sábado, 31 de março de 2018

COMO VOS APROUVER!


"AS YOU LIKE IT - Como vos aprouver, 
chega divertida, profunda, cómica e apaixonada, tal como todo o processo de criação desta equipa absolutamente fantástica!" 
página de facebook Teatro Experimental de Cascais


Muitas outras críticas muito positivas e outras imagens apaixonantes aparecem  numa rápida pesquisa pela internet sobre a peça que se encontra em exibição até 29 de abril. (ver mais informação na página de facebook do teatro)


SINOPSE

"Como Vos Aprouver" é uma comédia que explora a natureza do amor. A reflexão que nos propõe é complexa; a comédia é composta por diferentes camadas, sendo propulsionada por um registo irónico omnipresente. Propõe ao leitor/público uma meditação sobre a natureza caótica da sexualidade humana e das leis que a regulamentam. E é precisamente neste ponto que a comédia é assombrada pela percepção do sentido trágico da vida. O registo de "Como Vos Aprouver" é cómico, mas as questões tratadas são bem sérias. A peça põe em causa convenções políticas, sociais e sexuais, coloca as personagens em situações de risco e sujeita-as a punições, sendo no final os problemas em parte resolvidos pela intervenção de um deus
.

O QUE ESPERAS?
 VAMOS?




imagem e sinopse da página  de facebook - TEATRO EXPERIMENTAL DE CASCAIS 




sexta-feira, 30 de março de 2018

Segundo Muelle, restaurante, Lisboa




      Assim como que perdido num qualquer cenário mistico do sec. XIX: cosmopolita, luminoso, confortável, bonito.
     Tal como se quer ainda antes de experimentar seja lá o que for.
     Serviço atencioso e discreto.
     Ementa super interessante: tão variada que a escolha só se torna possível perante a promessa de lá voltar mais vezes... muitas vezes.
    Nem a chuva ou o frio estragou o momento.
    A aguardar (ansiosamente) por uma oportunidade em momento de clima mais ameno.



quinta-feira, 29 de março de 2018

Liberdade, Liberdade!


segunda-feira, 26 de março de 2018

sobre o amor - Os homens que odeiam as mulheres



" Não tinha problemas com ... como amante. Havia obviamente uma atracção física. E ele nunca tentava reprimi-la.
  O problema dela era não conseguir interpretar o que sentia por ele. Nunca, desde o início da puberdade, baixara a guarda o suficiente para deixar alguém chegar tão perto como fizera com.... Para ser absolutamente franca, ele tinha a irritante habilidade de penetrar as suas defesas e de levá-la a falar de coisas pessoais e sentimentos privados. Apesar de ter juízo suficiente para ignorar a maior parte das perguntas dele, falava a respeito de si mesma de uma maneira que nunca, nem mesmo sob a ameaça de morte, alguma vez imaginara possível com outra pessoa qualquer. O que a fazia sentir-se nua e vulnerável à vontade dele. Ao mesmo tempo - quando o via dormir e o ouvia ressonar - sentia que nunca em toda a sua vida tivera tanta confiança noutro ser humano. Sabia com a certeza absoluta que nunca ... usaria o que sabia a respeito dela para a magoar.
(...)
   A um dado ponto da manhã do segundo do segundo dia, .... chegou a uma conclusão assustadora. Não fazia ideia de como acontecera nem de como ia lidar com aquilo. Pela primeira vez, estava apaixonada.
(...)aquilo ia ter que chegar a um fim. Não podia resultar. Para que precisava ele dela? Talvez ela fosse apenas uma maneira de passar o tempo enquanto esperava por alguém cuja vida não fosse uma porra de um ninho de ratos.
  O que ela compreendia era que o amor era esse momento em que o coração de uma pessoa parece que vai rebentar."

