O tão falado e famoso Mãe! pode não ser exatamente o que se esperava dele.
Exatamente ou de todo.
É, sem dúvida, uma verdadeira obra de arte em movimento, a que é impossível ficar indiferente e que viverá nos diferentes tempos da sua concepção e realização da forma mais crua e pessoal possível, tal como parece ser defendido pela maioria dos criadores contemporâneos.
Parece ter sido construído em bases, influências e referências que podem nem todas ser vislumbradas por nós nas alegorias discretas que deambulem entre um cenário típico de suspense e terror.
O próprio desenrolar do filme tem um tempo estranho, deixando-nos sempre à beira de um precipicio, que afinal pode simplesmente nem estar lá.
E de que serve o público, se não para completar a própria obra? Parece ter sido esse o propósito. Depois de alguns dos atores virem dar a conhecer o seu próprio entender sobre de que se fala afinal neste filme, resta ao público as suas próprias conclusões.
E pode haver propósito mais artístico que este? Não me parece.
Para mim, demasiado brilhante para o tentar compreender ou minimizar em palavras que traduzam o que o meu cérebro pudesse descodificar do que eu senti. Ficaria sem dúvida o melhor perdido no meio de tantas traduções.
Foi para mim essencialmente isso. Sensação. De invasão. De um maravilhoso encantamento cru e indiscritível.
Acompanha-me desde que o vi, aqui e ali, em gestos que para mim eram tão triviais e que agora se revestem de um misticismo inquietante, mesmo que não o consiga explicar.
Pelo exercício, pela intenção, pelo brilhante trabalho dos atores, pelo tanto que se ouviu e vai ouvir falar vale a pena ver.
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