaginar, caramba!
- Pois a mim não me perturba nada. - respondi enquanto me ria - Não percebo o que é que pode ser tão confuso.
- sim, eu sei, mas tu tens uma mente muito à frente!

Sempre fui mente aberta e como já lhe conhecia a "estranheza" ri-me e disse que a maioria das pessoas são como eu, só para o espicaçar.  

- Mas pensa bem, nem é anatomicamente tão funcional.
- Dizes tu. E então? 
- Não sei. Faz-me mesmo confusão. Não é por serem diferentes. É porque não percebo. Há tanta mulher. Sete mulheres para um homem, vê só.
- Eu sei e sem querer julgar a tua opinião, acho que devias mesmo fazer um esforço por tentar ver as coisas de outra forma. Gostos são gostos, embora eu ache que isto é mais do que uma questão de gosto. Mas mesmo que fosse só gosto... Há quem goste de outras coisas e depois não é só por ser mais saudável comer maçã que não há quem só coma hamburguers.
- Realmente tu és demais! - ri-se - Só tu é que explicavas a coisa dessa forma. Há muitas maçãs... Pois, tens razão.
- A mim não me faz confusão nenhuma. Até tenho dificuldade em perceber o que te perturba, embora faça um esforço por saber que estás a ser sincero e que não maltratas ninguém apesar do que pensas.
- Ah, não, claro! Eu até vou ao café com eles e trabalho na boa com eles, mas não percebo. E depois são tão afetados.
- Não são nada! Há as pessoas que são e as que não são. Também há mulheres assim e outras que não são. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. E de resto também não te pões a imaginar o que os teus colegas de trabalho fazem quando estão com alguém, porque é que havias de o fazer com eles?
- Ui... Às vezes até ponho...
- Sim, estou a ver! Mas não devias. O que cada um faz da sua vida privada não nos diz respeito sejam quais forem as suas opções sexuais. Daí serem privadas.

Nada desta conversa foi novo e ambos conhecíamos previamente a posição do outro quando começamos a falar. Aliás, tentei não o recriminar pelo que estava a dizer, uma vez que só sendo realmente honesto comigo me dava a hipótese de deixar a semente da minha posição na cabeça dele.

O estranho é que quando desliguei o telefone dei por mim a pensar que de fato a falta de compreensão gera estranheza, afastamento e às vezes violência e que ao longo da minha vida sempre tinha visto as coisas a decorrerem assim.
Senti-me uma afortunada por desde miudinha me ser tão fácil aceitar o que era diferente e discriminado, mesmo sendo eu uma igual e bastante convencional até.

Quando eu andava na escola primária falava-se ainda muito da discriminação das pessoas de cor negra. Como vivia numa cidade do interior, as pessoas de cor eram muito poucas, mas as que conheci eram para mim simplesmente pessoas e nunca acreditei realmente que pudesse haver outra forma de as olhar. Só muito mais tarde é que percebi que essa discriminação era real e vivia dentro das pessoas com quem me relacionava. Com doze anos dizia que queria namorar uma pessoa de cor só para perturbar os meus amigos. Agora, por brincadeira, costumo dizer que foi por isso que não deu certo. Nunca cheguei a namorar nenhum.
Claro que esta é uma visão muito inocente do papel de cada um de nós na educação para a igualdade e que só neste comentário já estou a desrespeitar, mas na altura (e se calhar agora) já era bem mais do que a maioria conseguia aceitar.

Passado uns anos, agora com uma irmã mais nova que começa a partilhar os mesmos locais da "noite" comigo, um dos meus amigos perguntou-me o que faria se a minha irmã me aparecesse com uma namorada. 

Ri-me de verdade por estar mesmo a ver que a resposta que eu lhe ia dar não era de todo a que ele esperava até porque tem uma irmã pouco mais nova do que a minha. 

- Achava muito bem. Não vejo qual o problema. É algo que ainda não aconteceu na nossa família. Alguém vai ser o primeiro.
- Estás a falar a sério? Diz lá que não te fazia confusão veres a tua irmãzinha...

