Descobri hoje que não és quem eu pensava seres. Ou pelo
menos era este pensamento que me dilacerava o peito quando a verdade se
revelava perante os meus olhos a cada movimento do meu dedo.
Mal podia acreditar, ou talvez sempre soubesse. Os homens
são todos iguais e nunca se pode confiar neles. Eu já devia saber. E sei… Mas
as vezes prefiro esquecer…
Não chorei, não fiquei aflita, nem chocada…. Apetecia-me
apenas espetar-te esta verdade na cara e livrar-me de ti para sempre…
Mas não deu… Não conseguia contactar-te e depois com o
passar das horas fui tentando perceber o que fazer. Que ganharia eu em dizer-te
tudo o que tinha descoberto? Irias tu ter uma explicação plausível para me dar
ou teria eu que simplesmente ter que te perdoar esta traição de não seres quem
eu pensava. Estava eu disposta a deixar-te se me dissesses a verdade? Haveria
alguma palavra que saísse da tua boca em que eu conseguisse acreditar?
Não. Por mim e se tivesse escolha não queria ver-te durante
dias até que a minha raiva e a minha desilusão desaparecessem.
Agora já decidi que não te vou contar nada, mas sinto a
raiva e o ódio da impossibilidade de seres diferente dos outros crescer no meu
ventre e fervilhar até à minha garganta. Não sei se conseguirei não revelar o
que sei. Não sei até que ponto consigo fugir, mas sei que por muitos motivos me
foi afastando de ti, por tudo o que calei e que achei que não conseguirias
compreender.
Por todas as vezes que desisti de explicar, de te fazer
entender, de te tornar parte importante de algo, de todas as vezes em que
escondi a dor da desilusão. Esta é apenas mais uma. Tens pedido e eu tenho
tentado voltar a aproximar-me de ti, mas… não sei se algum dia vou conseguir,
se voltarei a olhar-te da mesma forma, se alguma vez conseguirei voltar a
sentir orgulho de quem és e de estar ao teu lado.
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