Que me deixe florir
Que liberte o aroma das pétalas
Que saiba andar de jarra em jarra
De vaso em vaso
Sem ter medo de criar raízes
Se tal se proporcionar
Que crie espaço e pólen no meu interior
Para poder receber
Para ter o que oferecer
Que me saiba dar
E nos outros reconhecer
Que me alimente de mim mesma
Do que fui, do que quero ser
Que me envolva nos outros
na doçura, no querer
Que me voltem a encantar
Que os meus olhos tenham o que admirar
E que o brilho com que se vestem
seja o de voltar a acreditar
Tempo
Nunca se espera que todos os seres nasçam com o mesmo tempo de gestação ou que todos os frutos apareçam no Verão, por ser simplesmente o que queremos, o que nos é melhor, o que é mais "normal".
Deixamos que a natureza leve o seu tempo para se revelar, para se recompor. Não a apressamos, não a criticamos, não desistimos dela.
Damos-lhe crédito apesar das infindáveis noites de frio, as arrepiantes ventanias, os desconfortáveis dias de chuva, os tórridos almoços de Verão, os frutos apodrecidos, os galhos partidos... enfim, damos-lhe crédito e tempo.
Deixamos que recupere... devagar... uma e outra vez...
Deixamos que o tempo passe lentamente até que em terrenos negros surgem indícios verdes, fraquinhos, quase que deslocados.
Olhamos os milagres da natureza divididos entre a razão que nos aponta as evidências de que era assim que iria acontecer e a alma que se espanta com a maravilha dos renascimentos...
Ficamos felizes com o aparecimento da primeira folha na planta do vaso lá de casa, com as primeiras flores silvestres na beira da estrada, com o arco-íris, com as primeiras chuvas de Verão, com as tonalidades do Outono.
Não pressionámos, não apressámos. Ficámos felizes quando aconteceu.
Vivemos as nossas vidas adaptando os nossos hábitos à natureza que nos envolve.
Respeitamos e distanciamo-nos o suficiente para não lhe prestar demasiado cuidado.
Deixamos que leve o tempo que precisa para recuperar...
Deixamos que a natureza leve o seu tempo para se revelar, para se recompor. Não a apressamos, não a criticamos, não desistimos dela.
Damos-lhe crédito apesar das infindáveis noites de frio, as arrepiantes ventanias, os desconfortáveis dias de chuva, os tórridos almoços de Verão, os frutos apodrecidos, os galhos partidos... enfim, damos-lhe crédito e tempo.
Deixamos que recupere... devagar... uma e outra vez...
Deixamos que o tempo passe lentamente até que em terrenos negros surgem indícios verdes, fraquinhos, quase que deslocados.
Olhamos os milagres da natureza divididos entre a razão que nos aponta as evidências de que era assim que iria acontecer e a alma que se espanta com a maravilha dos renascimentos...
Ficamos felizes com o aparecimento da primeira folha na planta do vaso lá de casa, com as primeiras flores silvestres na beira da estrada, com o arco-íris, com as primeiras chuvas de Verão, com as tonalidades do Outono.
Não pressionámos, não apressámos. Ficámos felizes quando aconteceu.
Vivemos as nossas vidas adaptando os nossos hábitos à natureza que nos envolve.
Respeitamos e distanciamo-nos o suficiente para não lhe prestar demasiado cuidado.
Deixamos que leve o tempo que precisa para recuperar...
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Gravado em nostalgia
"...
Dizem que o tempo leva
Ele não te leva a ti
E eu que já lhe
pedi...
...
....
Se imaginei, amor, em ti
A minha utopia
Dizem que o tempo esquece
Ele gravou-te em nostalgia
E eu que já lhe disse
que não queria...
Mente-me...
....
...
E mato a sede na ilusão
De gostares de mim...
Eu sei que te esperei
Que te chamei nas horas vagas
E que até implorei
Quando disseste que não voltavas
Dizem que o orgulho esquece
A razão de tanto mágoa
Mas o meu esmorece
Por tua causa
...
...
Dizem que quem partiu acaba
por desaparecer...
....
...."
Carolina Deslandes
Dizem que o tempo leva
Ele não te leva a ti
E eu que já lhe
pedi...
...
....
Se imaginei, amor, em ti
A minha utopia
Dizem que o tempo esquece
Ele gravou-te em nostalgia
E eu que já lhe disse
que não queria...
Mente-me...
....
...
E mato a sede na ilusão
De gostares de mim...
Eu sei que te esperei
Que te chamei nas horas vagas
E que até implorei
Quando disseste que não voltavas
Dizem que o orgulho esquece
A razão de tanto mágoa
Mas o meu esmorece
Por tua causa
...
...
Dizem que quem partiu acaba
por desaparecer...
....
...."
Carolina Deslandes
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Ouvir conversas...
" - Pareces tão perdido...
- É este amor que me faz perder-me...
- Então, está errado, porque o Amor é suposto ser um encontro!"
Ouvi e concordei, por isso...partilho :)
- É este amor que me faz perder-me...
- Então, está errado, porque o Amor é suposto ser um encontro!"
Ouvi e concordei, por isso...partilho :)
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Awakenings (Despertares)
Um filme para todos aqueles que vivem exclusivamente num mundo aceitável, normalizado, igual...
Para quem, embora se esforce, não faz ideia de tipo de trabalho/ tarefas desempenham tantos técnicos especializados em instituições onde se recebem aqueles que não se conseguiram adaptar em mais lado nenhum.
Um filme redondo, completo:
-que reflete o dia a dia, o cansaço, a (des)esperança, o desconhecimento de quem lida com esta realidade todos os dias. Uma realidade a tal ponto disforme e paralela que se torna quase invisível, espectável, normal;
- que nos brinda com a genialidade dos outsiders, daqueles que ainda conseguem ver fora do "quadrado", da "caixa", aqueles que não percebem, não entendem, mas que procuram, que experimentam, que pesquisam, que se preocupam, que acreditam, que esperam o melhor;
- que nos emociona com os sucessos, com os olhares, com os sorrisos, com os sonhos de quem nunca pára de lutar, com a esperança de quem nunca deixa de acreditar, com a mudança de atitudes através do exemplo;
- que nos mostra o lado do fracasso, do retrocesso, das dúvidas de quem procurou, mas já não sabe se foi certo encontrar, os eternos duelos interiores sobre o que é mais correto, sobre o que é mais humano, sobre quem está certo ou está errado;
- que nos deixa uma mensagem clara de humanismo, em que o contato humano daqueles que ainda estão do lado "normal" se revela tão necessário, tão tranquilizador.
