sábado, 3 de fevereiro de 2018

O QUE VEMOS QUANDO LEMOS I



" Quando vemos durante a leitura, vemos aquilo que somos impelidos a ver.

Apesar de...

Como afirma Jonh Locke: "cada (homem) tem tão inviolável liberdade de fazer com que as palavras signifiquem tais ideias, que ninguém tem o poder de fazer com que os outros tenham no espírito as mesmas ideias que ele impropriamente tem (...)"

Ainda assim...

Isto também não é completamente verdade, pois não?

Na verdade, posso infringir esta vossa liberdade e forçar que uma imagem de determinado género surja na vossa mente, tal como um autor faz; como faz Tolstoi com Anna e os seus cabelos compridos".

Se eu disser a palavra:

"cavalo-marinho"






Viram-no? Ou imaginaram que o viram? Ainda que só por um instante?






Todos os cavalos marinhos imaginados serão diferentes entre si.




Mas cada um desses cavalos-marinhos imaginados partilha uma série de características que se sobrepõem: partilham uma semelhança familiar (expressão de Wittgenstein)...



É provável que isto seja verdade também para todas as Annas Karéninas, Madames Bovarys (ou Ismaeis) imaginados. Não são iguais, mas são da mesma família.

(Se obtivéssemos uma média de todas as nossas Annas, acabaríamos por ver a Anna de Tolstoi? Creio que não.)"











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