"Serão" é uma das minhas palavras preferidas desde antes de saber as letras necessárias para a escrever.
De cada vez que ouvia a minha mãe dizer "Hoje vamos fazer serão." antecipava, alegre, a noitada de folia que me esperava.
A palavra "serão" revestiu-se assim de uma doçura, de sensações de companhia, de ficar acordada, de ouvir a conversa dos adultos. Emociona-me porque me remete para o ambiente familiar e alegre da minha infância.
Na altura não teria ainda sete anos, pelos espaços onde me recordo passarem-se estes "serões" que, normalmente, eram dedicados aos trabalhos manuais (a "malha", a "renda", a "costura") passados em cantorias e conversas.
Também me lembro mais tarde dos que passámos em apostas sobre que país ganharia o Festival da Canção e sobre as prováveis votações por razões de proximidade e política (num aparte devo dizer que estes argumentos me deixavam já pasmada de incredulidade e vermelha de raiva pela suposta parcialidade... enfim ingénua criança...), mas estes, em que as mulheres e os homens se reuniam numa só sala, elas em linha no sofá ou cadeiras e eles a ajudar a tornar em novelo as meadas ou a conversar, me agradavam de tal forma que muito cedo quis aprender a fazer todas estas tarefas.
A verdade é que nunca percebi que valor teriam no meu futuro e hoje em dia, como a maioria daquelas mulheres, os serões revestem-se normalmente de outras atividades, muitas vezes relacionadas simplesmente com ver algo na televisão ou simplesmente dormir.
Os meus gasto-os também a escrever e na maioria das vezes a ler, mas de quando em quando, umas mais do que outras agarram-se às criações, aos trapos, linhas, agulhas e tesouras e "viram o dia" entretetidas na confeção de maravilhosas obras de arte.
Aos meus serões habituais, habitualmente falta a conversa e o riso, mas a ajuda chega-me à distância através do ecrã do computador ou do telefone e a companhia... ah, essa.... chega-me da doce lembrança destas noites de "serão"!
Aos meus serões habituais, habitualmente falta a conversa e o riso, mas a ajuda chega-me à distância através do ecrã do computador ou do telefone e a companhia... ah, essa.... chega-me da doce lembrança destas noites de "serão"!
Não sei que escreva, só sei que serão faz parte tambem das minhas lembranças.
Sim :) Lembro-me tão bem do Zé Manel a querer aprender a tricotar... lembras-te???
Ah! E obrigada pelo comentário. Esta família é muito envergonhada, por isso ainda bem que uma das tias se chega à frente, num post praticamente a vós dedicado ;)
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