Voltei a sorrir e mordi o lábio tentando avaliar o quanto seria justo e adequado dizer-lhe. Embora o conhecesse há uma meia dúzia de anos era sempre num contexto de copos e era óbvio que não me conhecia assim tão bem. Também não é que ande por aí a manifestar a minha opinião a qualquer hora, pelo que optei pela versão ligeira. 

Olhei-o e abanei a cabeça de um lado para o outro sorrindo e pensando "Pequenina, pequenina esta cabecinha e esta visão." O que eu já esperaria de um rapaz que vi sempre vestir-se e comportar-se tal e qual como manda o figurino: simpático, engatatão, conversador, repetitivo, betinho, vazio, perfumado, consumista...

- Digamos que quando olho para a minha irmã não a vejo como a minha irmãzinha. Nunca vi. Para mim ela é uma pessoa independente da nossa relação. Tenho orgulho que as minhas irmãs sejam as pessoas que são, mas não porque são minhas irmãs.E se fosse esse o caminho dela posso garantir-te que não me fazia confusão nenhuma.
- Oh, dizes isso só para armar. Não acredito!- realmente desacreditando e até um pouco chateado como se eu estivesse a zombar dele por maldade. - Daqui a pouco também me vais dizer que pensas nisso para ti porque nenhum homem presta.

Sorri. Bebi um gole, apreciando a sua confusão. Um dia destes iria lembrar-se de novo desta conversa. Quem sabe a sementinha não criasse raiz...
- Não me parece que isso funcione assim.



A conclusão a que chego é que não são só as revistas e as redes sociais que repetem inúmeras vezes estes exemplos de discriminação e desrespeito. Apesar de tanto esclarecimento e comunicação entre países, civilizações e formas de estar, a sociedade continua muito exigente, fria e de costas voltadas para o que, naquele momento, lhe parece fora do estipulado. 


E isso acontece tanto para os homossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais, como para os solteiros, divorciados, sem filhos, magros, gordos, altos, baixos, deficientes motores, deficientes cognitivos, deficientes físicos, doentes mentais, doentes crónicos, religiosos, ateus, inteligentes, trabalhadores das obras, atiradiças, envergonhados...
Eu poderia continuar a lista porque o que me parece é que em dada situação, tudo pode ser estranho, diferente e posto em causa. 

Não sei o que faz uma pessoa aceitar que cada um de nós é diferente e que essa é a realidade, independentemente de alguns acharem bem e outros mal. É a realidade. 

Não sei o que faz com que a aceitação seja fácil e espontânea, mas sei que quando acontece, a vida se torna melhor para todos. 
Que se evitam as vidas duplas, as mentiras. que se todos pudessem ser mais sinceros, seríamos todos mais felizes.

Pense nisso na próxima vez que considerar algo estranho, pense primeiro em aceitar e depois decida se concorda ou não.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

maio, mês de esperança

IMG_9639



Tendo abril trazido consigo as esperadas chuvas e as decisões inesperadas, aguardo uma maio de esperança e de alguma ansiedade.

Confiante no vento quente que temos tidos ao anoitecer, alegre pelos raios do sol no corpo, mantenho a mente confiante de que a vida se prepara para dar novas cartas.
No meu jogo tenho alguns trunfos que podem não ser os mais altos, mas que valorizarei em jogadas de mestre ( um mestre cada vez mais paciente e sereno e por isso muito mais eficaz).

Das mão dos outros jogadores espero trunfos mais agressivos, jogadas igualmente eficazes, algumas poker faces (que na maioria não vão chegar a funcionar) e quem sabe alguns sorrisos cúmplices, porque nem só de adversários vive um jogo de cartas.
Mas é no baralho que está a minha esperança. Nele se guarda o desconhecido, o acaso, a carta que pode mudar tudo ou... tão somente mais e mais cartas que não sendo de especial interesse nos empurram para um equilibrar de emoções de modo a torná-las especiais.

Gosto disto:
- de transformar banalidades em itens especiais;
- de olhar para o desconhecido e vê-lo mais como um conjunto de hipóteses do que de entraves...


sábado, 18 de abril de 2015

Empurra a vida se ela não rebola!



Tal como prometido, a música que mais recentemente passei para a minha lista matinal.
Um pouco de doce, de calmaria e uma mensagem que tão profundamente partilho.

