quinta-feira, 1 de março de 2018

Talvez seja Amor...

Sabes aquelas alturas em que se divide o teu pensamento em tantas concretizações de ti que quase podias ser um caso de estudo de dissociação de personalidade, de esquizofrenia ou ser, tão somente, uma mente brilhante e obscura tal Fernando Pessoa?
Aqueles momentos em que procuras a definição desse turbilhão inconsistente e, ainda assim, constante?
Quando procuras compreender essa inquietude que te visita ainda antes de abrires os olhos e te acompanha até quando os voltas a fechar numa tentativa idiota de pausar o teu próprio, mas tão pouco domado, pensamento?
É quando andas, assim, à procura de uma palavra que te ajude a processar o que sentes que percebes que...
talvez seja Amor.
Que talvez o que sentes seja mesmo o verdadeiro significado da tão maltratada palavra Amor.
Sim.
Pode ser Amor.
Pode ser Amor, se te faz querer alguém muito para além do que é racional, se te feliz quando ela se aproxima, independentemente do quanto te possa destruir ou do quanto isso possa tão facilmente destruir todos os planos que cuidadosamente tinhas preparado para ti.
Pode mesmo ser Amor quando não páras de amar.
Nunca.
Nem mesmo quando todos te olham de lado e suspiram de irritação por não seguires os seus conselhos.
Pode mesmo ser Amor,  especialmente se nesses momentos te vês isolado no que os outros julgam ser teimosia, se para os outros o teu comportamento roça a loucura ou se todos se desesperam perante a tua incapacidade de desamar.
Pode mesmo ser Amor, quando não desistes.
Quando sentes que não te é permitido desistir.
Porque quando não é assim...
quando por algum motivo consegues... parar... ouvir... levar em conta o que os outros te aconselham... pesar os prós e os contras...  e desistir....
Quando consegues desistir, então não era Amor.
Era algo semelhante, mas era outra coisa qualquer: um outro sentimento, finito e descartável, pelo qual não vale a pena lutar.
O verdadeiro Amor não faz sentido nenhum e não se desfaz com nenhuma razão. Não se pode racionalizar a forma como o amor nos arrebata ou como se desapega de nós. É completamente irracional.
Mas, apesar disso, o Amor é o melhor que sabemos fazer.
O que nos torna humanos, o que nos eleva.
E é o que, no fim de tudo, acaba por nos salvar.




imagem Pinterest - rileyy


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