domingo, 25 de março de 2018

de outras primaveras


Tal como as borboletas, Emília sentia-se presa num casulo por demasiados meses, quando finalmente abriu as portadas da sua janela e foi presentada com o brilho de sol no vidro.
Sorriu pelo acalmar da saudade que sentia da luz, do azul, do chilrear.
Trocou as pantufas por uns sapatinhos coloridos e as mantas que a tinham envolvido por uma blusa de linho.
Como se na primeira vez na sua vida colocasse os pés fora de casa, inspirou calmamente o ar morno, deixou-se perfumar pelo aroma dos metais agora aquecidos, alegrou-se com o amarelo das flores silvestres que conseguia ver.
Caminhou, devagar, de olhos postos no contorno das nuvens brancas e leves.
Sentia como se lhe nascessem asas para poder bater os sonhos, as esperanças, os sorrisos para longe dali.
Esqueceu a dor do inverno, da tempestade.
Perdoou as lágrimas, o desgosto, a traição.
Prometeu tentar de novo e ser, desta vez, ainda mais feliz!
T. (03/2014)
vencedoor no concurso promovido pela EC. ON 14

sábado, 24 de março de 2018

no tempo do outro senhor... ou talvez não.


Porque é preciso conhecer, entender, relativizar, avaliar, depreender, rebuscar e proteger.
Ficam alguns apontamentos dos muitos que se poderiam realçar,


"
O alicerce da decisão
Tenho estudado alguma coisa do muito que me cumpria saber, não posso usufruir sobre tantos assuntos aquela deliciosa e descansada certeza em que bastantes espíritos, porque mais sagazes e menos exigentes, têm a felicidade de repousar. Mas, duvidando sempre da fraqueza da razão humana, também não vou ao ponto de não distinguir em muitíssimo casos a verdade do erro ou de dar a qualquer opinião, por mais absurda, o valor da contribuição valiosa para o progresso dos conhecimentos humanos ou para a boa marcha da opinião pública. Existe a verdade, simplesmente custa a encontrar, como os tesouros escondidos.
Ai do homem público cujo espírito fosse presa de eterna dúvida! Se é necessária a indiferença intelectual no decorrer da investigação científica, para a ação individual ou coletiva é indispensável a certeza, ponto de apoio do mando, alicerce da decisão.
Artigos (1930)

A crise da democracia
É natural que a crise da democracia, impossível de negar, se revele sob o aspeto de sucessivas crises políticas. Mas para quê jogar com as palavras? Quando a máquina se desarranja, frequentemente, por melhor eco e por mais vistosas engrenagens que possua, torna-se urgente pô-la de lado como um inútil. aproveitando-lhe, é claro, as inovações, tudo o que for suscetível de aplicar a outra máquina...
(...) Não é possível negar certas verdades e conquistas da democracia que são hoje indispensáveis à vida de todos os regimes. Mas os sistemas propriamente ditos, na sua inteireza, nascem, vivem e morrem como os homens. As escolas políticas e sociais são como escolas literárias. Esgotada a sua capacidade criativa, a sua flama, perdem a força, extinguem-se, depois de terem deixado a sua marca, o traço profundo da sua influência. Os próprios defensores da democracia procuram transigir com o espírito do seu tempo, confessando e admitindo a necessidade de modificar o sistema das suas ideias, de renovar os órgãos da democracia. Mas que propõem eles, afinal, para que se efetive essa renovação?
Medidas ridículas, que não se adaptam ao próprio sistema: ligeiras alterações no regulamento interno das câmaras, limitações no tempo do discurso, restrições no uso da palavra, etc, etc. Paliativos ingénuos que não resolvem nada, que pretendem, apenas, prolongar a pobre vida dum sistema agoniante... Negar a crise da democracia seria negar a evidência, o panorama político da nossa época...
Imprensa (1932)

