Para quem aprecia uma história policial envolta num romance ou vice-versa (difícil decidir).
De leitura agradável e com algumas reviravoltas interessantes.
Fica um cheirinho e uma dica: procurem as versões de bolso!
" Violência doméstica. .. a expressão era tão banal. Para ela, assumira a forma de abusos constantes, pancadas na cabeça, empurrões, ameaças, e ser atirada ao chão, na cozinha. As explosões do marido eram inexplicáveis, e os ataques quase nunca tão violentos que ficasse efetivamente magoada. Acabara por habituar-se.
Até ao dia em que ripostara e ele perdera completamente o controlo.
(...)
Procurar aqueles brutos armados de bastão e viseiras para apresentar queixa por assédio sexual? ... que ... lhe apalpara o peito? Qualquer agente olhando para os diminutos seios da queixosa, consideraria o gesto altamente improvável. Apalpar o quê? E mesmo que tivesse de fato acontecido, o que ela devia era estar orgulhosa por alguém se ter dado sequer ao incómodo.
(...)
Apesar de saber perfeitamente o que eram e para o que serviam os centros de apoio à mulher, nem sequer lhe passou pela cabeça recorrer a um deles. Os centros de apoio existiam, a seu ver, para as vítimas, e ela nunca se veria a si mesma como uma vítima."
" Por um instante, ... teve a sensação do seu corpo e a sua alma a unirem-se. Tinha uma visão perfeita e conseguia distinguir cada grão de pó naquela cave. Tinha uma audição perfeita e registava cada respiração, cada restolhar de tecido, como se lhe entrassem nos ouvidos através de auscultadores, e apercebeu-se do odor do suor de ... e do cheiro a couro do blusão dela. Então, a ilusão desfez-se quando o sangue voltou a irrigar-lhe o cérebro."
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