Este filme, que apanhei por acaso, relata muito do que é o meu dia a dia, mesmo passados mais de cinquenta anos e mesmo que o contexto não seja igual. As mesmas dúvidas, os mesmos dilemas, a mesma sensação de que tem que ser possível fazer mais, o mesmo acreditar que todas as pessoas são pessoas e que em todas elas existe algo que vale a pena estimular. Obviamente que o conhecimento agora é outro e os medicamentos também, mas a sensação e o dia a dia não são muito diferente, mesmo passado tanto tempo...
Por isso, para todos aqueles que eu sei que têm a bondade de querer perceber melhor, o filme passou ontem no AXN WHITE. É provável que volte a passar nos próximos dias. Para quem não tiver acesso, o filme também está disponível na internet.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Chover...
Adoro ouvir chover...
Na escuridão, proteção e silêncio das paredes da minha casa.
Fico assim, quieta, ouvindo o barulho da água a bater violentamente
no chão, nos carros, nos beirais, nos gradeamentos...
Vem assim, suave e pacificamente, a sensação de que o "pó" se foi
e que o "brilho" voltará a chegar.
Gosto muito, muito, de ouvir chover!!!
sábado, 12 de outubro de 2013
Pequeno núcleo de realidade paralela!
na fase de conceção e delineamento
dos projetos globais e específicos, fico assim
com a sensação dividida entre a dádiva e a satisfação,
por ter a capacidade de acreditar, visualizar, pôr em prática
e, dando crédito aos anos anteriores,
alcançar taxas significativas de sucesso
que se traduzem, literalmente,
em pessoas mais felizes e capazes.
Mesmo que só a nós nos interesse,
pequeno núcleo,
nesta realidade paralela em que vivemos,
para mim,
faz TODA a diferença!
Fotografia em abbytrysagain.typepad.com
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Peso nos ombros...
Estou tão fartinha de gente que não faz aquilo que lhe pagam para fazer...
Empatas, resistentes, despreocupados, incompetentes, lentos, insensíveis...
Sejam que tipo forem, que por não conseguirem ou simplesmente não quererem
deixam a sua função ao acaso e desmotivam esmagadoramente aqueles
que têm ainda a intenção de fazer alguma coisa
Desde os cargos de função prática aos de tomada de decisão
Seria muito pedir que realmente pensassem?!?!
Há dias em que penso que alguma coisa está muito mal neste reino:
Ou eu ou os outros
Para bem da minha sanidade mental
Ao acordar, esforço-me por pensar que o problema sou eu...
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Sorrateiramente...
Começa sempre tudo de forma tão simples, singela, silenciosa...
Leva-nos a refletir se as nossas opiniões e formas de estar são mesmo nossas, ou nos foram sendo incutidas através de estratégias de marketing psicológica e sociologicamente estudadas até ao ínfimo pormenor.
Não seremos quase todos nós, se não mesmo todos, em última instância, frágeis marionetas de cordinhas e pau, ao sabor da vontade de outros e das circunstâncias.
Não é um conceito novo ou uma constatação original, mas hoje apercebi-me uma vez mais de que a forma como gastamos a nossa vida depende quase exclusivamente da sociedade e dos costumes em que nos inserimos.
Tenho ouvido nos últimos dias, aqui e ali, psicólogos referirem-se à imaturidade geral da população adulta e das dificuldades gerais que existem em termos de relações pessoais na nossa sociedade. Tenho pensado nisso e hoje espantei-me com a facilidade com que dispensamos o contato com os outros no nosso dia a dia.
Primeiro foram os hipermercados, os self services, o levantar dinheiro na caixa automática, depois passámos a lidar com o nosso dinheiro através de ecrãs. Pagamos, compramos, gerimos por ecrãs, à distância, com atendimentos automáticos e códigos.
Pagamos as estradas sem ver a cor do dinheiro que lá deixamos, temos máquinas que nos desejam Boa Viagem, fazemos autonomamente os nossos pagamentos no supermercado, encomendamos comida ao domicílio, fazemos compras pela internet.
Certíssimo que tudo isto é mais cómodo, mais rápido, mais privado, mais ajustável à vida de cada um, mas... não estaremos a exagerar?
Trabalhamos mais de um terço do nosso dia, dormimos outro terço e no que nos sobra gastamos pelo menos metade assim?!?
Quando será normal agirmos como se fossemos um espécie de robots, quando começaremos a achar ridículo o tato, o cumprimentar?
Imagem na página Gilda Silva - facebook
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Cheiro a morno...
Adoro os dias de Outono em que
sem ficar frio, fica assim fresquinho,
cai chuva miudinha que não chega a molhar,
fica o aroma a morno no ar
E se reúnem todas as condições para continuar a sonhar...
Foto em www.joaocarmo.com
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Memória de peixe...
A maioria das vezes, estamos num determinado momento da nossa vida e receamos levemente virmo-nos a esquecer ou pelo menos a não conseguir recordar com nitidez todas as emoções e partes que compõem o todo de uma situação: o aroma, a textura, o ritmo cardíaco, o sorriso, a luz, a temperatura...
Quantos de nós já não pedimos em silêncio um recipiente mágico capaz de reservar algum momento ou alguma emoção do desgaste do tempo que passa e da vida que não se cansa de correr...
Tantas vezes...
Mas hoje, dei por mim a pensar que a vida talvez não fosse de todo entediante se não passássemos de peixes de aquário, entre o laranja e o encarnado... Com memórias curtíssimas...
Pensei na possibilidade de começar a cada segundo uma vida nova, experimentar a cada dois segundos a primeira consciência da sensação da felicidade, de estar apaixonado, de comer sushi...
Ter, neste caso, a inevitável capacidade para nos maravilharmos incansavelmente exatamente com as mesmíssimas coisas.
Sei, bem demais até, que este pensamento não obedece às leis da lógica e que a falta de memória e da consciência do que vão sendo as nossas percepções da vida e dos outros, não nos permitiria apaixonar-nos ou deliciar-nos com um belíssima paisagem, mas pareceu-me igualmente ridícula esta nossa tendência para ter medo de esquecer, quando... o que verdadeiramente nos marca, fica gravado na pele e não no cérebro ;)
sábado, 21 de setembro de 2013
Achado :)
Sempre achei a ideia de encontrar um livro perdido em algum lugar muito interessante, mas nunca me aconteceu...