Português sentimental e com horror à disciplina
Excessivamente sentimental, com horror à disciplina, individualista sem dar por isso, falho de espírito de continuidade e de tenacidade na acção. A própria facilidade de compreensão, diminuindo-lhe a necessidade de esforço, leva-o a estudar todos os assuntos pela rama, a confiar demasiado na espontaneidade e brilho da sua inteligência. Mas quando enquadrado, convenientemente dirigido, o português dá tudo quanto se quer...
Imprensa (1938)

A Ditadura é uma fórmula transitória
(...) sem dúvida que a ditadura, mesmo que considerada apenas como a concentração no Governo do poder de legislar, é uma fórmula política: mas não se pode afirmar que represente uma solução duradoura do problema político; ela é essencialmente uma fórmula transitória. Porque as ditaduras vastas vezes nascem do conflito entre a autoridade e os abusos da liberdade e, vulgarmente lançam mão de medidas repressivas da liberdade de reunião e da liberdade de imprensa.
(...)
E é em todo o caso um poder quase sem fiscalização, e este facto faz dela instrumento delicado que facilmente se gasta e de que facilmente se pode abusar. Por tal motivo, não é bom que a si mesma proponha a eternidade.
Discursos (1930)

Isto é ser pela democracia
(...) nós temos visto que a adulação das massa pela criação do "povo soberano" não deu ao povo, como agregado nacional, nem influência na marcha dos negócios públicos, nem aquilo de que o povo mais precisa - soberano ou não - que é ser bem governado. Nós temos visto que tanto se apregoam as belezas da igualdade e as vantagens da democracia, e tanto se desceu, exaltando-as, que se ia operando o nivelamento em baixo, contra o facto das desigualdades naturais, contra a legítima e necessária hierarquia dos valores numa sociedade bem ordenada.
(...) definir os direitos e garantias dos indivíduos e das suas colectividades, e estabelecê-los e defendê-los de tal modo que o Estado os não possa desconhecer e os cidadãos os não violem impunemente - isto é liberdade.
(...)
fomentar a riqueza geral para que a todos caiba ao menos o necessário multiplicar as instituições de assistência e educação que ajudem a elevar as massas populares à cultura, ao bem-estar, às altas situações de Nação e de Estado; manter não só abertos, mas acessíveis, todos os quadros à ascensão livre dos melhores valores sociais (...)

A necessidade duma reforma de instrução
(...) a grande maioria,  a quase totalidade, dos alunos que frequentam os nossos liceus, estão, no fim de sete ou mais anos de estudo, gastas as economias de seus pais, e alguns até o que legitimamente pertencia aos irmãos, absolutamente incapazes de por si ganharem a vida (...)

O desenvolvimento da razão
(...) a falta de originalidade dos nossos livros, e de tudo o que aprendemos, e de tudo o que sabemos e de tudo o que ensinamos; a pequena percentagem de verdadeiros sábios que o nosso povo fornece às ciências mormente experimentais; a falta de iniciativa e de independência intelectual fazem de nós apenas os eternos alfaiates da ideia (...)

Não se conduzem almas pelo medo
Não sei se ainda alguém pensa em conduzir almas pelo medo, sob a pressão terrorista de uma autoridade rígida. Mas profundas considerações cabalmente comprovadas pelos resultados práticos, devem, de há muito, ter feito cair, perante a consciência de todos os educadores, o mais falso e mais perigoso sistema educativo.
(...) Perante um coração de gelo, as almas são impenetráveis; evitam-no, não se lhe mostram tal como são; e a obra educativa ameaça malograr-se logo no seu começo.
A boa disposição da criança, a confiança, a familiaridade com que tratar o educador, e por ele for tratada, é o único meio em que pode ser estudado com verdade e precisão o mais oculto da sua alma."






sexta-feira, 23 de março de 2018

The SINNER T1


Incrivelmente viciante!


