sexta-feira, 25 de agosto de 2017
É preciso dar valor às pessoas erradas!
Há um certo poder em conhecer a pessoa errada, na hora errada, no local errado.
Segundos que podem mudar irremediavelmente a nossa vida.
Tirá-lo do caminho que sempre julgámos nossos.
Fazer desabar as estruturas.
Levar-nos a uma depressão profunda, longa, triste e avassaladora.
Anos que pareceram não terminar jamais.
Em que a escuridão vive dentro de nós e nos sentimos com uma pequena folha verde numa imensidão de terreno queimado.
Sozinhos, indefesos, abandonados.
Mas o mundo não pára, o tempo também não e por muito que a vida se ofereça tão inerte e desoladora, eis que chega a hora de conhecer a pessoa errada, mas agora, na altura certa.
Tudo volta ao lugar como que por feitiço.
O sorriso, as ilusões, o interesse, o imaginar.
O querer o suficiente para ir ao encontro.
O iludir-se o suficiente para que a desilusão fizesse doer e chorar.
Voltar a sentir na hora certa.
Na hora em que se está capaz de perceber que não importa se a pessoa é errada.
Todas as pessoas têm a sua importância.
Esta chega para obrigar a fechar um livro, preenchido de mais mentiras e ilusões do que de verdades, cheios de páginas em branco que nenhuma quantidade de tempo vai poder resolver.
Mesmo a tempo de abrir a vida, a janela e o coração.
Mesmo a tempo do amanhecer e da primavera.
Mesmo a tempo de nos acordar.
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
O Herói de Hacksaw Ridge
Verdadeiramente impressionante.
Incontornável.
A história emocionante, baseada em fatos reais, de um verdadeiro herói que realça o valor da vida de cada pessoa por si mesma e chama a atenção para a necessidade de em tempo de guerra também ser preciso alguém da paz.
Ser herói também é ser modesto, sensível, perseverante, fiel, patriótico, mas não necessariamente deixar-se levar em ideologias teóricas. Reconhecer que não vale tudo. Nunca vale tudo.
Ser herói também é ser modesto, sensível, perseverante, fiel, patriótico, mas não necessariamente deixar-se levar em ideologias teóricas. Reconhecer que não vale tudo. Nunca vale tudo.
terça-feira, 22 de agosto de 2017
A Vida fica melhor na praia
Fotografia de Marta Filipa Costa
Há lá verão sonhado, ansiado e esperado, sem praia, fotografias de pernas, joelhos, ombros, pés e para as mais atrevidas de outras parte do corpo?
Há lá verão sem haver muitos fins de tarde acabados numa toalha coberta de areia molhada e de cabelos soltos a "encortinar o sol".
Há que gostar mesmo é da areia, dos acessos, das escadinhas, dos túneis. Das palmeiras e da vegetação própria destas zonas arenosas, quentes e ventosas. Das dunas e das rochas que se espalham um pouco por todo o lado.
Há que gostar dos dias com relógio apenas para controlar os raios UV, das horas simples, longas e leves passadas nas páginas dos livros com o sol a bater na pele.
Há que adorar a simplicidade que se sente depois de passar a barreira do dia a dia, dos carros, das regras, das necessidades.
Há que adorar a democracia destes espaços: onde se despe quem quer, se banha quem consegue, faz exercício quem gosta. Onde a música vem de onde menos se espera e é sempre possível apanhar um ou outro amigo das corridas a cantar com os fones nos ouvidos.
Há que deixarmo-nos enternecer pelos pequenos pézinhos que, mesmo cambaleantes, se dirigem à linha de mar assim que o adulto se distrai e compreender o enfado espelhado na cara dos irmãos mais velhos quando têm que ir brincar com os mais novos, mesmo quando não lhes apetece.
Há que saber reconhecer vivacidade nas pessoas mais velhas que, sozinhas ou acompanhadas por companheiros, netos ou filhos, vêm sorrir à beira-mar.
Há que saber aproveitar esta liberdade de se ser quem se quiser, de se fazer ou não fazer, de andar ou ficar parado, de ouvir ou gargalhar.
Há que saber sentir uma malha macia na pele queimada, o cheiro do gel de banho misturado com loção pós solar e a t-shirt molhada nos ombros à hora de jantar
Há que ter tempo para olhar, reter a luz ao entardecer e agradecer a beleza de cada dia.
Eu bem disse que era aqui que eu ia ser feliz!
sexta-feira, 18 de agosto de 2017
Kafka à beira-mar
Fotografia de Marta Filipa Costa
"(...) tudo o mais deixaria de fazer sentido para mim, agora e para todo o sempre. Tudo perderia o sentido, o rumo. Tudo, Sei disso e mesmo assim arrisco e chamo.a pelo nome. Como se não me pertencessem, a minha língua e os meus lábios (...)
Kafka à beira-mar
Denso, penetrante, estranho, inesquecível.
"(...) tudo o mais deixaria de fazer sentido para mim, agora e para todo o sempre. Tudo perderia o sentido, o rumo. Tudo, Sei disso e mesmo assim arrisco e chamo.a pelo nome. Como se não me pertencessem, a minha língua e os meus lábios (...)