Eu própria tenho muita dificuldade em abandonar assim um livro que tenha gostado...
Mas este, encontrei-o, numa estante, de certa forma abandonado, no 2.º dia de férias na praia.
Imaginei que se tratava de um daqueles livros sobre as dificuldades vividas pelas mulheres muçulmanas, acompanhado da descrição das (demasiado) bem conhecidas atrocidades contra elas cometidas...
Na verdade não aprecio particularmente esse tipo de livros, mas, naquele momento precisava de algo bem sensacionalista que conseguisse prender a minha atenção e resolvi lê-lo.
Apesar de o livro ter mais de quinhentas páginas e o meu prazo ser apenas de quatro dias, eu consegui lê-lo em três.
E, apesar de muitos livros já me terem passado pelas mãos, confirmei que... não se deve julgar antes de conhecer.
O livro é mais uma compilação de textos encontrados durante uma investigação jornalística e em nada se parece com o habitual relato da história do coitadinho. Inicia-se com um homicídio e desenrola-se à volta dessa história e de outra, passada alguns séculos antes, com outra esposa n.º 19.
Sendo o desfecho surpreendentemente concreto e original, os pormenores da vida diária que nos apresentam as várias personagens são também muito interessantes.
Escusado será dizer, claro, que gostei :)
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Hi :)
Tendo vontade de não deixar morrer este espaço, não posso dizer que tenha verdadeiramente algo para partilhar.
O Verão levou-me de férias e o cansaço das experiências repetidas deixa-me, assim, pouco inspirada para escrever.
Ou para achar que vale a pena ser lida...
Tenho participado em outros projetos relacionados com outras áreas, a escrita tem surgido mais como uma tentativa de me compreender do que como forma de partilhar os meus pensamentos.
Já por diversas vezes escrevi que a maioria das coisas que penso não as quero partilhar, porque quero que as pessoas continuem a acreditar na felicidade, na claridade, na doçura.
Como eu própria continuo a acreditar... (pelo menos às vezes)...
quarta-feira, 24 de julho de 2013
People :)
É por esta complexidade, esta riqueza, estas inúmeras possibilidades que continuo a adorar conhecer pessoas e relacionar-me com elas, seja em que contexto for...
imagem em Cantinho das Ideias
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Inesperado
Sempre que vais lavar as mãos e automaticamente olhas para o espelho, não te esqueças disso :)
sábado, 20 de julho de 2013
Positivismo
Mesmo que não aconteçam , a ti, vai-te parecer que sim, porque a realidade é, antes de mais, a percepção que tens daquilo que acontece. Se és dona(o) da tua vida, só tu podes decidir se queres ou não descobrir motivos para ser FELIZ :)
terça-feira, 16 de julho de 2013
Alterando...
Aqui está o brilho que nos atrai para um trabalho tão cansativo e tão pouco apreciado: a possibilidade de educar pessoas que um dia venham a entender a verdadeira essência do que é educar!!!
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Virtude Fácil...
Mais um filme para os finais de tarde dos......
.... dias da semana ;)
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Cartas de amor...
"
Ophelinha:
Agradeço a sua carta. Ella trouxe-me pena e allivio ao mesmo tempo. Pena, porque estas cousas fazem sempre pena; allivio, porque, na verdade, a unica solução é essa – o não prolongarmos mais uma situação que não tem já a justificação do amor, nem de uma parte nem de outra. Da minha, ao menos, fica uma estima profunda, uma amisade inalteravel. Não me nega a Ophelinha outro tanto, não é verdade?
Nem a Ophelinha, nem eu, temos culpa nisto. Só o Destino terá culpa, se o Destino fosse gente, a quem culpas se attribuissem.
O Tempo, que envelhece as faces e os cabellos, envelhece tambem, mas mais depressa ainda, as affeições violentas. A maioria da gente, porque é estupida, consegue não dar por isso, e julga que ainda ama porque contrahiu o habito de se sentir a amar. Se assim não fosse, não havia gente no
mundo. As creaturas superiores, porém, são privadas da possibilidade d’essa illusão, porque nem podem crer que o amor dure, nem, quando o sentem acabado, se enganam tomando por elle a estima, ou a gratidão, que elle deixou.
Estas cousas fazem soffrer, mas o soffrimento passa. Se a vida, que é tudo, passa por fim, como não hão de passar o amor e a dor, e todas as mais cousas, que não são mais que partes da vida?
Na sua carta é injusta para commigo, mas comprehendo e desculpo; decerto a escreveu com irritação, talvez mesmo com magua, mas a maioria da gente – homens ou mulheres – escreveria,no seu caso, num tom ainda mais acerbo, e em termos ainda mais injustos. Mas a Ophelinha tem um
feitio optimo, e mesmo a sua irritação não consegue ter maldade. Quando casar, se não tiver a felicidade que merece, por certo que não será sua a culpa.
Quanto a mim…
O amor passou. Mas conservo-lhe uma affeição inalteravel, e não esquecerei nunca -nunca, creia - nem a sua figurinha engraçada e os seus modos de pequenina, nem a sua ternura, a suadedicação, a sua indole amoravel. Pode ser que me engane, e que estas qualidades, que lhe attribúo,
fossem uma illusão minha; mas nem creio que fossem, nem, a terem sido, seria desprimor para mimque lh’as attribuisse.
Não sei o que quer que lhe devolva – cartas ou que mais. Eu preferia não lhe devolvernada, e conservar as suas cartinhas como memoria viva de um passado morto, como todos os passados; como alguma cousa de commovedor numa vida, como a minha, em que o progresso nos annos é par do progresso na infelicidade e na desillusão.
Peço que não faça como a gente vulgar, que é sempre reles; que não me volte a cara quando passe por si, nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor. Fiquemos, um perante o outro, como dois conhecidos desde a infancia, que se amaram um pouco quando meninos, e, embora na vida adulta sigam outras affeições e outros caminhos, conservam sempre, num escaninho da alma, a
memoria profunda do seu amor antigo e inutil.
Que isto de «outras affeições» e de «outros caminhos» é consigo, Ophelinha, e não commigo. O meu destino pertence a outra Lei, de cuja existencia a Ophelinha nem sabe, e está subordinado cada vez mais á obediência a Mestres que não permittem nem perdoam.