quinta-feira, 22 de março de 2018

da primavera


talvez a minha estação preferida quando se releva mais clara do que escura, mais seca do que molhada, mais amena do que bipolar.
gosto que os dias de luz sejam maiores, que a temperatura se suavize, que as cores se tornem mais variadas.
gosto quando de noite as ruas têm o perfume das flores novas, aroma intensificado pela humidade do final do dia.
gosto de voltar a sentir o calor dos raios de sol na pele.
gosto de ver a natureza dar a volta, renovar-se, pôr-se mais bonita, lutar para se libertar dos tons escuros e húmidos do inverno.
gosto de sentir que é tempo próprio para renovar, descobrir, criar e sair.
sim, sair, apesar de seja qual for a estação, continuar a adorar estar simplesmente no meu pequeno espaço confortável e silencioso.


imagem de marta filipa costa- também uma das minhas preferidas 

quarta-feira, 21 de março de 2018

Mr. PIP


Poderoso, cru, enternecedor como só uma pessoa se pode revelar.
Interligado, surpreendente, brilhante como só a vida pode ser.
Capaz de nos levar às lágrimas (pela doçura e pela crueldade) 
como muito poucas coisas conseguem fazer.


segunda-feira, 19 de março de 2018

Feliz Dia do Pai


um dia muito feliz para o meu 
(não exclusivo, mas ainda assim ÚNICO
PAI



sábado, 17 de março de 2018

Os Homens que Odeiam as Mulheres


Para quem aprecia uma história policial envolta num romance ou vice-versa (difícil decidir).
De leitura agradável e com algumas reviravoltas interessantes.
Fica um cheirinho e uma dica: procurem as versões de bolso!


" Violência doméstica. .. a expressão era tão banal. Para ela, assumira a forma de abusos constantes, pancadas na cabeça, empurrões, ameaças,  e ser atirada ao chão,  na cozinha. As explosões do marido eram inexplicáveis,  e os ataques quase nunca tão violentos que ficasse efetivamente magoada. Acabara por habituar-se.
Até ao dia em que ripostara e ele perdera completamente o controlo.

(...)

Procurar aqueles brutos armados de bastão e viseiras para apresentar queixa por assédio sexual? ... que ... lhe apalpara o peito? Qualquer agente olhando para os diminutos seios da queixosa,  consideraria o gesto altamente improvável. Apalpar o quê? E mesmo que tivesse de fato acontecido,  o que ela devia era estar orgulhosa por alguém se ter dado sequer ao incómodo.

(...)

Apesar de saber perfeitamente o que eram e para o que serviam os centros de apoio à mulher, nem sequer lhe passou pela cabeça recorrer a um deles. Os centros de apoio existiam,  a seu ver, para as vítimas, e ela nunca se veria a si mesma como uma vítima."

" Por um instante, ... teve a sensação do seu corpo e a sua alma a unirem-se. Tinha uma visão perfeita e conseguia distinguir cada grão de pó naquela cave. Tinha uma audição perfeita e registava cada respiração, cada restolhar de tecido, como se lhe entrassem nos ouvidos através de auscultadores, e apercebeu-se do odor do suor de ... e do cheiro a couro do blusão dela. Então, a ilusão desfez-se quando o sangue voltou a irrigar-lhe o cérebro."





sexta-feira, 16 de março de 2018

About Time






 Um filme doce, recheado, preciso.
 Um alerta, uma mão amiga, uma boa referência para quem se esforça por ser FELIZ.
A força das ligações que se criam no verdadeiro amor, na verdadeira entrega, na imprevisibilidade da vida, no aconchego do dia a dia.

quinta-feira, 15 de março de 2018

sobre isto de curtir a chuva

não sei quantas vezes já escrevi sobre isso de simplesmente parar para ouvir a chuva bater na janela, ver as gotas de água diluírem os limites da sua forma e escorrer pelo vidro. 
gosto quando chove tanto que é possível ver uma cortina de chuva.
gosto quando chove tão pouco que parece que as gotas são mais vapor que líquidas e tocam a nossa pele sem a sentirmos, como se fossemos pétalas de uma qualquer flor.
um dos meus mais simples e queridos prazeres.
não sei já quantas vezes escrevi sobre isso.
mas sempre que dou por mim embalada neste som, penso:
não foi o suficiente

quarta-feira, 14 de março de 2018

MORRER DE AMAR - pierre duchesne


Li-o por volta dos oito anos (ou antes disso) e nunca mais me esqueci dele.
Apressado, intenso, com uma simetria literária impressionante e tão original.

