(Foto at CAVAAN)
Ela gostava de perfumes...
Fortes, quentes, exóticos, apaixonantes e sensuais...
Ou suaves, florais, românticos.
A casa estava sempre perfumada quer pelas velas que colocava a arder todos os dias nos momentos de leitura ou escrita quer pelo cheiro a roupa lavada com amaciador ou acabada de borrifar com água floral.
Em suma, os aromas preenchiam a sua vida.
Quando se conheceram todos os dias ele lhe dizia "Cheiras tão bem."
Passado poucos meses ele reclamava quase todos os dias dos seus perfumes demasiado fortes e dos aromas da casa que o enjoavam. Até o aroma dos cremes de corpo podiam ter o efeito de afastamento...
Ela, sem se dar conta, foi deixando as velas, os cremes e escolhendo mais criteriosamente os perfumes...
A verdade é que ele nunca mais voltou a dizer-lhe que cheirava bem e ela só passados alguns anos voltou, inconscientemente, a viver "perfumadamente" sozinha.
Ela amava apaixonadamente, iludia-se, desiludia-se, ria, chorava, vivia para as pequenas grandes coisas: a família, os sorrisos, os filhos, a vida existente na natureza e acreditava em momentos de felicidade extrema, perfeita...
Ele amava racionalmente, vivia obcecado com os preconceitos, o que os outros vão pensar, com os bens materiais, as poupanças, a clausura no seu lugar de conforto e não acreditava no amor, nem na felicidade...
Ela VIVIA!
Ele?
E ao chegar a esta conclusão após tanto tempo ela simplesmente abanou a cabeça e sorriu.
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