Não é necessário que comprehenda isto. Basta que me conserve com carinho na sua lembrança, como eu, inalteravelmente, a conservarei na minha.
Fernando
29/XI/1920
"
Fernando Pessoa
É sempre inacreditavelmente impressionante reparar que por mais que se mudem os tempos e as vontades, não há verdadeiramente mudanças naquilo que compõe o mundo "de verdade". Esta "companhia" e "compreensão" que se encontram para além das barreiras dos séculos e culturas faz-me sentir mais humana, mais apaziguada, mais tolerante.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
STOP!
Ser abanado pela vida. Sentir o coração parar. Não há ar, não há respirar, não há pensamento. Não há vida...
E no fragmento de segundo seguinte já há. É inevitável continuar após o choque, o impensável, o doloroso, o demais.
Aquele demais que por ser tão demais não tem solução.
A vida, o destino, uma entidade superior ou o tão somente badalado acaso põem alguns de nós à prova, alguma vez...algumas vezes... muitas...
Provas de fogo, inesperadas, impensáveis,nas nossas iludidas mentes, distantes.
Logo imediatamente no momento seguinte é preciso voltar a viver, respirar, ver, muitas vezes falar, andar e até, ironia do destino, pensar...
E todas essas capacidades reaparecem, renascem, capacitam o ser que sentimos como parado, confuso, imerso.
Até que a pouco e pouco começamos a emergir, a sorrir, a sentir-nos de novo e adaptamo-nos ao mundo que entretanto se modificou para nós, moldamo-nos, tacteamos os seus contornos e alguns de nós, os mais fantásticos, os mais ricos, os mais poderosos e evoluídos conseguem encontrar momentos de felicidade e vida onde tudo é aparentemente dor, desgraça, morte...
E a partir daí somos efetivamente mais fortes, mais completos, mais compreensivos, mais abrangentes, melhores...
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Ensaio sobre a cegueira
Primeira tarde de part-time desemprego?
Como continuo a ter emprego pude aproveitá-la tranquilamente a ver este filme, há muito em lista de espera...
Muito interessante !
sábado, 15 de junho de 2013
Páro e ouço...
Sempre que toca no meu leitor de audio páro para ouvir, cantar e ... ouvir outra vez ;)
quinta-feira, 13 de junho de 2013
I wish...
Sabes o que quero
Conheces o que preciso
Ajuda-me a olhar e ver
e o coração aberto manter
Para que aquilo que mais desejo
Possa finalmente acontecer :)
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Às almas com capacidade para se emocionar...
Cada vez mais aprecio profundamente as pessoas que se esforçam por encontrar algo que as faça sair da zona de conforto, do porto seguro, do que é convencionado como aceitável.
Admiro profundamente todos aqueles que perseguem os seus sonhos por mais irrealistas que pareçam e por mais sacrifícios mundanos que tenham que fazer.
São estas as pessoas que nos fazem sonhar, aprender a acreditar, que nos servem de exemplo, que nos lembram que o capitalismo e o conformismo não são as únicas formas de viver.
São elas que nos servem de ombro amigo quando nos reconhecemos a sentir mais, a querer mais e a fazer mais que os comuns mortais e somos criticados por isso.
São elas, que simplesmente por existirem ajudam a construir um mundo diferente.
De mim, um sincero e enorme obrigada :)
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Olha que coisa mais linda...
Depois de chover faz sol, mesmo que a terra ainda esteja molhada
Depois do Verão chega o Outono, mesmo que as florestas se mantenham secas
Depois das coisas tristes chegam as alegres, mesmo que o corpo ainda doa da tensão
Hoje, no final da manhã, enquanto ensaiava (a muito custo e cheia de dores) uma marcha popular chegou-me uma encomenda do ninho da minha energia (Viseu)
Adorei, minha querida Margarida!
O livro "Maria, a alegria na diferença" é simplesmente encantador e faz-me tanto lembrar um aluno de quem acabei mesmo agora de me despedir.
As dedicatórias são preciosas e tão escondidinhas que tive que folhear o livro três vezes para as encontrar a todas.
As fotos com um brilho tão inspirador são um pormenor muito ao teu jeito.
E como se tudo isto não fosse só em si fantástico ainda as bolachinhas de aveia e baunilha e o chá branco. Adivinhaste ou já sabias que adoro bolachas de aveia e que o chá branco é o meu preferido?
Agradeço do fundo do coração teres pensado neste miminho e teres sido tão atenciosa (como sempre). Imprimes-te assim nos nossos corações com esse sorrisinho e estes gestos de carinho.
Quando o mundo passa por ti também se ilumina com essa tua graça e cuidado.
Beijo grande com saudade :)
A música é para pôr a tocar todos os dias. Queremos Margaridas sempre lindas e animadas ;)
sábado, 25 de maio de 2013
Simplicidade...
Em vários aspetos da minha vida descobri que aprecio a simplicidade... tal como a aparente simplicidade destas melodias... Gosto :)
quinta-feira, 23 de maio de 2013
:)
Tenho lido imensas críticas a muitos blogs e páginas e perfis sobre os seus conteúdos e sobre a exposição a que submetem a sua vida privada.
Sempre escrevi tudo o que me apeteceu.
Nunca tive diários, mas sempre tive caderninhos e blocos que, em geral, não mostrava a ninguém por não ver em ninguém a necessidade de os ler.
Partilhar o que escrevo é um gesto tão natural para mim como realmente pensar aquilo que escrevo. Partilhar com um mundo, pequeno, grande, partilhar com quem quiser ler é simplesmente largar as palavras e deixá-las à toa.
Só há pouco tempo comecei a repensar o que publicar, o que limita largamente o gozo da experiência. Racionalmente tenho alguma esperança de que alguém se sinta menos só, estranho ou incompreendido a ler as coisas que partilho. Esse sim era um verdadeiro sentido para este impulso.
De resto, creio que as pessoas que me conhecem bem sabem que coexistem pacificamente várias facetas no meu dia a dia, personalidade e na vida.
Não sou só aquilo que escrevo, sendo isso bom ou mau.
Sou muitas, sou humores, dias difíceis, dias de paz, solidão, brincadeira, família, trabalho, política, desporto...
Não estou triste quando o post é mais íntimo, não mando recados para ninguém e não sou fútil porque partilho "coisas de mulheres".