" O jovem corre... corre com todas as suas forças, corre como jamais correu na sua vida, corre, sem dúvida, como jamais voltará a correr. À sua volta Ruão está imóvel, deserta e sombria, com um imenso animal morto - ou como uma armadilha que se fechou. Ruão é um deserto; o Sena, um lago de chumbo. As pontas erguem, acima do rio, arcos inúteis. O céu lembra uma tampa, a abafar tudo. O jovem corre. Procura ar, de boca escancarada, e não sabe o que o sufoca. O campanário da catedral eleva-se como um jacto de pedras frias, a que corresponde na margem esquerda a torre de betão frio, iluminada como um farol deserto. Ruão está vazia. Atrás das janelas, dos portões, das portas, as pessoas dormem. É o 15 de Agosto. As pessoas jantaram e depois adormeceram, satisfeitas. Nem sequer se mexem,no seu sono, quando os passos precipitados do jovem ecoam nas ruelas desertas. Ressonam. O jovem corre cada vez mais depressa, como se quisesse recapturar o tempo. Mas isso é impossível, e ele não o ignora. Lágrimas inconscientes descem-lhe docemente ao longo do nariz e penetram-lhe na boca aberta. Abranda a corrida, sem fôlego. Danièle morreu."



imagem de Marta Filipa Costa

terça-feira, 13 de março de 2018

sometimes all we need is...


Let's share?





imagem em Pinterest

The Red Sparrow


Nota positiva para os planos, guarda-roupa.
Um filme cheio de tensão e surpresa.


segunda-feira, 12 de março de 2018

Trap - Zanibar Aliens


"Trap inside in the corner of my mind..."


sábado, 10 de março de 2018

Se se torna ódio, nunca foi amor.



Há momentos da nossa vida em que o futuro e o passado se misturam, sem que seja possível evitar que choquem, que se interliguem, que se destruam.
Apesar dos anos de afastamento, ela surpreendeu-se ao sentir as lágrimas que lhe escorriam pela face sob o olhar penetrante dele.
Lágrimas que não lhe tinha conseguido arrancar antes, apesar de toda a  dor, de toda a violência, de toda a desilusão que lhe provocou durante a sua vida em comum.
Naquela altura os seus olhos estiveram sempre secos, mesmo quando achou que não existiria um amanhã para ela, que não haveria um depois, que não conheceria nenhum outro instante a seguir àquele momento de desespero. E que isso iria ter tão pouca importância no decorrer da vida de todo um mundo. Não chorou. Não quis dar-lhe essa satisfação.
Quantas vezes pensou que tudo o que era e tinha conseguido, perder-se-ia sob o peso do corpo dele ou na intensidade do aperto das suas mãos? 

Nem chorou depois. Numa busca pela sobrevivência também não pôde chorar depois.
Mas chorava agora e doíam-lhe agora todas as dores como se tudo tivesse acontecido novamente, em sucessões rápidas de imagens, sem intervalo, sem desculpas, sem outro tempo se não o do terror.
As palavras … o olhar… a respiração... o cheiro.
Como se nada tivesse acontecido entretanto, como se não fosse já outra…

