terça-feira, 31 de outubro de 2017

Um dia após o outro



Pra começar
Cada coisa em seu lugar
E nada como um dia após o outro


Pois, é mesmo sobre isso que penso dia após dia aqui neste solarengo descanso que a vida me trouxe depois da húmida e grandiosa tempestade.

Se ainda sinto a humidade nas roupas que se colam na pele?

Sim, sinto.

Mas cada coisa em seu lugar, cada minuto por si mesmo, cada dia a ser o bastante para fazer a vida ser vivida, cada instante saber conter a respiração e largá-la apesar da beleza estonteante dos espaços com que me rodeio.


Por que apressar?
Se nao sabe onde chegar
Correr em vão se o caminho é longo

Se espero pacientemente que sequem completamente?
Não. A paciência extra que me assumiu durante a tempestade abandonou-me assim que me senti chegar a terra firme. 
Os cheiros, as sensações, o gosto doce da vida em terra quente e segura fizeram-se renovados em mim, mais maravilhosos ainda, se tal fosse possível. Criou-se em mim a pressa de os retomar a todos. 
Tal como espreitam por trás do meu ombro os receios, os medos e a frustação da espera e das não conquistas (que aparecem aqui e ali).



Quem se soltar,
 da vida vai gostar

E a vida vai gostar 

de volta em dobro

É talvez deste gosto da vida que me aparece esta força de deixar atrás das costas aquilo de que não quero gostar. As ideias onde não me quero demorar. 
Estico o meu corpo ao sol, fecho os olhos,  murmuro para mim mesma o quanto a natureza tem o poder de me conter e apaziguar e é quando os abro que o mundo, a vida, o acaso, a sorte ou tão somente o caminho escolhido me presenteiam com as cores brilhantes do sol do mar, com o som da areia debaixo dos pés e o cheiro húmido da maresia.
Apesar de exigente e batalhadora, a vida conseguiu surpreender-me no cuidado que me tem prestado.

E se tropeçar
Do chão não vai passar
Quem sete vezes cai, 
levanta oito

Se tenho medo de que a tempestade volte? Se me preparo para ela? Se faço por esquecer que a vida se faz em ciclos?

Não tenho medo, mas continuo consciente que a vida decorre em ciclos. 

Não creio que me prepare para a tempestade. 

Arrepia-me por vezes esta quietude.

Esta aparente paragem na minha mó, mas sei que ela se move, sei que lentamente prepara um novo desafio. 

Talvez tenha simplesmente aprendido que não posso controlar o que está por vir. 

Acredito que o melhor ainda está à espera de ser merecido, compreendido, apreciado.

Tenho uma certeza interna de que o caminho se faz mais certo a cada passo. 

Sei que se cair, demorarei e até posso chorar um pouco, mas lá me voltarei a levantar, com mais ou menos feridas, com mais ou menos cicatrizes, com mais ou menos esperança de um dia melhor.



Quem julga saber
E esquece de aprender
Coitado de quem se interessa pouco


Não me deixe esta segurança interna prender em mim.

Que me lembre sempre de que o interesse está nos outros e que o verdadeiro significado de tudo está na partilha do que vive, do que se sente, do que se gosta de verdade.

Que as desilusões que se encontrarão comigo pelo caminho não me permitam  perder o muito interesse na descoberta do que vale realmente a pena fazer-se revelado.


E quando chorar
Tristeza pra lavar
Num ombro cai metade do sufoco

Se me acompanho de bons ombros?

Sempre que preciso. 

E ainda preciso.

E sinto que talvez vá precisar sempre.

Mas sei onde existem os ombros, os carinhos, os beijos 
e os olhares que me apaziguam as chuvas miúdas e as grandes tempestades. 



O novo virá

Pra re-harmonizar

A terra, o ar, a água e o fogo


E sem se queixar

As peças vão voltar

Pra mesma caixa no final do jogo







É tão isso :)

Compositores: Thiago Iorczeski / Daniel Sequeira Lopes
Letras de Um dia após o outro © Sony/ATV Music Publishing LLC

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

MOTHER!