Tudo são apenas sugestões, coisas que me agradam e que acho que vão agradar a outros, reflexões, coisas que me vão na cabeça e que largo aqui para poder recomeçar, pensar de novo, viver...
Não percebo bem esta obcessão com a privacidade, aliás tenho dúvidas desta definição de privacidade...
Por isso, por hoje, partilho esta minha opinião e posso adiantar que estou calma, em paz e embrenhada em inúmeros mini-projetos pessoais.
Beijos para todos os que me visitam.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Sábado à noite
Para as meninas Bela, Cátia e Margarida, o núcleo duro, não das Sextas, mas do Sábado à noite...
Quando ouço esta lembro-me de vocês e das chegadas a casa com os passarinhos a cantar ;)
Beijos
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Por luares e luares de prata e ouro...
Por luares e luares de prata e ouro,
fervilha, vezes sem conta, a marca de ti
no interior do meu ser
Se repete a irrefletida inconsequência
De te reconhecer e não querer ver
De perder, afundar, nãoser
Por milhares de raios abrasadores
se me arrefece a alma, o sentir
Pela certeza de ter sido leme, motor, reboque
De ter sido tudo no nada que
cruelmente fingiste oferecer
Por muitas estações que passem
Remanescerá a mágoa de não
haver regresso, retorno, cola
para quem se deu e não foi recebido
para quem foi jogado ao vento do acaso
e não sabe em que mar se procurar
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Projeto Dramático
Este vai ser o Projeto Final de um dos grupos de Expressão Dramática.
Curiosos? Eu estou muito empolgada!
Espero que eles também gostem :)
MAMA BEAR...
Mais um Dia da Mãe...
Gostava de a "mimar" com um post bonitinho e verdadeiro como me lembro de me surgir na ideia para o Dia do Pai.
Mas os post do Dia do Pai não foram premeditados.
Surgiram entre uma música, um pedaço de livro ou uma imagem que vi num local qualquer no próprio dia ou num dia próximo...
Gostava que o mesmo tivesse acontecido para o Dia da Mãe.
Passei a tarde a ouvir música e até fiz um "goggle" desesperado e premeditado com "Dia da Mãe" à procura de inspiração.
Evidentemente por estes primeiros parágrafos que tal não resultou, como nunca resulta forçar a escrita quando o cérebro ou a alma não tem nada de particular para partilhar sobre um qualquer assunto.
No entanto, isto levou-me a pensar num outro motivo, para além da simples coincidência, para isto acontecer.
Na verdade, a minha mãe contenta-se com pouco, mas não é uma pessoa assim tão fácil de agradar. Seja pelo seu gosto decidido ou pelo fato de a conhecer bem não seria uma qualquer imagem cheia de corações ou laçarotes que iriam ter impacto.Poderia ser algo rosa... Poderia ser uma musiquinha em português...
Também poderia ser um textinho mais arrumadinho do que este, mas na verdade é difícil escrever sobre quem nos pertence e a quem pertencemos intrinsecamente como nos pertencem os membros do nosso próprio corpo.
Todos sabemos que damos mais valor às coisas quando as não temos e às vezes as palavras mais verdadeiras e bonitas aparecem da fragilidade que sentimos num breve pensamento da perda.
Mas como perceber o que se sentiria ao perder algo que nos é tão crucial como uma perna, a visão ou a fala?
Por muito que todos consigamos antecipar a dolorosa experiência, dificil será antever o que se sentiria.
Acho que é exatamente isto que me acontece em relação à minha mãe.
Quando penso nela é como uma parte de mim que levo para todo lado sem que me pese e que ao mesmo tempo está sempre lá no mesmo sítio onde sei que posso voltar.
É apenas uma pessoa mas que se torna um lugar, uma espécie de refúgio onde tudo pode melhorar, demore o tempo que demorar.
Assim, simplesmente como aparece a chuva, o vento ou o sol. Sem festas na cabeça ou demasiadas palavras. Há um equilíbrio natural entre o que é silenciado e o partilhado no meio das conversas mais banais.
É sempre reconfortante saber que se pode recorrer à mãe, ao conselho da mãe, à ideia da mãe.
Por isso, mesmo desta maneira meio torcida, digo que gosto muito de ti, para além do tempo, da distância, dos ralhetes e das coisas em que não concordamos totalmente.
UM BEIJO GRANDE PARA TI, MÃE!
sábado, 20 de abril de 2013
das frustrações de quem quer mudar o mundo...
É a vida! Sim, é mesmo!
Ela lá decorre e com ela traz experiências e situações que se transformam em obstáculos, que para ultrapassar nos consomem tempo e energia.
Depois de ultrapassados lambemos as feridas num cantinho e recuperamos energia para continuar a viagem de cara alegre, sorriso rasgado à beleza do dia e os olhos brilhantes de expetativa.
"Agora nada mais nos pode afetar"- pensamos.
Mas, assim que novamente somos postos à prova, descobrimos que não somos assim tão exigentes, tão imparciais, tão distanciados, tão racionais.
Que quem se empenha, dá-se e que quem se dá sofre quando dar-se não é ou não foi o suficiente.
Confrontados com a dureza do quebrar dos afetos do dia a dia, aqueles que cuidamos no acaso, na exigência, no contrariar, sentimo-nos enfraquecer.
Aqueles afetos que não queremos julgar fortes ou importantes e que se constroem em nós às escondidas de nós mesmos, desnorteam a nossa mente, surgem quando desaparecem e apesar de termos a intenção de nos manter racionalmente afastados, o fracasso da nossa ajuda faz-nos perder o norte, a confiança e voltamos a sentir a necessidade de voltar ao ninho, de buscar de novo o nosso centro, o nosso propósito, o nosso equilíbrio.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
A chá :)
Quando a vida nos dá "limões" não reclamamos que são ácidos ou amargos. Fazemos limonada, chá, temperamos a carne e o peixe...
Por isso não reclamo, embora esteja saturada de "limões".
Passo por cá quando tiver algo doce para partilhar ;)
Por isso não reclamo, embora esteja saturada de "limões".
Passo por cá quando tiver algo doce para partilhar ;)
sábado, 13 de abril de 2013
PAZ
Há uns dias ouvi numa entrevista televisiva uma mulher mais velha dizer que nunca nos conhecemos a nós próprios, mas que é preciso tempo para nos conhecermos.
