sábado, 5 de julho de 2014

Dê a sua opinião #2

Nos próximos dias colocarei textos meus que gostaria que comentassem: se gostam, se não percebem, se se perderam, se não conseguiram ler até ao fim. 
Eu já seleccionei os que gostava mais, mas só vou poder escolher um (também ainda não posso revelar para quê). 
Como devem todos perceber, é muito difícil analisar e escolher os próprios textos, porque só temos a nossa visão sobre eles e sobre o que nós próprios escrevemos.
Por isso, decidi incluir o público.
Dão-me uma mãozinha?!
Ah! Não tenham medo de escrever comentários negativos. Sem eles não posso melhorar e há sempre por onde melhorar, certo?
Dito isto, fica o segundo.
Obrigada :)

" Miguel, apesar da sua aparência leve, conferida pelos seus mal feitos trinta anos, quando pousa a mão na maçaneta da porta e a empurra para a abrir, suspira. Um suspiro pesado, mais para ganhar esperança do que em sinal de cansaço,
Neste simples gesto diário deixa para trás a leveza da sua idade, do seu poder económico, da sua posição social. Ficam nas suas costas, os sorrisos sedutores que as mulheres lhe dedicam, os convites para as jantaradas, as noites de cinema. Fica para trás a juventude, a liberdade, o descompromisso.
Miguel foi nascido e criado para ser risonho, feliz, cuidado. Esperava-se que tivesse barcos, motos, que viajasse muito, que tivesse quadros em galerias dos casinos e que no fim de cada dia, respondesse “Correu tudo bem, querida!”, com o desprendimento habitual de quem não sabe que existe a hipótese de ter corrido mal.
Esperava-se dele exatamente tudo o que fez até aparecer a especial Diana.
A querida, a quem nunca respondeu a nenhuma pergunta.
Aquela que o espera sempre com o mesmo olhar sorridente, companheiro, expectante.
Desde o aparecimento de Diana, que todos os fins de tarde, sai disparado do emprego tradicional que entretanto arranjou com o propósito de oferecer a Diana o melhor, sempre o melhor, só o melhor.
Vai diretamente para casa onde agradece a Maria, enquanto olha, sorrateiramente, para Diana que lhe sorri com o olhar.
Apesar das costas doridas, vai pegar nela e sentar-se no chão para brincar com ela aos encaixes e jogos de imitações.
Ansioso, procurará progressos e desesperar-se-á milhares de vezes em segundos por não os conseguir ver.
Apesar disso, vai manter sempre uma expressão falsa e familiar de serenidade.
Porque é o que Diana precisa!
E quando se sentir a esmorecer interiormente, sentirá a força com que ela agarra a sua mão, ouvirá o som da sua gargalhada e, por breves momentos, ela olhará diretamente para si.
Ganhará o dia. Ganhará a vida. Ganhará a força necessária para enfrentar o resto do dia, no resto dos dias…
E bem que precisa. Como Diana não pode falar, nem caminhar, ele espera saber como correr por ela e como deixá-la relacionar-se através dele.
Espera saber como incentivá-la a sonhar, como ensiná-la a ser feliz…

É por tudo isto que, quando Miguel chega a casa, antes de colocar a chave na porta, respira fundo: o seu dia só naquele momento está prestes a começar!"
marta filipa disse...

Acho que me vou esquecer de algumas das coisas que pensei durante a minha leitura e provavelmen te será um comentário confuso pois viu escrevendo conforme o que me vou lembranco, mas vamos lá. Como sabes, este é um dos meus textos preferidos teus, apesar de não ser esta a versão com que estou mais familiarizada, continua a ser cativante e surpreendente do inicio ao fim.
Não sei se não apostaria por completar e voltar a pegar novamente nele. Talvez se te focasses novamente na parte final do texto ele melhorasse logo bastante. Isto é, quando falas das limitações da criança, fazes isso de uma forma leve e rápida. Enquanto que descreves com entusiasmo o Miguel. Entendes?
Mais, acho que está uma coisa um pouco confusa. Usas a entrada em casa para o separar de dois momentos separados

marta filipa disse...

Isto é, o momento em que ele era jovem e vivia vida loca e outro momento em que já tem um trabalho tradicional? Ou é tudo o mesmo momento e é nesse trabalho que existem as mulheres sedutoras? Porque tu referes logo inicialmente que ele tem 30 anos, e ao longo do texto dizes que ele deixa a juventude para trás. Inicialmente eu achei que seriam dois momentos diferentes, mas depoia 30 anos ainda é jovem e já não me consegui decidir mais.

Quando li esta vez não senti tanto o impacto de ela afinal ser uma criança, mas isso poderá ser porque eu já o sabia e tens um "erro" que começa com a querida ou será mesmo assim?

Dito isto, eu gosto deste miguel e desta diana. Devias acompanha-los durante mais tempo, se é que me entendes.

marta filipa disse...

Aliás, um erro na frase que começa a querida

Teresa Margarida Costa disse...

Thanks Sis ;) sempre muito atenta ;) Sim, percebi as ideias e sim, todos os textos apresentados têm um limite de palavras e algumas restrições. neste caso o foco é um homem, por isso descrevo mais as suas emoções. concordo que nos dois textos o fim parece rápido demais e sem ligação.
Para o que preciso agora não os poderei alterar, mas as opiniões irão ajudar-me muito em outros projetos.

Arminda Rodrigues disse...

Gosto muito! É impossível não empatizar com o Miguel, o homem que sendo ainda novo já deixou a juventude para trás. ..porque afinal agora tem outras prioridades :)

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