sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Sputnick, meu amor


Não sei muito bem qual era a mensagem que o autor queria passar, se é que havia alguma. É uma história com um fio condutor, mas que se espalha por outros fios nem sempre com fim ou com interesse para a história principal.

Acho que impele a ser lido pela diferença, sempre na curiosidade de saber "afinal o que vai acontecer". Para mim ficou com uma homenagem à verdadeira e tão rara amizade entre um homem e uma mulher.
Fica um cheirinho...

"Costumávamos falar horas a fio. Nunca nos fartávamos de conversar. Assuntos não faltavam - falávamos de romances, do mundo, da paisagem, do sentido das palavras. Tínhamos conversas mais francas e mais íntimas do que muitos amantes.
(...)
Não me era fácil aceitar o facto de ela não ter praticamente qualquer, para não dizer mesmo nenhum, interesse por mim na qualidade de representante do sexo masculino. Por vezes, o sofrimento era de tal forma intenso (...). Apesar disso, os momentos passados na sua companhia eram os mais preciosos da minha vida..."

" Sumire amava aquela mulher e, mais, desejava-a. Eu amava Sumire e desejava-a. Sumire gostava de mim, mas não me amava e tão pouco sentia desejo sexual por mim. Pela minha parte, podia sentir desejo por outras mulheres anónimas, mas não amor. Era tudo muito complicado. Mais parecia o enredo de uma peça de teatro existencialista. "

" Compreendi uma vez mais o papel importante que Sumire tivera na minha vida e até que ponto era insubstituível. À sua maneira, ajudara-me a ficar ligado ao mundo. Quando falava com ela, quando lia o que ela escrevia, os horizontes do meu espírito alargavam-se em silêncio(...) uma experiência impossível de imaginar com qualquer outra pessoa em qualquer outro lugar. (...)
Entristecia-me, como é óbvio, a ausência, entre nós, de prazer a nível físico. Se tal tivesse sido possível, ambos teríamos certamente sido mais felizes. Mas isso era uma coisa que não estava nas nossas mãos (...). Por mais que Sumire e eu resguardássemos os nossos sentimentos com cuidado e inteligência, a nossa terna relação de amizade não podia durar eternamente.
(...)
Ao perder Sumire, muitas coisas morreram dentro de mim, (...). Ficara sozinho, num mundo deformado, vazio, num mundo frio e tenebroso. Aquilo que se passara entre Sumire e eu nunca poderia voltar a acontecer (...).
Cada um de nós possui qualquer coisa de especial, que se revela numa determinada altura da nossa vida, e só uma vez (...)"





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