sábado, 21 de março de 2020

Ao fim do sétimo dia descansamos... Porque a isso nos ordenaram!!!



Muitos terão sido já os textos, comentários, reflexões e mensagens inspiradoras ou manifestações de receios que se leram ou ouviram nestes tempos.
Eu, habituada que estou, por várias circunstâncias, a trabalhar em casa e a estar a produzir apesar de isolada e pouco controlada por outros, não me sobrou tempo para me dedicar aos meus hobbies ou para me entediar.
Apesar do horário exigente de trabalho, procurei mais informação e abri mais links de notícias do que costumo fazer. Li e reflecti. E também eu passei pelas impressões antagónicas de muitos: ter momentos em que parece que não está a acontecer nada lá fora ou ir à janela e cair-me a ficha com os espaços vazios e silenciosos, ou sair de casa para ir ao lixo e ter a sensação que se está em guerra.
Sim, por muitos outros motivos sinto que estamos em guerra. Eu que vivo confortavelmente e harmoniosamente num pequeno palácio que antes de tudo isto se imaginar construí para meu refúgio, também a mim me assusta o futuro, as medidas e esta impressionante sensação de que estamos num qualquer episódio de Black Mirror, Handmaids Tale, 3% ou Plataforma ou num filme de Mad Max, Sem Tempo ou qualquer um que retrate o início da segunda guerra mundial onde a liberdade é sorrateiramente retirada às pessoas, onde os direitos democráticos vai sendo distorcidos, onde há alguém com todo o poder de decidir a vida dos outros. Mundo em que somos escolhidos ou não escolhidos e onde nos dificultam ter e expressar opinião ou pensamento.
Sendo este um dos meus mais antigos e angustiantes receio como pessoa e como mulher, também eu, no meio das adaptações para ter comida e viver uma vida ocm limitações me aquietei e entristeci.
Refleti sobre a imprevisibilidade e a ironia desta situação, sobre o tempo e o que fazemos com ele, sobre as pessoas, sobre o capitalismo, sobre o avanço tecnológico.
Mas o que muito me tem tocado em Portugal é a nossa união, cumprimento e bondade. Multiplicam-se gestos simpáticos individuais para toda uma comunidade. Abriram-se mais os canais. Democratizaram-se, em certa medida, as circunstâncias e criam-se medidas para tentar proteger  o agudizar dos desequilíbrios sociais. São cadeias enormes que modificam logótipos para nos lembrar das medidas a termos em conta, são instituições culturais que nos abrem as suas portas, são movimentos locais que apoiam o vizinho do lado, são empresas que cedem produtos e outras que inventam.
Uma onda de criatividade e generosidade muito especial que espero que não seja esquecida quando está situação terminar e enfrentarmos todos um novo mundo, também ele cheio de desafios.
Hoje, depois de alguns momentos de ansiedade e tristeza, quando me deslocava para casa vi... primeiro tímido, um pequeno arco-íris. Eu que nem sou de tirar fotografias demorei uns minutos, mas depois disse "que se lixe. Vou ter que partilhar".
Foi enquanto pensei em partilhar para todos que do céu nos veio esta mensagem  de que vamos ficar bem, que ele se foi adensou, aproximou e ficou cada vez mais nítido e brilhante.
Não consegui captar nem a sua beleza nem a sua força, mas nunca tinha visto um arco-íris assim tão grande e tão definido e nem nunca consegui ver os dois lados ao mesmo tempo como hoje aconteceu.
Sinal de um deus (de quem um dia mais tarde  vos falarei) para me lembrar de que estamos bem. De que ficaremos bem, independentemente do que isso possa significar...
Fiquem confiantes também 🌈


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