Duas dúzias de pequenas cabeças que se concentram na pintura de mais um desenho.
Desta vez a professora vai dar nota e é a última ficha que têm para fazer. Têm que ter cuidado para seguir as instruções.
Conversam em surdina uns com os outros comparando o que cada um entende do que a professora explicou que era para fazer.
Sorrio.
Pensam que estou a trabalhar, mas daqui do fundo da sala entretenho-me a olhá-los, simplesmente.
para mim sempre foram muito mais do que um elevado número de alunos. são gente, são vidas...
Alguns chegaram-me às mãos ainda sem nenhuma noção do que era a escola, queriam que os deixasse no meu colo durante o dia ou que me sentasse "à sua beira" (expressão que me fascina pelo carinho contido no modo como a expressam) enquanto resolviam os exercícios.
Durante alguns dias queriam apenas brincar e parecia-lhes impossível manterem-se sentados durante tanto tempo.
Os outros, mais velhos, olhavam-nos como se fossem doutro planeta. Como se não tivessem também eles feito o mesmo "filme" na época anterior.Difícil foi convencê-los que havia regras que já não tinham idade para desrespeitar...
Dias e dias chegaram a chorar e com as mães à porta a pedir à professora ajuda porque não queriam vir à escola.
Agora a sala é o seu espaço. Logo de manhã esperam, sozinhos, com alegria que a professora chegue para lhe entregarem os preciosos presentes (flores que apanharam pelo caminho, desenhos, cartas, trabalhos que realizaram sozinhos com o que aprenderam nas aulas).
Muito barulhento e participativos é sempre necessário acalmá-los antes de começar (uma história costuma funcionar).
Cinfães, junho de 2005
terça-feira, 7 de julho de 2015
O que se encontra quando se arruma...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Enviar um comentário