O tão falado e famoso Mãe! pode não ser exatamente o que se esperava dele.

Exatamente ou de todo.

É, sem dúvida, uma verdadeira obra de arte em movimento, a que é impossível ficar indiferente e que viverá nos diferentes tempos da sua concepção e realização da forma mais crua e pessoal possível, tal como parece ser defendido pela maioria dos criadores contemporâneos.

Parece ter sido construído em bases, influências e referências que podem nem todas ser vislumbradas por nós nas alegorias discretas que deambulem entre um cenário típico de suspense e terror.

O próprio desenrolar do filme tem um tempo estranho, deixando-nos sempre à beira de um precipicio, que afinal pode simplesmente nem estar lá.

E de que serve o público, se não para completar a própria obra? Parece ter sido esse o propósito. Depois de alguns dos atores virem dar a conhecer o seu próprio entender sobre de que se fala afinal neste filme, resta ao público as suas próprias conclusões.

E pode haver propósito mais artístico que este? Não me parece.

Para mim, demasiado brilhante para o tentar compreender ou minimizar em palavras que traduzam o que o meu cérebro pudesse descodificar do que eu senti. Ficaria sem dúvida o melhor perdido no meio de tantas traduções.

Foi para mim essencialmente isso. Sensação. De invasão. De um maravilhoso encantamento cru e indiscritível.

Acompanha-me desde que o vi, aqui e ali, em gestos que para mim eram tão triviais e que agora se revestem de um misticismo inquietante, mesmo que não o consiga explicar.

Pelo exercício, pela intenção, pelo brilhante trabalho dos atores, pelo tanto que se ouviu e vai ouvir falar vale a pena ver.

sábado, 21 de outubro de 2017

Ainda se fala de Amor por aí?


" Vamos, nós, falar de Amor?

O amor é talvez dos temas sobre o qual mais se escreve ou se escreveu ao longo de todos os tempos.
Continua a ser um grande mistério, mesmo no final da vida, quando todos assumem aquele ar sábio e misterioso de quem desvendou a maioria dos mistérios da juventude e das dificuldades da vida adulta. 
Permanecem sempre, ao longo de toda a vida, segundo parece, grandes dúvidas sobre o amor, profundas hesitações sobre as palavras a utilizar para o explicar ou recomendar, demorados silêncios na hora de dar conselhos acerca dele.

Ao longo do tempo também eu fui amealhando ideias sobre o Amor.

Há uns tempos percebi que a expressão " be in love" é muito mais esclarecedora do que "estar apaixonado" porque imprime logo a imagem mental de se estar imerso, que é exatamente o que se sente quando se está apaixonado. Esclarece mais rapidamente a sensação de não sentirmos o peso do nosso corpo, podendo aproveitar-nos desse estado "in" para suavizar a nossa caminhada, as contrariedades do nosso dia a dia ou as nossas feições faciais... 

Ou...

Ou podemos ficar irremediavelmente "in" como "em lama" ou areia que nos cansa o corpo e nos tolda a mente, como carga que se acresce ao peso diário que todos suportamos na vida. 

Ficou claro para mim, que a sociedade reconhece o amor como algo que nos faz bem, que é melhor para nós do que estarmos sozinhos, tendo muita dificuldade em entender outros tipos de amor ou de relação.
Esquecem-se que o Amor romântico, que se gera no coração, não tem explicação nem retribuição obrigatória. 
É a nossa mente que ama com a razão, que se agarra às certezas, às demonstrações de carinho, às retribuições.  
O nosso coração fica "in" e pronto! 
Mesmo que se revele um "in" que a nossa razão gostaria de tornar num "out". 
Quando o coração Ama, Ama incondicionalmente. 
Ama até o que se revela imperfeito, doentio, inconstante.
No entanto, é quase unânime para a sociedade 
que o amor por outro não é possível antes do amor por nós próprios 
e que depois de supridas todas as falhas que julgamos ter na nossa vida,
depois de alcançado todos os objetivos de um dado momento,
se cria em nós um excedente de amor, atenção, carinho, afeto 
que, como seres sociais que somos, temos que canalizar para alguém 
e que o objeto desse nosso amor pode até nem Ser nada do que vemos nele.

