segunda-feira, 29 de abril de 2019


Divertida e desafiadora ;)


sábado, 27 de abril de 2019

do amor.






OUVI DIZER - Ornatos Violeta

quinta-feira, 25 de abril de 2019

"... sem sequer pararem para pensar que elas, afinal de contas, também são pessoas." Harper Lee (1960)


"- O que... ah, sim, porque é que eu finjo? Bem é muito simples - disse ele. - Há pessoas que... pronto, que não gostam da maneira como eu vivo. Eu podia mandá-las para o diabo que as carregue, porque não me importava mesmo nada que gostem ou não. Reparem, eu digo que não me importo mesmo nada que gostem ou não, certo... mas não digo "vão prò diabo que vos carregue", estão a ver?
- Não senhor. - respondemos juntos.
- Eu tento dar-lhes um motivo, percebem? As pessoas percebem melhor as coisas se tiverem um motivo, certo? Quando venho à cidade, o que é raro, se cambalear um bocado e beber deste saco, as pessoas podem dizer que o Dolphus Raymond já está metido nos copos... e é por isso que ele não muda. O pobre coitado nada pode fazer e é por isso que vive como vive.
- Mais isso não é honesto, Mr. Raymond. Fazer-se passar por uma pessoa pior do que na realidade é...
- Não é nada honesto, eu sei, mas dá uma grande ajuda às pessoas, Miss Finch, na realidade, eu nem bebo muito, mas percebe que elas nunca, mas mesmo nunca, iriam compreender que eu vivo assim porque quero.
Tinha um pressentimento de que não devia estar ali a ouvir aquele pecador, que tinha imensos filhos mestiços e que não queria saber dos outros, mas a verdade é que ele era fascinante. Nunca tinha conhecido um indivíduo que se defraudava deliberadamente a si próprio. Mas porque é que ele nos tinha contado aquele segredo tão importante? Perguntei-lhe porquê.
- Porque vocês são crianças e podem perceber isso - respondera - e porque estava a ouvir este...
Voltou a cabeça para o Dill - A vida ainda não lhe refreou os instintos. Deixem-no crescer mais um bocadinho e vão ver que ele já não se sente mal, nem vai chorar mais. Talvez sinta que as coisas são... que as coisas não estão lá muito certas, mas nunca irá chorar quando tiver mais uns anos em cima.
- Chorar porquê, Mr. Raymond? - a masculinidade do Dill começava agora a revelar-se.
- Chorar pelo inferno absoluto por que umas pessoas fazem passar as outras... sem dó nem piedade. Chorar pelo inferno por que os brancos fazem passar as pessoas de cor, sem sequer pararem para pensar que elas, afinal de contas, também são pessoas." Harper Lee - Mataram a Cotovia (1960)

imagem no Pinterest de foursquare.com

terça-feira, 23 de abril de 2019

To be.




A história inspiradora de uma mulher, de uma artista, de uma pessoa que se vai descobrindo e completando e que luta pelo direito de ser aquilo que é.

domingo, 21 de abril de 2019

Deixa-te corromper!

Uma das vantagens de viver numa capital que se tornou falada um pouco por todo o lado é a facilidade em contrariar aquela "pequenez" a que se remeteram os que há uns anos se viam num país pequenino e pobre. Agora podemos sempre descobrir em cada rua, esquina ou lugar um pouco mais do que mostramos ao mundo ou embeber-nos naquilo que o mundo impregnou na nossa cultura.

Esta coisa que se mistura sem se saber bem se se importou ou se se pretende exportar. Esta nova forma de vida e de estar em que os julgamentos, tal como os protocolos e as roupas, são mais leves, descontraídas e confortáveis. Uma nova, espontânea e significativa forma de te fazer sentir parte de um mundo maior do que tu, mesmo que esse mundo se materialize na cave do prédio onde tens o teu apartamento.

Eu adoro a calma da vila que me acolhe diariamente, mas fascina-me esta mistura despretensiosa e fácil e este corropio de gentes que podemos deixar imprimir-se na nossa mente numas poucas horas de observação.

O The George Pub (com música ao vivo) tem esta aura de aceitação que tanta falta faz ao mundo e por umas horas podes mesmo esquecer quanto cruéis é invejosos conseguimos ser uns para os outros. É possível neste agradável espaço renovar em ti a certeza de que existe mais para nos juntar do que para nos separar.


imagem no thefork.pt

sexta-feira, 19 de abril de 2019

"Já vi/ há dias em que tu/ não cabes em ti" - Ala dos Namorados


Fotografia de Marta Filipa Costa


"Há dias
Em que não cabes na pele
Com que andas
Parece comprada em segunda mão
Um pouco curta nas mangas
(...)
Parece
Que os sapatos que vês
Enfiados nos pés
Nem sequer são os teus
(...)
A noite voltas a casa
Ao porto seguro
E p'ra sarar mais esta corrida
Vais lamber a ferida
Para o canto mais escuro"

Ala dos Namorados
Há dias em que mais vale



quarta-feira, 17 de abril de 2019

Morte


"Conscientes da morte, saibamos endireitar as relações com os outros. Pôr cobro a uma inimizade, desculparmo-nos por uma injustiça cometida, saber reconhecer aquilo que por tacanhez não estávamos dispostos a reconhecer. Não levar tão a peito coisas que nos perturbaram demasiado: as pequenas quezílias dos outros, a sua presunção, a displicência com que se julga uma pessoa. O momento como desafio para que sintamos de uma maneira diferente.
O perigo: as relações já não são verdadeiras nem intensas porque lhes falta a seriedade momentânea que pressupõe uma certa falta de distância. E também: em relação a muitas das vivências que fazemos, torna-se decisivo que elas não estejam relacionadas com a consciência da finitude, mas antes com a sensação de que o futuro ainda será longo. A consciência da efemeridade e da morte eminente faria com que essas vivências fossem logo sufocadas à nascença" - Pascal Mercier em "Comboio Nocturno para Lisboa"

imagem no Pinterest em causosdenoiva.com,br
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