Kafka à beira-mar
Denso, penetrante, estranho, inesquecível.
domingo, 6 de agosto de 2017
Dar continuidade...
Não suficientes vezes falo do meu background de um grupo com um elevado número de pessoas, mas principalmente com um elevado grau de talento que me antecedeu, que me deu genes, que me educou.
Existe antes de mim e à minha volta, um grupo muito especial de indivíduos cheios de talento, garra e beleza que me inspiram pela simplicidade e desprendimento com que vão conseguindo destacar-se nas áreas a que se dedicam.
Apesar de não o referir muitas vezes, tenho sempre presente a noção de que, mais do que todos os que fui descobrindo no caminho, esses são os que mais me influenciaram, mesmo que não me tenha apercebido disso.
Também vejo isso na geração mais nova. Interessantes, discretos (ou nem tanto), educados (ainda conseguimos estar horas a conversar sem nos agarrarmos ao telemóvel), talentosos, cidadaos cumpridores e felizes dão continuidade ao legado da avó Maria dos Anjos.
A avó Maria dos Anjos era (para mim que era a quinta neta) uma avó sempre de cabelo branco bem arranjado e vestidinhos feitos por ela com padrões e cores discretas, mas bonitos e com modelo original (continuo a não ver ninguém com aqueles vestidinhos). Era calma, paciente e ocupava o tempo entre a cozinha, a casa, os netos e filhos e a novela depois do almoço.
Quando eu era pequena, a minha avó era só a pessoa que tomava conta de nós. Nunca fui de fazer tolices. Ela nunca teve que se zangar comigo. Também não era habitual ela zangar-se com ninguém, mas com tantas crianças às vezes era preciso pôr um travão. Ainda assim, com os meus cinco ou sete anos sempre a achei muito benevolente e justa.
Só muito mais tarde conheci os pormenores da vida da minha avó que hoje tanto me orgulham e me fazem reconhecer em todo o seu legado (filhos, noras, genros e netos) a sua tenacidade e resiliência.
Esta mistura estranha mas explosiva, faz-me, muitas vezes, escolher um caminho em detrimento de outro. Faz crescer na minha personalidade ansiosa e temerosa uma urgência de ir mais longe, uma obrigação de procurar uma vida mais feliz, uma certeza de que aconteça o que acontecer tudo vai ficar bem.
Claro que as filhas da minha avó me ensinaram muitas habilidades, que hoje, quando ponho em prática associo à avó com um sorriso no rosto, mas aprendi com as tias, tios e mãe. A inteligência e perspicácia é quase um dado adquirido entre nós. Qualquer um sabe do que fala, pesquisa o que não sabe, pergunta, aprende. Nenhum consegue ser aquele cordeirinho manso que faz só o que lhe dizem. Seja qual for a função que desempenham naquele momento, são bons, vão mais além, apoiam colegas e chefes e realizam-se nessa função.
A maioria é muito multifacetado, o que nos dias que correm é quase uma raridade. Dos meus tios mais velhos nem consigo conhecer todas as suas facetas, mas sei que sabem de várias áreas e que têm sucesso nos seus projetos. Muito antes de a palavra projeto ter "existido".
Entre as mulheres mais novas da família tem-se fama de se ser emproada, antipática e de nariz empinado. Quando era mais nova também tive este problema e agora quando as olho percebo de onde vem essa ideia. Desde o tempo da minha avó que o "berço" se foi construindo. Apesar de não termos posses nunca nos faltou o que comer, o que vestir nem nunca faltámos à escola ou ao emprego por não termos dinheiro para o transporte. Sempre houve prioridades e para a minha avó também sempre houve o avental de "sair à rua". Mais do que esperado que agora as netas usem a inteligência na sua apresentação, tenham herdado um ou outro traço da sua beleza e usufruído da liberdade de crescimento e escolha que deu às suas filhas. Esta combinação torna-as um bocadinho nariz-empinado, mas é uma impressão que se desfaz numa conversa curta. Muitas deles muito bondosas, participativas, conscientes. Sempre prontas a estender a mão a quem precise e capazes de participar em iniciaivas organizadas de ajuda por puro altruísmo. Bonito isso. Acho que a avó quereria isso também.
Esta parte da família faz-me sempre recordar as bras de Agustina Bessa-Luís. Acho que se ela conhecesse a nossa família, a teria traduzido numa das maravilhosas famílias matriacais que invariavelmente se encontram nas suas obras.
Uma família unida por laços que não se descrevem nem se contêm nas relações familiares. Uma família permeável e aberta à entrada dos outros, das suas vidas, dos seus costumes. Construída em sacrifício e luta, mas apesar disso cuidadora, tolerante, alegre. Uma família em continuidade, cada um a fazer por si, em diferentes espaços e áreas, com uma vida corrida que de modo algum enfraquece a relação ou a força que a todos é inerente de continuar à procura e ir sendo muito feliz pelo caminho.
