sexta-feira, 10 de novembro de 2017

A queda de um anjo...


Será que te desiludi?
Que me descobriste menos especial do que me julgavas quando de mim conhecias apenas os meus olhos e não o meu olhar, os meus lábios e não o meu sabor?
Uma vez mais descubro as mesmas palavras, as mesmas sensações, ouço as mesmas desculpas vazias de lógica e significado...
Por que motivo insiste a vida em trazer-me de novo a esta desilusão.
Cada vez que me dispo das vestes de conformada com o destino que me traçaram, sofro e culpo-me: não deveria nunca voltar a acreditar.
O que vivi antes ensinou-me que o presente se revesteria disto, mas não quis incorporar em mim a informação. Esforçei-me por atrasar o processamento de que estava a tapar o céu com um véu colorido.Vi o fim antes do começo e mesmo assim, deixei-me levar...
Queria tanto deixar-me encantar, acreditar que tenho o mesmo direito que todos os outros...A amar e a ser amada...
Sentir a alma sair da escuridão, sentir os sorrisos mais sinceros, os olhares mais suaves. Sentir que me tocam o coração, entregar um pouco do meu ser...
Eu quis que o amor fosse cego e que não me deixasse ver que me enganava. É sempre tão complicado apaixonar-me verdadeiramente pelas pessoas com quem me relaciono que quis aproveitar a oportunidade de ter conseguido fazê-lo contigo.
Dar outro sentido ao toque dos teus lábios, ao afagar do teu cabelo...
Sentir-me no teu abraço... Quis sonhar, mais do que recolher motivos...
Queria dar-te a minha vida a partilhar, o meu espaço, os meus sonhos, os meus defeitos, as minhas manias... Achei que as minhas reservas me tinham prejudicado até aqui... Pensei que talvez nunca me tivesse permitido gostar de ninguém verdadeiramente.
Deixei que conhecesses os meus receios, queria conhecer os teus... Quis conhecer-te, abarcar-te em mim, prender o teu cheiro no meu mundo...
Vi-te sorrir, chorar e até dormir por alguns instantes... instantes em que pensei que poderia passar uma eernidade ao teu lado...
Durante dias fui viciada em ti...
E agora que partes, levas contigo estes meus devaneios e o meu acreditar..
Ainda hoje quando me deito sinto o teu corpo perto do meu e o carinho que julguei contido no teu abraço.
Ainda não consegui desligar-me da sensação de paz que senti ao ter-te comigo...
Hoje ainda te quero e é-me dificil viver a vida sem ti...
Durante algum tempo será assim...
Um sentimento que se mistura com um vazio, uma solidão, uma certa revolta...
Resta-me, de novo, continuar...

T. (04/2006)


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