Continuava a sentir-se imóvel perante aquele olhar impenetrável, sentiu-se gelar quando lhe dirigiu ele lhe dirigiu a palavra. 
E atrás de um ele demasiado próxima, continuava, desfocada o decorrer da vida à sua volta: gestos impacientes de uns, sorrisos hipócritas de outros, lutas numa guerra que não parecia ter inocentes. Alguém a ouviria se gritasse, alguém lhe prestava atenção caso, desta vez, não tivesse oportunidade de gritar?
Ele afastou-se e ela desejou poder fazer o mesmo mas para longe dali. Longe! Queria apenas respirar um ar onde ninguém quisesse tramar ninguém.
Sentia-se profundamente enjoada quando se sentou, finalmente, no banco de jardim. Repor a verdade, fazer o que está certo foi o que a levou até ali. Já não tinha a certeza de haver regras. Já não tinha a certeza de ter valido a pena.

O corpo revoltava-se contra tanta podridão, tanta desistência…
Porque naquela nova história, as peças pareciam encaixar-se de uma forma maliciosa e doentia. Na sua história também teria sido assim?
Não queria fazer parte daquele mundo. 
Não fazia. Tinha sido apenas o destino a pregar-lhe uma partida e a fazê-la cruzar outra vez com aquele mal, aquelas vidas.
Nunca entenderia e continuava a sentir-se tremer.
Sentia-se mal, queria sair dali, mas não acreditava ter forças para se pôr de pé e seguir o seu caminho.
Olhou em volta. Não se via ninguém. 
Ninguém a quem pedir ajuda. Como sempre. Isolados. Sozinhos. Indefesos.

Fechou os olhos. Suspirou. Olhou o céu azul e levantou-se. Foi.
Para longe daquele lugar, para longe daquela voz, para longe daquele olhar.

    T.     
08/2006

imagem Pinterest

sexta-feira, 9 de março de 2018

Sonho de uma noite de verão



E quem consegue resistir a Shakespeare?

Para toda a família. 
Mais informações em 



imagem em notas&comentários

quinta-feira, 8 de março de 2018

disso do dia da mulher: i'm a queen!


Sim, sim, porque é só mais um truque comercial para fazer as pessoas comprar coisas e para nos fazer gastar dinheiro.

Sim, sim, porque onde é que está o dia do homem? 

Sim, sim, porque é só uma desculpa para se juntarem todas, fazerem ainda mais barulho do que habitualmente e para beberem até deixarem de pensar.

Sim, sim, porque querem a igualdade, mas depois têm um dia especial para elas.

Sim, sim, porque não posso deixar de vos dar alguma razão em algumas coisas, infelizmente. Pelo menos aquela razão fácil de senso comum e que se passa de boca em boca por ser tão fácil de compreender e memorizar.

Sim, sim, porque tantas mulheres sofreram no passado para agora sermos livres e termos, pelo menos em teoria, os mesmo direitos dos homens.

Sim, sim, porque existem tantas e tantas, mas mesmo tantas mulheres que não tiveram, têm e nunca vão ter a tua, hipócrita, mas ainda assim, privilegiada vida.

Sim, sim, porque a discriminação ainda existe quando:
- ganhas menos pelo mesmo trabalho
- não és escolhida para certo tipo de trabalho
- és escolhida para aquele trabalho
- existem cotas que obrigam os empregadores a escolher-te
- existem cotas que obrigam a que tenhas alguma oportunidade de ter voz
- tens que trabalham 3x mais e melhor para chegar ao mesmo sítio
- tens quem te ajude com os filhos e com a casa
- não vestes determinada peça de roupa porque expões demais o teu corpo e tens receio da consequência que isso pode ter
-  não dizes o que pensas porque tens medo da forma como te vão contrariar
- não fazes o que queres, porque não sabes o que isso vai dar a entender de ti
- alguém usa a altura, a força ou tão só, a maior caixa toráxica para te silenciar ou amedrontar
- tens medo de andar sozinha de noite ou correr em matas


Sim, sim, porque todos os dias, até mesmo a ti, te "roubam" mais um bocadinho.
Te "encostam à parede". 
Te vão empurrando, de forma velada, a um canto. 
Te baralham com um volume ensurdecedor de "Tu sabes lá!".
Te preparam para aceitar um mundo onde o Dia Internacional da Mulher não faça, sequer, sentido existir ( e não no bom sentido).

