As mulheres aguentam metade do céu.
Provérbio Chinês
Por acaso o primeiro contato que tive com esta obra foi na televisão. Num daqueles programas da tarde cheios de tudo e mais alguma coisa, num dos meus dias de recuperação da cirurgia aos olhos.
Fiquei logo super interessada com a descrição das tradutoras portuguesas.
Apontei o nome no meu telemóvel (como sempre faço quando algo me chama muito a atenção e não quero esquecer) e um dia quando alguém me disse que ia à Feira do Livro falei sobre ele.
Apesar de a minha sugestão não ter sido "em cheio", eu adorei o livro. É claro, despretensioso, sem tabus, sem meias histórias e meias verdades. Relata-nos situações que não conhecíamos de todo (pelo menos no meu caso), mas não é um livro derrotista.
É um livro de esperança, de análise, de enquadramento histórico e social. É mais do que um pedido de ajuda, é uma orientação para quem quer ajudar.
Apesar de se referir maioritariamente a mulheres e à sua indiscutível desvantagem no mundo dos "Homens", também aborda o crescimento como um todo, que parte de uma ou mais mulheres mas que ajuda toda a comunidade.
Reforça vezes sem conta o papel fundamental da educação na resolução de conflitos e impasses, especialmente nas áreas de economia e religião.
Talvez os nossos governantes devessem ler este livro também.
Recomendo. Eu adorei e por isso deixo aqui um excerto para abrir o apetite! ;)
"É este o poder da Educação. Estudos sucessivos têm demonstrado que educar raparigas é uma das maneiras mais eficazes de combater a pobreza. Muitas vezes, a escolaridade é também uma condição para que as raparigas e as mulheres se insurjam contra a injustiça e para que as mulheres se integrem na economia. Enquanto as mulheres não souberem ler e contar, é difícil criarem empresas ou contribuírem significativamente para a economia dos seus países.
Infelizmente, é bastante difícil analisar o impacto da educação das raparigas em termos estatísticos. (...)
Uma vez feitas todas as advertências (...) Curiosamente, sabemos de muitas mulheres com educação que conseguiram arranjar emprego ou criar empresas e transformar as suas vidas e as dos que o rodeavam. Em termos mais amplos, é consensual que a prosperidade que a Ásia Oriental registou nas últimas décadas se deve em parte ao facto de proporcionar educação às mulheres e integrá-las na mão-de-obra, o que não se pode dizer da Índia ou da África.
(...)
Muitas vezes, os americanos partem do princípio que a maneira de aumentar a educação é construir escolas, e em certas zonas isto é necessário. (...) Construir escolas é caro, e não é possível verificar se os professores fazem o seu trabalho. (...)
Uma das maneiras mais eficazes de aumentar a assiduidade é desparasitar os alunos (...)
Outra maneira eficaz de atrair mais alunas é ensiná-las a lidar com a menstruação (...)
Outra maneira extremamente simples de promover a educação das raparigas é iodar o sal.(...)
Outra estratégia inteligente para fomentar a educação das raparigas é o suborno (ninguém usa este termo, mas vai dar ao mesmo). (...)Os pobres recebem somas em dinheiro em troca de manterem os filhos na escola, os vacinarem, de os levarem a clínicas para serem submetidos a checkups e de assistirem a palestras sobre educação sanitária.
(...)"
in Metade do Céu
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