Há quem diga também que este processo interno de criar num outro aquilo que queremos ver nele,
esta ilusão que é mais construída pelas nossas necessidades do que pelas mentiras que esse alguém nos conta,
é tão forte e intrínseca no nosso ser, 
que não há desilusão, trazida pelos rasgos da realidade, 
que a possa destruir.

Das histórias e das vivências vão sempre ficando regras, certezas, pensamentos que nos espantam pela sua incrível lógica, pelo quanto poderiam ter servido de antecipação.

Das histórias e das vivências vão ficando sempre esperanças, ilusões, portas abertas de quem,
enquanto viver, 
acreditará que para todas as regras foi criada uma exceção."    T.  abril 14





Lembrei-me deste texto há uns dias a propósito da expressão "fall in love".
Dentro do mesmo raciocínio também me parece tão mais gráfica do que a tradução. 
Eufemezida na doçura da palavra que se lhe segue, define esta queda brusca, inesperada, em alta rotação. 

Sem aviso prévio, sem proteção. 
Uma forma tão mais esclarecedora de remeter para o processo de se saltar do mundo como o conhecemos,
renunciando à terra firme, ao porto seguro,
para, de certa forma voluntariamente, nos lançarmos neste poço escuro e estreito
 assim que  soltamos a segunda mão. 

Não haverá, possivelmente, outra forma de apreciar tão completamente
 a imersão do corpo na água fria do fim do poço.

Existe, talvez, a necessidade desta dramática queda
para deixar em alerta todos os poros do nosso corpo,
acordar o profundo do nosso ser, 
de modo a que a clareza da água nos possa envolver completamente,
da mesma forma que só um bom Amor pode fazer acontecer.



fotografias de Marta Filipa Costa 

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Esta é a minha reação

"Ministra da Administração Interna apresenta demissão. Costa aceita" 


Este é o título de uma publicação das Notícias ao Minuto em https://www.notíciasaominuto.com



Este é o retrato do meu país que não me agrada.

Esta é a minha reação.

Lamento não concordar consigo Inês de André Figueiredo, tal como lamento profundamente que a maioria dos cidadãos o faça tão declaradamente.

"Já estava a demorar" é o que mais ouço e vejo em todo o lado. Nisso concordo. Já estava a demorar que mais um responsável se demitisse para sair da ribalta, sem antes se resolver ou se responsabilizar pelos alegados danos causados à população.

Sim, Sr.ª Ex- Ministra, tinha razão quando disse que esse era o caminho mais fácil e que devemos enfrentar as adversidades. Pena que tenha mudado de ideias. Pena que o seu Primeiro Ministro tenha concordado consiga, embora claramente se perceba que (como pessoa) se encontra com pouca capacidade para dar resposta à situação.

É isto que podemos esperar de quem governa o país? Que abandonem "o barco" e se ponham a salvo, esperando que o que acontece se dilua no esquecimento?

Só mais uma pequena nota, Inês de André Figueiredo, não me parece que no discurso do Presidente da República se tenha aberto a porta para esta demissão. Abriu-se foi claramente a discussão "sobre quem, o quê, como e quando é preciso manter ou mudar". Em sentido abrangente. Em sentido de verdadeira reforma e não de limpeza de fim de dia.
Mas esta é somente a humilde opinião de uma cidadã (uma que podia bem ser uma daquelas que se desrespeitam nestas distrações).

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

who cares?

"Who cares if one more light goes out?
Well I do" 
One More Light - Linkin Park


             


Deixamos para lá e passa.
Olhamos, mas depressa apressamos o passo com urgência de chegar a um lugar mais luminoso.
Lamentamos, mas cedo nos emociona algo de forma igualmente forte.


