sábado, 8 de agosto de 2015

Agora que bebo café sem açucar...




" CADA DIA
Cada dia que passa não é o que se espera. Um cigarro abandonado nos dedos amarelados, o café fumegante, um rosto inerte, inexpressivo. Uma esplanada. A multidão que espera chegar a tempo, correndo ventoso pelas artérias entupidas da cidade cinzenta. Sentado espero mas não alcanço: o que espera esta gente? Mais um dia passa. Igual a tantos outros.
António Pedro da Silva de Castro "






De tempos em tempos invade-me uma sensação de insatisfação, desespero e tédio. 
Não sei como descrevê-la nem sei como lidar com ela.
Sei que vem do mais sincero e inteligente lugar do meu ser, que me aborrece, que pintalga tudo de cinza e mancha as cores arrumadinhas dos meus outros dias. 
Sei que vem da análise, da esperança esfomeada que teimo em ter. 
Sei que se espalha silenciosamente e de mansinho e que se desprende em pormenores que só o mais atento dos seres perceberá.
Normalmente suspiro, olho noutra direção, espero que passe. Ignoro as conclusões e volto a ordenar variáveis para analisar de novo. Não desisto de misturar tudo vezes sem conta em busca de um final feliz.
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