Já, obviamente, tinha chegado à conclusão que as diferentes vivências que o nosso quotidiano nos permite fazer do tempo influenciam o nosso conhecimento de nós próprios e a motivação que temos para nos descobrir, encontrar e definir...
Às vezes estas descobertas encontram-nos nos momentos mais ocupados. A vida, o destino ou o tempo têm formas muito elaboradas de nos mostrarem o que, acredito, nos faz falta ou precisamos de aprender e foi assim, não sei explicar como, que percebi que encontrei a paz, à qual reconheço um muito mais elevado valor...
Este sentir de que tudo está bem assim, o não sentir pesos e pedras e escuridão encafuados em recantos escuros onde se alojam os meus pensamentos e vivências, deixa-me respirar profundamente e sem culpas, medos, pressas ou preguiças, como se tivesse criado uma relação de confiança com o acaso em que nada do que possa acontecer possa ser mau...
Ilusória, a minha razão também mo diz, mas extremamente agradável e radiosa esta sensação (à falta de uma melhor palavra para descrever isto) de que o melhor ainda está para vir e virá, indiscutivelmente, porque apenas se encontra à espera de que siga o caminho para lá chegar...
Imagem em cantinho das cumadinhas e da poesia
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Não importa quando...
We can be happy any time :)
imagem de renker iyidir
Black Ballon
Muito interessante e atraente. O filme retrata o dia a dia de uma família com um filho com autismo, realçando a posição dos irmãos, muitas vezes esquecidos nesta problemática.
Não consegui encontrar em trailer legendado, mas o filme está disponível na internet e revela aspetos muito realistas associados aos jovens com esta problemática.
Recomendo :)
segunda-feira, 8 de abril de 2013
só se aprende, experimentando...
Contrariando a nossa vontade de avisar, proteger, antever, evitar... cada pessoa só pode verdadeiramente viver se cometer os seus próprios erros, sofrer as suas próprias derrotas e se vir obrigada a encontrar dentro de si o ponto mágico onde tudo volta a fazer sentido outra vez :)
sábado, 6 de abril de 2013
Se o tempo pudesse voltar atrás
Dificil...
Recordar, reparar, imaginar os "ses" e as possibilidades de tornar tudo diferente e melhor...
Repetidas vezes, entregámos já o espírito a este jogo sem vencedor onde o retrocesso impossível torna ilusoriamente possível uma inúmera quantidade de diferentes passados...
De diferentes construções do eu, nuances de personalidade nunca experimentadas, mas apetecíveis, neste terreno seguro de possível não ser mais...
Para que serve, de que vale (se é que vale alguma coisa), fica ao critério do tempo e da capacidade de análise de cada um e do momento em que reflete sobre isso...
A verdade é que, como diz a canção " enquanto quebro não parto" e "enquanto choro não morro" (ou qualquer coisa assim parecida) e parece haver almas atormentadas, pela extrema sensibilidade no sentir, que atravessam momentos em que só este cruel jogo parece vida e só este exercício as mantém por cá... entre mundos...até estarem curadas o suficiente para voltar...
sábado, 30 de março de 2013
O levantar-se já vem incluído...
" Estou contente pela enorme pilha de louça por lavar que me espera amanhã de manhã (...) uma espécie de penitência.(...) Afinal, sempre estou um bocadinho triste esta noite. Mas fui eu a querer essas carícias. O querido, e ele que tinha a intenção de levar uma vida casta durante muitas semanas. (...) E foi então que apareceu uma bravia "rapariga (...). Mas essa aproximação física repentina parte de mim através de uma "proximidade espiritual" e por isso mesmo sempre é correcta. E o que retiro disto? Mais uma vez, tristeza. E um entendimento de que não consigo expressar em abraços o que sinto por alguém. (...) Creio que prefiro ver a boca dele ao longe e desejá-la do que possui-la sobre a minha. Em momentos muito raros isso traz-me uma espécie de felicidade (...). E agora durmo ao lado do Han, por pura tristeza. Tudo isto é muito caótico.
(...)
Aparentemente encontro-me num período de florescimento (...). Há um ano atrás estava mesmo moribunda, (...) era mesmo de meter medo, quando penso nisso. Esta noite folheámos algumas páginas destes cadernos. Para mim tornou-se verdadeiramente "literatura clássica", parecem-me tão distantes todos os problemas que eu tinha nesse tempo. Foi uma caminhada difícil (...) No meu reino interior reinam a paz e o sossego. Foi na verdade um caminho difícil. Agora tudo parece simples e óbvio. (...) Neste momento presente, algo enfraquecida, cansada, triste e não completamente satisfeita comigo própria, (...). Todavia o meu temperamento ainda faz demasiadas vezes o que quer, ainda não está em harmonia com o meu espírito. Porventura creio que existe em mim a necessidade de harmonia, igualmente aqui. E contudo acredito cada vez menos num só homem para o meu corpo e para a minha alma.
Mas a minha tristeza não é como a de antigamente. Não me vou abaixo tão profundamente. Na tristeza, o levantar-se já vem incluído."
Hetty Hillesum
7 de janeiro de 1942, quarta-feira, às 8 horas da noite
É o único livro que depois de lido e relido, continuo a abrir para ler. Em cada folha marcada renovo o meu espanto pela simplicidade e intemporalidade das palavras, dos temas, do sentir.
Não escolho o que escrevo. É o que calha naquele dia, mas não me parece despropositado.
sexta-feira, 29 de março de 2013
Refletir... Analisar... Expressar-se
"Ninguém é tão mau como o pintam" foi um programa fictício estilo Oprah ou Ellen ou até Tardes de Júlia, porque não? Neste imaginado programa os "maus da fita" das histórias tradicionais submetiam-se a perguntas do público e tentavam dar justificações para os seus atos que não a pura maldade.
Quando apresentei este jogo dramático pela primeira vez, os alunos "maus da fita" não compreenderam bem o que se pretendia e os alunos do público também não.
Quando apresentei este jogo dramático pela primeira vez, os alunos "maus da fita" não compreenderam bem o que se pretendia e os alunos do público também não.
Deixei passar uns dias e voltámos a repetir exercício com outras personagens, desta vez escrito (pela primeira vez escrito). Assegurando não descontar os erros ortográficos e as construções sintáticas, acenando com magníficos pontos para o sistema de créditos, consegui que todos acedessem fazer...