quarta-feira, 7 de março de 2018

OK ;)


terça-feira, 6 de março de 2018

The Post - a guerra secreta


Tantos pontos positivos só num filme?
Como eu gosto disso.
Brilhante trabalho dos atores principais, cuidada caracterização das personagens, 
guarda-roupa, objetos e hábitos de época.
Ritmo e tensão no ponto certo.
Realce ainda para os planos relacionados com o jornal. Fantásticos.
Ainda nos cinemas. 
Vale a pena ver.


Tira-nódoas de ortografia


Apoio a Familiares

Assim que as crianças "aprendem" todas as letras do alfabeto e as conjunções menos frequentes que se podem criar a partir delas (vulgarmente chamados de casos de leitura), chega o tormento dos erros ortográficos para as famílias ( e, na verdade, para alguns professores).

Não é alarmante que os alunos numa fase inicial da escrita (1.º e 2.º ano de escolaridade) escrevam com erros ortográficos, desde que este erros sejam coerentes. Escrever "o" em vez de "u" quando o som é o mesmo, por exemplo.

Com a exposição mais frequente às palavras e com a repetição ("copo escreve-se com "o" no fim, apesar de se ouvir "u"; muitas palavras que acabam com o som "u" se escrevem com "o", como é o caso de livro), assim como treinando a análise das palavras, da sua composição sonora e da forma como se escrevem, a criança vai memorizando, estabelecendo relações e escrevendo cada vez melhor.

É por isso que nestes anos iniciais de escolaridade, os professores recomendam muitas vezes a leitura de livros, o reconto de histórias, a leitura de etiquetas. Não é só porque ler livros faz parte da tradição, mas também porque (para além de outras competências) é uma forma lúdica de expor a criança a mais palavras. Se um adulto partilhar a atividade com ele, acresce o valor emocional da experiência e (como já referi algumas vezes) o sucesso da aprendizagem.

Não é necessário estar sempre a avaliar o que ficou, não é preciso estar a analisar palavra a palavra (às vezes estes processos são mais orgânicos do que pensamos). No bom senso reside sempre a melhor solução.

Para os que revelam mesmo mais dificuldade ou para as famílias que possam preferir atividades mais estruturadas, há muitas opções divertidas para fazer esta análise, aumentar o vocabulário e brincar com as palavras e os seus sons.

Ficam algumas ideias! (imagens recolhidas no Pinterest)

Importante: quando a criança está a contar uma história ou a tentar escrever qualquer coisa sozinha, vai querer escrever palavras dificeis que usa diariamente.
Não evite as palavras, não pressione para que sejam escritas corretamente.
Deixe a criança escrever o seu raciocínio e com calma mostre a palavras escrita da forma correta. Deixe que seja a própria criança a perceber o que escreveu errado.
Mesmo que erre muitas vezes as mesmas palavras, o processo é este e é na repetição que reside o segredo. Mas uma repetição contextualizada (por favor não a faça escrever 20 vezes a mesma palavra. É aborrecido e pouco funcional.)





                             
 

                                                          






















segunda-feira, 5 de março de 2018

The truth over the story - easily



We had a good thing going lately

Might not have always been a fairy tale

But you know and I know

That they ain't real


I'll take the truth over the story

You might have tried my patience lately

But I'm not about to let us fail

I'll  be the wind picking up your sail

But won't you do something for me?


Don't you tell me that it wasn't meant to be

Call it quits

Call it destiny

Just because it won't come easily

Doesn't mean we shouldn't try




domingo, 4 de março de 2018

O QUE VEMOS QUANDO LEMOS III



" Muito do que experenciamos quando lemos é uma sobreposição, ou uma substituição, de um tipo de sensação por outro: um acontecimento sinestésico. Um som é visto; uma cor é ouvida; uma visão é cheirada; etc. Quando menciono a passagem de um rio a vau, a sua "lama e sucção", o que quero dizer (e talvez aquilo que sentem) é o seu redemoinho, a frescura abaixo dos joelhos e os pés pesados...