Esquecemo-nos demasiado depressa:

do planeta que estragamos minuto a minuto sem nos preocuparmos com o que poderíamos fazer para o proteger

das pessoas que de um momento para o outro vêem as suas vidas ameaçadas por uma guerra civil que não escolheram e que parecem não conseguir evitar

da irritação por alguém levantar hipóteses de uma sociedade em que viviríamos segregados uns dos outros, divididos por classes, por géneros, por capacidades

das mensagem retrógradas por trás dos anúncios publicitários que nos invadem o cérebro todos os dias

do terror que faz milhares de pessoas arriscarem as suas vidas em viagens clandestinas para um país em paz

do horror por ler notícias com números de pessoas que morrem nas calamidades naturais, como se milénios de civilização não nos valessem nada contra uma natureza que devíamos compreender e antecipar

das mentiras que, repetidas pelos media, se tornam verdades universais

de ouvir e ver para além dos bodes espiatórios que nos vendem para nos distrair

da indignação por se construírem muros para separar pessoas de cá e pessoas de lá

dos meninos onde o pôr-do-sol, como um tela, ocupa todo o plano de fundo, que têm tão poucas hipóteses de serem melhores homens para as meninas que crescem a seu lado a serem abusadas, renegadas, encarceradas

dos seres que crescem no ódio contra os outros, que conhecem apenas do que lhes contam e que lutam contra um inimigo que na verdade não está onde lhes disseram

dos que são maltratados por sentirem diferente, pensarem diferente, amarem diferente

da indisposição por assistir a situações em que os mais fortes vencem sobre os mais fracos, os mais pobres, os mais ingénuos, os mais doentes

da revolta pelas meninas que são separadas das suas famílias, enviadas para países seguros das violações rua sim, rua sim

do perigo dos contratos de silêncio, de confidencialidade, de obediência

da verdadeira consequência desta crise que se diz económica como desculpa para a falta de investimento na educação, na saúde, na cultura e para o pouco provimento na satisfação das necessidades básicas dos indivíduos

da teia que está a ser criada com os que sobem ao poder aqui e ali, como casos isolados que não têm nada a ver connosco, mas que ameaçam silenciosamente a liberdade de todos

da empatia por todos os que sofrem e morrem de doenças que a alguém não interessa curar

do cuidado para os que vivem depois do Mal: das vítimas dos psicopatas, dos agressivos, dos manipuladores, dos ditadores, dos guerrilheiros

de aplaudir os que vivem apesar da dor de perder um ente querido, especialmente na imensidão de situações aleatórias e tão pouco humanas que vamos conhecendo todos os dias

de castigar os que maltratam e humilham e de responsabilizar os que fazem por não saber, esconder, ou simplesmente ceder

de sentir, quando sentir se reveste desta tristeza, horror e impotência


Esquecemo-nos de nos importar por "cada estrela num céu repleto de estrelas" e de nos lembrar que podemos ser muitos,
mas todos somos gente por dentro.
Aqui,
na Ásia,
na Nova Zelândia...
Em qualquer lugar,
em qualquer tempo...




quinta-feira, 12 de outubro de 2017

De que escola precisamos?



"DE QUE ESCOLA PRECISAMOS?
FRONTEIRAS XXI

Em 1900 imaginava-se que este seria o modelo da escola do futuro. E agora o que esperamos?

Um debate muito bem organizado, dinâmico, sensato, com um moderador (Carlos Daniel) bem informado, mas generoso. Convidados (David Justino, Maria Manuel Mota e Joaquim Sousa) capazes de expressar opinião de forma civilizada e coesa.
Um bom programa para todos, mas especialmente para quem, de fato, queira pensar sobre este assunto de forma profunda.

Para quem acredite na escola como mais do que uma simples resposta às necessidades do mercado de trabalho (que dificilmente conseguimos antever) e a considere mais como uma plataforma social de aprendizagem de conhecimento, aquisição de ferramentas de desenvolvimento global do indivíduo e disseminação das desigualdades sociais.

Uma conversa para quem sabe que a estabilidade e a História não podem ser deixadas ao acaso e que a escola que precisamos há-de ser antes de tudo, uma plataforma de compromisso entre os modelos mais tradicionalistas e as experiências internacionais mais inovadoras.