Também eu não aceito a derrota e prefiro cair do que viver sempre com medo.

Por coincidência, no fim de semana também vi num filme que a única coisa mais forte que o medo é a esperança.
Foi curioso por ter ter pensado mais ou menos isso durante a semana anterior.

Que tenho medo, que tenho sempre medo.
Que sofro fisicamente o perseguir das minhas vontades, mas que quando formulo o sonho ou a vontade não penso nisso.
A esperança em mim é sempre muito mais forte que o medo.

Foi uma característica minha da qual só me apercebi esta semana e que até me surpreendeu. 
Aliás, estas duas últimas semanas não têm sido mais do que surpreendentes revelações sobre mim e sobre o que os outros pensam sobre mim. 
Nunca pensei em mim ou me visualizei como alguém que luta pelo que quer.
Talvez as pessoas que efetivamente lutam não cheguem a pensar nisso.
 E ao refletir sobre isso apercebi-me que é uma das características que mais me impressiona nos outros.

Talvez esses outros tenham, afinal, tanto medo como eu.
E eu, tal como esses eles que eu admiro,
posso até cair, mas ninguém me pode acusar de me deixar vencer.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

E agora?



Na verdade não há por aí muitas coisas que me façam arrepiar. Ou se calhar até há, mas não as que habitualmente chamam a atenção aos outros ou pelo menos não aquelas que a maioria dos outros partilha comigo.

Já uma ou duas vezes me apercebi que uma das minhas mais produtivas fontes de inspiração é a música. Gosto de ouvir música enquanto ando aqui por casa nas tarefas domésticas e nos cuidados do corpo (juro que às vezes até me custa ter que ir tomar banho porque vou ficar sem música). Como não é nenhuma novidade a música (com letra ou sem ela) levam-me para o mesmo mundo para onde me levam os livros e os filmes que vejo - para a minha imparável mente . mas ao contrário destes o trabalho não está todo feito. Gosto de fazer o processo inverso de quem compõe uma letra ou escreve a letra da canção. gosto de lhes imaginar histórias, personagens, contextos.

As canções têm um efeito muito físico em mim (como em muitas outras pessoas) e essas sensações levam-me a criar os textos mais inesperados e a desenvolver ideias que nunca antes tinha pensado. Funcionam para mim como pessoas inteligentes com quem falar ( quem não tem cão caça com gato ;)

A maioria das vezes não tenho tempo para realmente escrever as ideias que tenho e por incrível que pareça há muitas muitas que me esqueço como se nunca as tivesse tido. Também é verdade que quase nunca partilho as canções de que mais gosto, porque gosto muito muito, mas por muito pouco tempo. Isto dos arrepios na pele é coisa muito passageira.

Vou tentar, no entanto, partilhar mais esta tão incrível forma de arte, por ser isso mesmo, algo que faz  faz com que sinta o meu próprio sangue correr. E se isso não merece uma partilha, o que merecerá.

Dito isto fica este exemplo, já não muito recente, mas foi o que me veio à cabeça como pensei no que partilhar.
Espero que gostem!


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Resumos


Não podia deixar de partilhar. É um blog que sigo há alguns anos e onde tenho encontrado muitas reflexões interessantes, muitas "conversas" hilariantes, muitos retratos de gente "estranha", mas essencialmente muita vida e muita verdade.

O link abaixo é tão simples que é espantoso. Leiam! Vão gostar!

http://naocompreendoasmulheres.blogspot.pt/2015/04/respostas-perguntas-inexistentes-300.html

sábado, 11 de abril de 2015

Voos de Borboleta



988e53bb92c4b1996c48fc76656f7eb9

Voos de borboletas em caixa de azul céu 
presos, amarrados, derrotados. 

Caixa de suave redondo e ternurento rosa, 
espaço onde cabem todo e qualquer sonho que ganhe asas no rasto brilhante do singelo voo…

Sorriso de suave rosa, 
seda onde quase sente os contornos das fadas que a pequena caixinha guarda em si. 

Escorre pelo cordão de ouro frio, 
o dedo fino da deusa 
que se amarra à preciosidade da fantasia 
de sentir a carícia que não existe.