Tateamos o nosso caminho através do mundo com o uso de analogias trans-sensoriaias (um sentido a descrever o outro), embora a maioria das nossas analogias sejam espaciais (como o futuro ser "em frente" e as notas de vibração rápida serem "altas"; estar feliz é estar "nas alturas" e estar triste é estar "em baixo"). Imaginamos que as histórias têm "linhas" e coordenamos valores, vales, clímaxes, como se os representássemos num gráfico, de um sentido incipiente para outro."

sexta-feira, 2 de março de 2018

INTIMIDADES - Joana Furtado e Jorge Gomes Ribeiro

O amor, o sentido da vida e a infidelidade
expostos numa comédia assertiva e acutilante, 
com o tom característico das reflexões de Woody Allen

"O Amor começou com uma explosão ou com a palavra de Deus? 
Se foi com a palavra de Deus será que foi sussurrada 
ou com um grito que ecoou até ao infinito do Cosmos. 
Só pode ter sido um grito!..."

A quem se aventurar prometo
 um espaço particular, 
um texto de humor inteligente e 
muitas e espontâneas gargalhadas ;)
                                                           

Se começar a enrolar, escreve ;)

quinta-feira, 1 de março de 2018

Talvez seja Amor...

Sabes aquelas alturas em que se divide o teu pensamento em tantas concretizações de ti que quase podias ser um caso de estudo de dissociação de personalidade, de esquizofrenia ou ser, tão somente, uma mente brilhante e obscura tal Fernando Pessoa?
Aqueles momentos em que procuras a definição desse turbilhão inconsistente e, ainda assim, constante?
Quando procuras compreender essa inquietude que te visita ainda antes de abrires os olhos e te acompanha até quando os voltas a fechar numa tentativa idiota de pausar o teu próprio, mas tão pouco domado, pensamento?
É quando andas, assim, à procura de uma palavra que te ajude a processar o que sentes que percebes que...
talvez seja Amor.
Que talvez o que sentes seja mesmo o verdadeiro significado da tão maltratada palavra Amor.
Sim.
Pode ser Amor.
Pode ser Amor, se te faz querer alguém muito para além do que é racional, se te feliz quando ela se aproxima, independentemente do quanto te possa destruir ou do quanto isso possa tão facilmente destruir todos os planos que cuidadosamente tinhas preparado para ti.
Pode mesmo ser Amor quando não páras de amar.
Nunca.
Nem mesmo quando todos te olham de lado e suspiram de irritação por não seguires os seus conselhos.
Pode mesmo ser Amor,  especialmente se nesses momentos te vês isolado no que os outros julgam ser teimosia, se para os outros o teu comportamento roça a loucura ou se todos se desesperam perante a tua incapacidade de desamar.
Pode mesmo ser Amor, quando não desistes.
Quando sentes que não te é permitido desistir.
Porque quando não é assim...
quando por algum motivo consegues... parar... ouvir... levar em conta o que os outros te aconselham... pesar os prós e os contras...  e desistir....
Quando consegues desistir, então não era Amor.
Era algo semelhante, mas era outra coisa qualquer: um outro sentimento, finito e descartável, pelo qual não vale a pena lutar.
O verdadeiro Amor não faz sentido nenhum e não se desfaz com nenhuma razão. Não se pode racionalizar a forma como o amor nos arrebata ou como se desapega de nós. É completamente irracional.
Mas, apesar disso, o Amor é o melhor que sabemos fazer.
O que nos torna humanos, o que nos eleva.
E é o que, no fim de tudo, acaba por nos salvar.




imagem Pinterest - rileyy


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