Ausência

Raramente é mau sinal quando fico mais tempo desaparecida. Normalmente é sinal de que ando por aí, a aprender e a recolher impressões para depois escrever. O que é bom e me faz bem.

Também não é segredo para ninguém que não tenho uma relação especial com o computador e que o ligo apenas quando é extremamente necessário...

Desta vez não andei por aí "na gandaia", nem deixei de estar com o computador ao colo durante horas a fio. Pela primeira estive a dedicar-me à escrita do que alguns chamam de uma "obra" para com ela participar num concurso literário.

No meu primeiro concurso, muito motivada pela discreta insistência da minha irmã mais nova em não deixar passar a oportunidade de dar um sentido mais funcional a todos os papelinhos e caderninhos que vou escrevendo.

Na verdade a experiência foi muito diferente do que eu imaginava. Mais do que tudo fiquei impressionada por ter passado mais de vinte horas a preparar uma singelas e não especialmente escritas quinze páginas. Depois fiquei também muito surpreendida por dois terços desse tempo terem sido passados a corrigir, mas principalmente a apagar o que tinha escrito.

O que me presenteou com um par de conclusões para mim muito significativas:

- afinal sou mais do género de escrever um romance do que de escrever um pequeno conto;

- o mais dificil não foi escrever a história a contar, foi lidar com as restrições dos caracteres;
- escrever histórias simples, com sentidos abertos, explícitos, quotidianos pode ser ainda tão interessante como escrever opiniões, sentimentos, ideias sem nunca as concretizar;
- é possível reviver, vezes sem conta, o que vivem, sentem e pensam as personagens que criamos, nas situações que lhe oferecemos;
- escrever é esquecer o tempo e  a nossa realidade, é até perigosamente viciante e inebriante.
Por isso, esta foi para mim uma experiência muito positiva. Quem sabe não se torne num promissor primeiro passo..
Vou tentar fazer por isso.

 Foto in LOLITA