Imagina-a nos contornos que desenha
na imensidão do tecido que não se enrugará.

sábado, 28 de março de 2015

Just because...



Acredito muito mais que o sucesso se ganha no nosso esforço do que no simples acaso, embora também acredite que muito do que recebemos não é o que pedimos (ou achamos que precisamos) porque nos perdemos entre medos, receios, dúvidas, tabus e convencionalismos... enfim... pudesse a nossa mente seguir uma linha reta entre o que queremos e o caminho para o alcançar e talvez todos fossemos mais felizes.

Ou talvez não. Talvez faça parte da diversão de estar vivo este descobrir outros quereres nos lugares para onde nos levam as nossas dúvidas.
Certo é que penso que ter um objetivo, um propósito ou um sonho (ou vários) ... os projetos de que se fala hoje com a mesma frequência do que de refeições, pode ser a distinção entre as pessoas que chegam lá (seja a que lado for) e aquelas que não saem do mesmo (embora verbalizem a sua insatisfação ou vontade de mudar).
Creio que na vontade está a ferramenta. Na vontade, na criatividade, na perspicácia e na maravilhosa capacidade que temos para estabelecer relações, imaginar cenários, arranjar soluções e sonhar.
Daqui nascem as ações, as fantásticas ou tão somente diferentes ideias que com empreendedorismo e persistência alguns põem em prática. Alguns vencem, alguns falham para depois vencer. O que conta verdadeiramente para a satisfação das pessoas é o processo: é o pensar, querer, agir e às vezes recuar. Saber planear, saber contornar e arriscar. Mais, muito ou só um bocadinho...

Assim, fica muito claro que acredito menos no poder do destino sobre nós, embora ache que existem forças (sorte, energias) que nos favorecem ou prejudicam sem que as conheçamos ou possamos controlar. São talvez o que habitualmente chamamos de acasos ou as coincidências, que a uns empurram e a outros atrasam, invariavelmente quase sempre a favor dos mesmos. Descansem-se, no entanto,  os que não consideram ter um favoritismo do acaso. Penso também que muito trabalho pode ajudar a comp ensar esta falta de sorte genética.



Apesar de todo este racionalismos dou por mim muitas vezes a cair sobre aparentes sinais que confirmamdo-se ou não, nos deixam na dúvida sobre que variáveis se cruzam naquele domínio das coisas que nenhum ser humano pode controlar.

Há poucos dias, vivi um desses momentos em que parte está nas mãos da nossa vontade e outra parte está no domínio do acaso, da sorte, do cruzamento de inúmeras variáveis que ninguém pode controlar.
E foi aí que me apercebi de que há, nesta coisa de deixar a vida entregue ao desconhecido, uma certa liberdade, suavidade e leveza e até uma inegável sensação de descanso e paz.

fotografia de Marta Filipa Costa

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Lado Lunar

momentos captados - miguel ângelo
Há dias que são assim como existentes apenas para servir de simples constatações da grandiosidade do meu lado lunar.
Espetacular, irresistível, magnâmico...
Que todos o temos não é novidade, principalmente para quem cresceu a ouvir o Lado Lunar de Rui Veloso, mas se ele é assim tão incapacitante em todos como em mim é que não sei.
É que o meu espanta-me a mim própria! Surpreende-me de cada vez pelo seu retorcido humor, pela sua impiedosa perspicácia.
Mostra-me facetas que não julgava conter, em que não me revejo, às quais não quero ceder.
Serve-se da antítese do Eu que acredito ser nos dias em que predomina o meu lado solar.
É nele que sou sempre demasiado impaciente, pequena, fraca, incapaz de ação que se faça grande, como um barco encalhado em areia, sem a liberdade do mar e sem a segurança da terra firme. 
Quando ele se faz presente, o mundo torna-se negro, frio, irritante e irremediavelmente previsível, condenado, construído no extremo da dor e da frustação, sem regra, sem princípios, sem valores.
É como um rei que vive em mim e que me governa sempre que o meu exército descansa. Preverso como um demónio, feroz como um animal, desesperado como um prisioneiro...


fotografia de Miguel Ângelo - "Momentos Captados"
Copyright © T&M
Design by Fearne