segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Sorrateiramente...

gilda silva

Começa sempre tudo de forma tão simples, singela, silenciosa...

Leva-nos a refletir se as nossas opiniões e formas de estar são mesmo nossas, ou nos foram sendo incutidas através de estratégias de marketing psicológica e sociologicamente estudadas até ao ínfimo pormenor.

Não seremos quase todos nós, se não mesmo todos, em última instância, frágeis marionetas de cordinhas e pau, ao sabor da vontade de outros e das circunstâncias.

Não é um conceito novo ou uma constatação original, mas hoje apercebi-me uma vez mais de que a forma como gastamos a nossa vida depende quase exclusivamente da sociedade e dos costumes em que nos inserimos.

Tenho ouvido nos últimos dias, aqui e ali, psicólogos referirem-se à imaturidade geral da população adulta e das dificuldades gerais que existem em termos de relações pessoais na nossa sociedade. Tenho pensado nisso e hoje espantei-me com a facilidade com que dispensamos o contato com os outros no nosso dia a dia.
Primeiro foram os hipermercados, os self services, o levantar dinheiro na caixa automática, depois passámos a lidar com o nosso dinheiro através de ecrãs. Pagamos, compramos, gerimos por ecrãs, à distância, com atendimentos automáticos e códigos. 

Pagamos as estradas sem ver a cor do dinheiro que lá deixamos, temos máquinas que nos desejam Boa Viagem, fazemos autonomamente os nossos pagamentos no supermercado, encomendamos comida ao domicílio, fazemos compras pela internet.

Certíssimo que tudo isto é mais cómodo, mais rápido, mais privado, mais ajustável à vida de cada um, mas... não estaremos a exagerar?

Trabalhamos mais de um terço do nosso dia, dormimos outro terço e no que nos sobra gastamos pelo menos metade assim?!? 

Quando será normal agirmos como se fossemos um espécie de robots, quando começaremos a achar ridículo o tato, o cumprimentar?




Imagem na página Gilda Silva - facebook

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Cheiro a morno...


Adoro os dias de Outono em que 
sem ficar frio, fica assim fresquinho, 
cai chuva miudinha que não chega a molhar, 
 fica o aroma a morno no ar
E se reúnem todas as condições para continuar a sonhar...



                                                                                           Foto em www.joaocarmo.com 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Memória de peixe...

A maioria das vezes, estamos num determinado momento da nossa vida e receamos levemente virmo-nos a esquecer ou pelo menos a não conseguir recordar com nitidez todas as emoções e partes que compõem o todo de uma situação: o aroma, a textura, o ritmo cardíaco, o sorriso, a luz, a temperatura...

Quantos de nós já não pedimos em silêncio um recipiente mágico capaz de reservar algum momento ou alguma emoção do desgaste do tempo que passa e da vida que não se cansa de correr...

Tantas vezes...

Mas hoje, dei por mim a pensar que a vida talvez não fosse de todo entediante se não passássemos de peixes de aquário, entre o laranja e o encarnado... Com memórias curtíssimas... 

Pensei na possibilidade de começar a cada segundo uma vida nova, experimentar a cada dois segundos a primeira consciência da sensação da felicidade, de estar apaixonado, de comer sushi...

Ter, neste caso, a inevitável capacidade para nos maravilharmos incansavelmente exatamente com as mesmíssimas coisas.

Sei, bem demais até, que este pensamento não obedece às leis da lógica e que a falta de memória e da consciência do que vão sendo as nossas percepções da vida e dos outros, não nos permitiria apaixonar-nos ou deliciar-nos com um belíssima paisagem, mas pareceu-me igualmente ridícula esta nossa tendência para ter medo de esquecer, quando... o que verdadeiramente nos marca, fica gravado na pele e não no cérebro ;)

sábado, 21 de setembro de 2013

Achado :)

19 esposa (1)

Sempre achei a ideia de encontrar um livro perdido em algum lugar muito interessante, mas nunca me aconteceu...
Eu própria tenho muita dificuldade em abandonar assim um livro que tenha gostado...
Mas este, encontrei-o, numa estante, de certa forma abandonado, no 2.º dia de férias na praia.
Imaginei que se tratava de um daqueles livros sobre as dificuldades vividas pelas mulheres muçulmanas, acompanhado da descrição das (demasiado) bem conhecidas atrocidades contra elas cometidas...
Na verdade não aprecio particularmente esse tipo de livros, mas, naquele momento precisava de algo bem sensacionalista que conseguisse prender a minha atenção e resolvi lê-lo.
Apesar de o livro ter mais de quinhentas páginas e o meu prazo ser apenas de quatro dias, eu consegui lê-lo em três.
E, apesar de muitos livros já me terem passado pelas mãos, confirmei que... não se deve julgar antes de conhecer.
O livro é mais uma compilação de textos encontrados durante uma investigação jornalística e em nada se parece com o habitual relato da história do coitadinho. Inicia-se com um homicídio e desenrola-se à volta dessa história e de outra, passada alguns séculos antes, com outra esposa n.º 19.
Sendo o desfecho surpreendentemente concreto e original, os pormenores da vida diária que nos apresentam as várias personagens são também muito interessantes.
Escusado será dizer, claro, que gostei :)





quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Hi :)

 

Tendo vontade de não deixar morrer este espaço, não posso dizer que tenha verdadeiramente algo para partilhar.

O Verão levou-me de férias e o cansaço das experiências repetidas deixa-me, assim, pouco inspirada para escrever.
Ou para achar que vale a pena ser lida...
Tenho participado em outros projetos relacionados com outras áreas, a escrita tem surgido mais como uma tentativa de me compreender do que como forma de partilhar os meus pensamentos.
Já por diversas vezes escrevi que a maioria das coisas que penso não as quero partilhar, porque quero que as pessoas continuem a acreditar na felicidade, na claridade, na doçura.
Como eu própria continuo a acreditar... (pelo menos às vezes)...

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