Uma chamada de atenção para os prejuízos irrecuperáveis do experimentalismo desregrado e para a necessidade de dar o verdadeiro crédito ao método científico de investigação (problema; hipótese; amostra; controlo; implementação; avaliação; reajuste; avaliação; confirmação; alargamento da amostra, conclusões, formação). Cada vida tem um tempo que não se coaduna com substituições e fazer tudo de novo.

Se não viu pode recorrer ao RTP Play.
Mais um produto com o interessante cunho Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Frases a reter
"Uma escola para todos e para cada um."
"Estar na escola tem que passar a ser uma aventura."
"Quem mantém o sistema de pé são os professores."
"Quando se experimenta num laboratório e se parte um tubo de ensaio, pode substitui-se o tubo de ensaio. Não é o caso na educação." "

Uma reflexão Mentes Despertas em 
https://www.facebook.com/pg/Mentes-Despert2s-929823040489474/posts/?ref=page_internal

domingo, 8 de outubro de 2017

O Marinheiro que perdeu as graças do mar...

Inesperado.
Um misto de doçura e imprevisibilidade.

A forma tradicionalista e espiritual como o autor viveu a sua vida (nascido em 1925, suicidou-se praticando o ritual japonês), empresta um brilhante idealismo samurai à sua obra que nenhum leitor consegue ignorar.

"... passaremos os dias a tremer na submissão, no compromisso e no medo, preocupando-nos com o que estão a fazer os vizinho, a viver como ratos. E um dia casamo-nos e temos filhos, e depois tornamo-nos pais, a coisa mais odiosa que existe a face da terra."

" A conversa era banal, observações que quaisquer pessoas da terra podiam trocar e saía facilmente. Tinham imaginado, durante os meses de separação, que, quando voltassem a encontrar-se, lhes custaria conversar um com o outro; restabelecer o elo que os unira durante os três dias de verão, parecia-lhes impossível.
Passar-se-ia tudo novamente como um braço que desliza pela manga abaixo dum casaco que vestimos pela última vez há meio ano? "

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

SKAM - SHAME - VERGONHA

Uma forma bastante original e dinâmica de contar a história de um grupo de jovens estudantes, moradores nos subúrbios de Oslo.

A série norueguesa dá as cartas pelos planos de filmagem mais "naturalistas" e pelo enredo individualistas (em cada temporada a história segue uma personagem e as que com ela interagem diretamente, assim como realça apenas os assuntos que para a personagem (e não para o público ou história) possam interessar.

Aborda de forma bastante envolvente e contemporânea temas universais e clássicos como o amor, a amizade, as diferenças culturais, os subgrupos, o bullying, os comportamentos sexuais, as doenças mentais, a pobreza, os preconceitos.

Não é de estranhar que a todos nos tenha desiludido o cancelamento da série na quarta temporada. Ainda assim recomendo :)

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Disto dos dias de comemorar a própria existência...

Aprendi a serenar a necessidade de controlo. Depois de muitas tentativas falhadas de torná-lo mais especial que os outros, reconheci que o que sabe melhor é passá-lo com quem está perto do nosso coração.
Começa sempre assim, com um ou outro convite, uma ou outra ideia deixada por alguém e vai-se construindo doce, meigo e especial. 

O que me leva invariavelmente a pensar sobre isso: sobre o momento, sobre a idade, sobre o que passou, sobre o que estará para vir.

Incrível esta tranquilidade que nos invade após as maiores tormentas, esta esperança tímida que permanece no tempo que passamos só connosco, esta certeza invisível (mas constante) de que as voltas da vida são muito retorcidas, mas há mesmo espaços que parecem criados apenas para nos esperar e receber.

               



O MELHOR ainda está por vir 

Possa a vida preencher-se de retalhos de diferentes formatos e cores
unidos em linhas doces que o meu ser saiba conceber,
porque metade de mim é sossego,
e  a outra é preenchida por brilhantes pedaços de céu.

Saiba o passado acompanhar-me silenciosamente
e o futuro reconhecer as janelas por onde espreitar,
porque metade de mim é gratidão
e a outra metade é curiosidade.

Possa o tempo ainda por viver 
trazer a grandiosidade do Amor,
porque metade de mim é harmonia 
Mas a outra é uma inquietante vontade de viver



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