Diversões durante a correcção:
A madrasta não deixou a Cinderela ir ao baile e rasgou-lhe o vestido, porque...
"ela era muito magra e o vestido ficava-lhe muito largo"
"estava com sono e não sabia o que fazia."
"rasgou o vestido porque ia fazer um muito melhor." / "estava a fazer um novo modelo"
"não a deixou ir ao baile porque era preciso cartão de crédito e ela não tinha."
"tranquei a Cinderela na cave para lhe fazer uma surpresa"
" A Anastacia já estava apaixonada e queria casar com o príncipe"
"A Cinderela era má para as minhas filhas"
"não queria que a Cinderela se perdesse, fosse roubada, que a matassem"
"porque eu tinha uma doença cardíaca e estava quase a morrer"
(turma dos rebeldes)
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"já tinha namorado e era melhor ficar em casa"
"não podia deixar a casa sozinha"
"porque se atrasou no trabalho"
"porque a Cinderela estava doente"
(outra turma)
A madrasta obrigava a Cinderela a trabalhar porque...
"não tinha dinheiro para contratar empregadas"
"os empregados não prestavam"
"ela não queria dar comer ao Xavier"
(turma dos rebeldes)
O Lobo Mau na história dos Três Porquinhos destruiu as casas dos porquinhos, porque...
"também precisava de uma."
"estava a soprar as casas porque estava com falta de ar."
" estava a brincar com eles"
"fiz uma partida"
"estava maluco"
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"o lobo sofria de uma doença de fome"
"precisava de três porquinhos para irem trabalhar"
O melhor, vindo do rebelde na turma dos bem comportados:
" O lobo mau arrombou as casas dos dois porquinhos porque acabou com a namorada e por isso só suspirou e arrombou as duas casas e só não arrombou a do terceiro porquinho porque era de tijolos e o terceiro porquinho gozou com ele por ele não ter arrombado a casa dele. Provocou-me e por isso eu entrei pela chaminé, mas ele era esperto e acendeu a lareira. Eu caí da chaminé e queimei o rabo e fui a correr para casa a chorar e pronto."
Des(amar)...
Há uns dias atrás vi esta mensagem numa página e espantei-me com a empatia imediata que tive com ela.
Só não concordo com a última frase. Este não é o lado mais triste do amor.
O lado mais triste do amor é a mentira e o desperdício de nós próprios num outro que nem nunca existiu a não ser aos nossos olhos. A parte mais dura do amor é sentir o interior despedaçar-se e implodir sem certeza de que se vá regenerar.
O lado mais triste do amor é fingir que se mantém um leve chama de esperança na recuperação, apenas porque sem tal fingimento não há caminho para percorrer e seria perder demais perder mais um bocadinho que fosse.
Sentir que se deixou de estar preso, iludido, marcado não é o lado mais triste do amor, é a liberdade em des(amar) aquele que nunca nos mereceu e esperar, verdadeiramente, voltar a Ser, sem cicatrizes...
terça-feira, 26 de março de 2013
Somos todos diferentes...
Não consegui encontrar um trailer legendado em português, mas acho que as imagens dizem quase tudo.
O filme é longo, mas divertido e vale a pena ver (nem que seja por partes).
Procurem no youtube pelo filme completo em português.
É um bom programa de Páscoa para os miúdos com mais de 8 anos, com o devido acompanhamento.
segunda-feira, 25 de março de 2013
Heroínas...
Para todas as mães e avós prendadas que lêem este blog.
Façam-lhes as delícias das férias da Páscoa. Boa sorte :)
Foto in Mulheres com Conteúdo
domingo, 24 de março de 2013
Improbabilidades...
Qual é a probabilidade de ir pôr o lixo doméstico no contentor e encontrar.....
ROSAS VERMELHAS ?!?!
Deve ser menos de um, mas foi o que aconteceu ontem...
Cheiravam a peixe... mas isso é só um pormenor! ;)
sexta-feira, 22 de março de 2013
Fazer sorrir...
Todos nós temos dias de trabalho maçadores, esgotantes, difíceis, desmotivantes...
Por mais que se goste da função que se desempenha, acho impossível em que não existam dias em que se suspira de forma audível, se fecha os olhos e se espera por milésimos de segundo estar num outro sítio qualquer, a fazer outro género de coisa e ter um botão de pausa no jogo para voltar a colocar os bonequinhos todos no sítio, voltar a pô-los todos organizados emocionalmente e voltar a jogar, respirando calmamente.
Eu também tenho destes dias. Em que no final do dia de trabalho tenho a sensação de ter estado sempre a repetir as mesmas coisas, a levantar a voz, a ameaçar com o olhar, a não sorrir...
Mas felizmente que existem momentos, para mim não tão poucos como isso, que nos fazem sorrir e às vezes mesmo rir com um outro, quer ele compreenda ou não a piada da mesma forma do que nós.
Hoje foi um desses dias. Depois de uma manhã em tensão, a tentar manipular um corpo que deve ter mais de 80 Kg e muita força de vontade, já sentada no caminho de regresso, ouvi um aluno lá do fundo dizer:
- Com a professora Teresa tem tudo mais graça.
Ao que respondi:
- Ai é?! Então ainda bem. - e sorri.
- Sim. Se a professora Teresa não tá, ficamos falando "mm mm(tom de choro) professora Teresa não veio".
Claro que só me podia ter saído uma gargalhada por eu e ele sabermos que há mil e um momentos em que, entre nós, não há piada nenhuma...
Penso que foi uma boa maneira de mostrar que percebe que quando sou dura e difícil com ele é porque procuro que ele se esforce e melhore. Se não foi, senti como tal e isso para mim teve muito valor :) Fez-me sorrir :)
Foto in Atelier das Estrelinhas
quinta-feira, 21 de março de 2013
Sugestão 9
Para quem já tem tantas saudades da primavera como eu...
Facilmente adaptável a uns sapatos fechados ou botas e casaco de Inverno...
Foto in Mulher Moderna
terça-feira, 19 de março de 2013
Fico Feliz por existires...
" Sinto-me tão seguro, tão positivo
Assim totalmente imutavelmente certo
(...)
Neste mundo de pessoas normais
De pessoas extraordinárias
(...)
De prazeres sobrevalorizados
De tesouros subestimados
Estou Feliz
Porque tu Existes!"