Existe antes de mim e à minha volta, um grupo muito especial de indivíduos cheios de talento, garra e beleza que me inspiram pela simplicidade e desprendimento com que vão conseguindo destacar-se nas áreas a que se dedicam.
Apesar de não o referir muitas vezes, tenho sempre presente a noção de que, mais do que todos os que fui descobrindo no caminho, esses são os que mais me influenciaram, mesmo que não me tenha apercebido disso.
Também vejo isso na geração mais nova. Interessantes, discretos (ou nem tanto), educados (ainda conseguimos estar horas a conversar sem nos agarrarmos ao telemóvel), talentosos, cidadaos cumpridores e felizes dão continuidade ao legado da avó Maria dos Anjos.
A avó Maria dos Anjos era (para mim que era a quinta neta) uma avó sempre de cabelo branco bem arranjado e vestidinhos feitos por ela com padrões e cores discretas, mas bonitos e com modelo original (continuo a não ver ninguém com aqueles vestidinhos). Era calma, paciente e ocupava o tempo entre a cozinha, a casa, os netos e filhos e a novela depois do almoço.
Quando eu era pequena, a minha avó era só a pessoa que tomava conta de nós. Nunca fui de fazer tolices. Ela nunca teve que se zangar comigo. Também não era habitual ela zangar-se com ninguém, mas com tantas crianças às vezes era preciso pôr um travão. Ainda assim, com os meus cinco ou sete anos sempre a achei muito benevolente e justa.
Só muito mais tarde conheci os pormenores da vida da minha avó que hoje tanto me orgulham e me fazem reconhecer em todo o seu legado (filhos, noras, genros e netos) a sua tenacidade e resiliência.
Esta mistura estranha mas explosiva, faz-me, muitas vezes, escolher um caminho em detrimento de outro. Faz crescer na minha personalidade ansiosa e temerosa uma urgência de ir mais longe, uma obrigação de procurar uma vida mais feliz, uma certeza de que aconteça o que acontecer tudo vai ficar bem.
Claro que as filhas da minha avó me ensinaram muitas habilidades, que hoje, quando ponho em prática associo à avó com um sorriso no rosto, mas aprendi com as tias, tios e mãe. A inteligência e perspicácia é quase um dado adquirido entre nós. Qualquer um sabe do que fala, pesquisa o que não sabe, pergunta, aprende. Nenhum consegue ser aquele cordeirinho manso que faz só o que lhe dizem. Seja qual for a função que desempenham naquele momento, são bons, vão mais além, apoiam colegas e chefes e realizam-se nessa função.
A maioria é muito multifacetado, o que nos dias que correm é quase uma raridade. Dos meus tios mais velhos nem consigo conhecer todas as suas facetas, mas sei que sabem de várias áreas e que têm sucesso nos seus projetos. Muito antes de a palavra projeto ter "existido".
Entre as mulheres mais novas da família tem-se fama de se ser emproada, antipática e de nariz empinado. Quando era mais nova também tive este problema e agora quando as olho percebo de onde vem essa ideia. Desde o tempo da minha avó que o "berço" se foi construindo. Apesar de não termos posses nunca nos faltou o que comer, o que vestir nem nunca faltámos à escola ou ao emprego por não termos dinheiro para o transporte. Sempre houve prioridades e para a minha avó também sempre houve o avental de "sair à rua". Mais do que esperado que agora as netas usem a inteligência na sua apresentação, tenham herdado um ou outro traço da sua beleza e usufruído da liberdade de crescimento e escolha que deu às suas filhas. Esta combinação torna-as um bocadinho nariz-empinado, mas é uma impressão que se desfaz numa conversa curta. Muitas deles muito bondosas, participativas, conscientes. Sempre prontas a estender a mão a quem precise e capazes de participar em iniciaivas organizadas de ajuda por puro altruísmo. Bonito isso. Acho que a avó quereria isso também.
Esta parte da família faz-me sempre recordar as bras de Agustina Bessa-Luís. Acho que se ela conhecesse a nossa família, a teria traduzido numa das maravilhosas famílias matriacais que invariavelmente se encontram nas suas obras.
Uma família unida por laços que não se descrevem nem se contêm nas relações familiares. Uma família permeável e aberta à entrada dos outros, das suas vidas, dos seus costumes. Construída em sacrifício e luta, mas apesar disso cuidadora, tolerante, alegre. Uma família em continuidade, cada um a fazer por si, em diferentes espaços e áreas, com uma vida corrida que de modo algum enfraquece a relação ou a força que a todos é inerente de continuar à procura e ir sendo muito feliz pelo caminho.
quarta-feira, 2 de agosto de 2017
Brother
Mais um magnífico vídeo dos Kodaline, acompanhado do habitual melodioso e perturbante conjunto de vozes e contagiante ritmo.
Da mensagem basta dizer que conheci a música através da minha irmã Marta que achou que quem diz "brother" diz "sister" e que esta canção retratava muito bem a relação que existe entre as quatro irmãs. Concordo. Uma bonita mensagem.
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