marta filipa (Tomás)
Não sei se é assim com toda a gente, mas comigo é assim com tudo.
Devo ter um síndrome ou qualquer coisa assim relacionado com o excesso de metapensamento. Este pensar sobre o que penso e sobre as razões que me levam a agir ou a reagir de uma forma e não de outra, é uma coisa que me acontece muito frequentemente e naturalmente, até que (acho que se pode considerar um agravamento de sintomas) um dia destes pensei sobre esta minha mania.
Uma vez que esta é uma tendência demasiado circular para que eu a possa resolver sozinha, resolvi o assunto pensando alegremente que pelo menos não posso recriminar-me quando for velhinha de não ter feito tudo à minha maneira (quer isso seja bom ou mau).
Isto tudo para dizer que em relação à educação da qual sou agente enquanto professora (embora o seja também nos outros papéis da minha vida que neste post não vou abordar) também fiz esta análise, tendo ao fim deste tempo chegado a alguns “pilares” que mantenho e que têm funcionado em todos os contextos.
Estes pilares que me têm acompanhado no alcance do sucesso do processo de ensino/ aprendizagem são apenas princípios norteadores pessoais que valem apenas por isso mesmo e que podem vir ou não a alterar-se ao longo do tempo.
Um desses pilares é o respeito pelo outro.
Considero que é algo que potencia largamente o sucesso no desenvolvimento no projeto educativo delineado e o bem estar dos intervenientes durante o mesmo.
Apesar disso o conceito do respeito pelos outros na sua globalidade não é consensual. Conforme a sua experiência pessoal, idade e educação, as pessoas têm opiniões diferentes sobre o que é respeitar.
Quando eu falo em respeitar refiro-me a algo que não se traduz em atos ou regras, pois a soma destas fica áquem da atitude global a que me refiro.
É mais uma espécie de ver o outro como gostávamos que nos vissem a nós naquela situação, utilizar a nossa experiência pessoal para compreender o que podem sentir os alunos nas diversas situações.
Respeitar os feitios, as suas manias, desde que as mesmas não os impeçam de progredir, influenciem negativamente a sua aprendizagem ou afastem os outros.
Falar com eles não de igual para igual, porque essa não é a situação verdadeira mas como alguém que tenta ser justo e que age em benefício do bem estar de cada aluno e de todos no seu conjunto.
Parece redundante dizer que não se deve utilizar o “poder” da posição hierárquica para minimizar as problemáticas próprias dos alunos que os mais velhos ou mais aptos já conseguiram ultrapassar ou impor as nossas opiniões ou preferências, mas infelizmente não posso dizer que durante a minha experiência não tenha visto isto acontecer em inúmeras situações.
Respeitar as frustrações das paixonetas, das zangas com as amigas ou com os namorados, os desejos de festas e roupas, jogos de computador ou filmes de guerra é essencial. O aluno gosta de se sentir respeitado naquele que é o seu mundo e aquelas que considera ser as suas opções de vida, sem que a toda a hora lhe digam que devia era estudar matemática, vestir-se de forma mais adequada ou que ainda não tem idade para namorar.
O respeito é mútuo. Se o aluno se sente respeitado, respeita quem o soube respeitar.
É este respeito que o vai motivar a aceitar desenvolver de forma empenhada a as tarefas de dificuldade implícita que vai ter que levar a cabo repetidas vezes para alcançar o sucesso.
É este respeito que o vai ajudar a ultrapassar a frustração dos erros cometidos. É esse respeito que o vai fazer confiar no educador e aceitar as suas manias e o seu feitio.
Numa relação equilibrada podem conseguir-se verdadeiros milagres!