Um miminho para compensar a ausência... sendo que não são os quilómetros que nos separam que têm importância, mas sabermos que aconteça o que acontecer lá estaremos para nos orgulharmos um do outro, independentemente dos nossos fracassos e defeitos.
Feliz Dia do Pai!
Fico mesmo feliz por existires! :)
T. (Para ti, sempre Guidinha :)
segunda-feira, 18 de março de 2013
Energia...
Há pelo menos uns cinco anos que anda no porta-luvas do meu carro para acabar de ler. Remonta dos gloriosos tempos em que passava todos os fins de tarde numa das praias de Cascais. Remonta aos tempos em que acreditava nesta coisa do universo e da sua energia.
Hoje, não preciso de o acabar de ler para estar convicta de que a energia que existe no universo é parte integrante do todo em que vivemos e cada vez é-me mais fácil recolher evidências de que a manipulação dessa energia interfere largamente na vida de cada um.
Embora não tenha lido tudo, li grande parte e recomendo. Acabarei de o ler quando voltar a ter a oportunidade de passar os meus fins de tarde numa praia... qualquer :)
domingo, 17 de março de 2013
Uma espécie de Liberdade...
Que Liberdade?
Tem sido uma pergunta recorrente em pensamentos e conversas nos dias que correm.
Ora porque vivemos numa crise ou qualquer coisa que o valha, angustiante e medonha que nos deixa sem liberdade de escolha, de expressão, de crescimento.
Ora porque vivemos recentemente mais um 8 de Março que levanta ainda muitas questões sobre a verdadeira liberdade de cada um.
Ora porque se aproxima um 25 de Abril que se prevê demasiado polémico.
Ora porque, numa inesperado piscar de olhos, vimos nas nossas pequenas e enturpecedoras televisões um Papa resignar o seu lugar e outro ocupá-lo. Outro de quem todos falam como simples e "terra-a-terra". Terá ele a liberdade necessária para manter a sua simplicidade? Para nos deixar livres para escolher o nosso credo?
Esperemos que sim, tal como esperamos que a crise não nos arrase a todos, que não faça chorar, dia após dia, os velhinhos que estão sozinhos em camas com pouca roupa e com fome, tal como esperamos que as instituições de solidariedade social com quem se coliga o ministro da Solidariedade e Segurança Social realmente ajudem as mães a pôr comida na mesa e não consumam percentagem alguma do insuficiente incremento dado.
Esperamos. Criaram-nos na ideia da liberdade, da igualdade, das possibilidades. Continuamos todos à procura de sobreviver utilizando os mesmos canais que nos "venderam" como sendo os mais rápidos para vencer neste capitalismo que nos torna a todos livres de produzir rendimento.
Não sei se somos todos assim tão livres de produzir rendimento. Não sei se somos todos assim tão livres de manifestar opinião, de ouvir a verdadeira opinião de todos. Não sei se todos nós conseguimos mesmo optar por escolhas económicas que nos sejam razoáveis e adaptadas à nossa realidade.
Parece-me que, independentemente desta democracia, nos mantemos divididos em classes entre as quais não há assim tantas permutas. Os pobres mais pobres quando estão em crise sofrem mais do que os pobres remediados e estes sofrerão mais do que os da classe média.
Embora o nosso escudo ao sensacionalismo e ao exagero nos acomode e nos convença de que tudo está controlado, não é só nos "censurados" telejornais e reportagens que a vida de muitas pessoas se desmoronou Vejo isso no dia a dia e vivo num local pequeno, cheio de redes sociais e familiares. Pessoas que perdem os carros, pessoas que vendem móveis de casa, pessoas que trabalham à hora, pessoas que não conseguem organizar-se para ter todos os dias o que comer, como tomar banho, como vestir roupa lavada, que sirva...
Não, eu não tenho soluções melhores do que aquelas que já foram postas em práticas. Acredito que tenhamos que cortar. Sei que nem sempre se consegue dar tudo o que era suposto. Não sei quais seriam as soluções a não ser a tão mediana e ideia comum de que os nossos governantes deixassem de sair impunes dos grandes "roubos" que praticam, mas também acredito que tal não resolvesse todo o problema.
Não sei qual é a solução porque não passo de um professora de 1.º Ciclo, a quem até querem mudar a designação para professora básica. Eu não sou básica, não sou uma professora básica, nem tão pouco sou uma professora do ensino básico, porque tirei um curso específico para crianças de 1.º Ciclo.
Mas para muitos sou básica e após dez anos de experiência e formações várias, tudo isto sustentado pela hipoteca do meu futuro pessoal e estabilidade económica , não passo de uma jovem professora que se deve dar por feliz por fazer parte dos quadros (mesmo que o quadro seja a 400 km do lugar onde tem a sua vida).
Enfim, não tenho soluções perfeitas, mas também não perco muito tempo a pensar nisso, porque para isso vários ganham dez ou vinte vezes o meu salário. Eu ouço-os e não confio em nenhum deles. Não acredito que nenhum deles tenha a verdadeira intenção de querer ajudar os outros, de pôr-se a si próprio ao serviço dos outros.
Por isso resta-me a esperança. Já que a minha liberdade é apenas uma espécie de liberdade! Tenho dificuldade no acesso à cultura e estou quase impossibilitada de continuar a apostar na minha formação. A minha vida pessoal e familiar espartilha-se entre os poucos dias de férias e a incapacidade económica de fazer e refazer os 400 Km que me separam dos meus familiares e amigos, da minha terra, do meu jeito de ser.
Enfim resta-me a esperança e o optimismo! Aquele que me acalenta no dia-a-dia. Aquele que me faz aproveitar as pequenas coisas, observá-las, admirá-las.
Acho magnífico que tenha aprendido a beber vinho sozinha, que tente reproduzir os pratos tradicionais de que tenho saudade, que não perca a cabeça quando o carro, a luz, a água ou o gás têm uma avaria e que consiga ter tantos interesses que o tempo que passo sozinha seja pouco para os manter a todos actualizados.
Acharia, no entanto, ainda mais magnífico se pudesse ter a liberdade de escolher! De escolher entre beber o vinho sozinha ou abri-la em casa do meu pai, que mo ofereceu e partilhá-la com ele. De escolher entre tentar sozinha reproduzir os pratos da mãe ou fazê-los para ela.
Resta-me a esperança! De que esta espécie de LlBERDADE não seja para sempre...
Foto in Produtora Fame
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