segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Talismã




" Dei-me ao trabalho de discutir mentalmente se tanto entusiasmo seria coisa certa ou atração momentânea. Bonita, sim. Mais: um jeito de falar e de se rir que despertava, primeiro simpatia, depois vontade de a acarinhar nos braços. O beijo, pois. Um beijo requintado, dir-se-ia sábio se a inocência não fosse nota dominante naquele rosto. Todavia, com beijo ou sem beijo, não sou um novato no conhecimento das mulheres, namoradas ou afins. Estranhei o fogo que me deixou uma Diana quase desconhecida mas, dei por certo, nunca se iria apagar. Mesmo que não me tenha ocorrido puxar pelo telemóvel e perpetuar o momento numa selfie."



" Cinco minutos elucidativos. Uma bela mulher, sozinha, afável, conversadora, morando perto, acreditei que noutra altura me sentiria tentado a prolongar o conhecimento. Não o fiz porque a imagem da Diana ocupava a minha cabeça e concluí: ela veio para ficar. Lamentei de novo ter esquecido a selfie ou fotografá-la só a ela, da cabeça aos pés, um calçado e outro descalço. Falhas graves, sem dúvida, embora não tanto como a de ficar sem o número de telefone. Há dias em que não sou perfeito."



"Associação de ideias tem isto: coisa que acontece traz consigo de volta algo acontecido, mesmo que na altura se tenha arquivado por pouca ou nenhuma importância."


Mário Zambujal em Talismã
Copyright © T&M
Design by Fearne