"Who cares if one more light goes out?
Well I do"
One More Light - Linkin Park
Deixamos para lá e passa.
Olhamos, mas depressa apressamos o passo com urgência de chegar a um lugar mais luminoso.
Lamentamos, mas cedo nos emociona algo de forma igualmente forte.
Esquecemo-nos demasiado depressa:
do planeta que estragamos minuto a minuto sem nos preocuparmos com o que poderíamos fazer para o proteger
das pessoas que de um momento para o outro vêem as suas vidas ameaçadas por uma guerra civil que não escolheram e que parecem não conseguir evitar
da irritação por alguém levantar hipóteses de uma sociedade em que viviríamos segregados uns dos outros, divididos por classes, por géneros, por capacidades
das mensagem retrógradas por trás dos anúncios publicitários que nos invadem o cérebro todos os dias
do terror que faz milhares de pessoas arriscarem as suas vidas em viagens clandestinas para um país em paz
do horror por ler notícias com números de pessoas que morrem nas calamidades naturais, como se milénios de civilização não nos valessem nada contra uma natureza que devíamos compreender e antecipar
das mentiras que, repetidas pelos media, se tornam verdades universais
de ouvir e ver para além dos bodes espiatórios que nos vendem para nos distrair
da indignação por se construírem muros para separar pessoas de cá e pessoas de lá
dos meninos onde o pôr-do-sol, como um tela, ocupa todo o plano de fundo, que têm tão poucas hipóteses de serem melhores homens para as meninas que crescem a seu lado a serem abusadas, renegadas, encarceradas
dos seres que crescem no ódio contra os outros, que conhecem apenas do que lhes contam e que lutam contra um inimigo que na verdade não está onde lhes disseram
dos que são maltratados por sentirem diferente, pensarem diferente, amarem diferente
da indisposição por assistir a situações em que os mais fortes vencem sobre os mais fracos, os mais pobres, os mais ingénuos, os mais doentes
da revolta pelas meninas que são separadas das suas famílias, enviadas para países seguros das violações rua sim, rua sim
do perigo dos contratos de silêncio, de confidencialidade, de obediência
da verdadeira consequência desta crise que se diz económica como desculpa para a falta de investimento na educação, na saúde, na cultura e para o pouco provimento na satisfação das necessidades básicas dos indivíduos
da teia que está a ser criada com os que sobem ao poder aqui e ali, como casos isolados que não têm nada a ver connosco, mas que ameaçam silenciosamente a liberdade de todos
da empatia por todos os que sofrem e morrem de doenças que a alguém não interessa curar
do cuidado para os que vivem depois do Mal: das vítimas dos psicopatas, dos agressivos, dos manipuladores, dos ditadores, dos guerrilheiros
de aplaudir os que vivem apesar da dor de perder um ente querido, especialmente na imensidão de situações aleatórias e tão pouco humanas que vamos conhecendo todos os dias
de castigar os que maltratam e humilham e de responsabilizar os que fazem por não saber, esconder, ou simplesmente ceder
de sentir, quando sentir se reveste desta tristeza, horror e impotência
Esquecemo-nos de nos importar por "cada estrela num céu repleto de estrelas" e de nos lembrar que podemos ser muitos,
mas todos somos gente por dentro.
Aqui,
na Ásia,
na Nova Zelândia...
Em qualquer lugar,
em qualquer tempo...
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