sexta-feira, 28 de março de 2014

Donos do céu

Donos do céu,
donos do tempo,
donos do sorriso e da razão...
Confiantes, protegidos.
Cheios de ideias em tons diferentes, de espessuras diferentes, de matérias diferentes.
Triunfantes,
aos poucos construindo um ser, uma vida, um propósito...

Jonh Smith



Até que se atira o mundo ao nosso escudo:
A imprevisibilidade, as improbabilidades,
as tragédias, as doenças, as mortes,
As despedidas, as ausências, os finais.



Jonh Smith




E das teorias, das razões, dos programas e protocolos,
desfeitos em pequenos pós quase irreconhecíveis,
fazem-se pequenos blocos, pequenas condensações de informação.
Compartimentada, espalhada para não ser tão facilmente assaltada, perdida, desagregada.
Mas não cuidada, harmoniosa, coesa, segura...
Fica apenas assim, numa tentativa menor de aproveitar o que já foi Maior.



Jonh Smith




Até que sem aviso, sem preparação,
sem se fazer esperar,
desiste, fraqueja, desespera.
E quebra a partir do núcleo, do interior,
do que, a custo, se colocou em segurança.
Explode por não ser de verdade.
Espalha para permanecer vazio.



terça-feira, 18 de março de 2014

Para além...

Beauty in Decay
Miguel González

A todos os espetáculos se segue o silêncio.
A todas as luzes a escuridão.
A todas as novidades, a velhice.
A todos os inícios, o fim.
Podemos querer evitá-lo, esticá-lo, fazê-lo durar. Podemos ter a ilusão de criar ao longo da experiência a capacidade para lhes dar a volta, para aquecer a ponta do fim de forma a poder trabalhá-la e dar-lhe uma forma redonda que permita que tudo comece novamente.
Podemos ignorar esta constatação e seguir sempre em frente como aquele que nada sabe e nada tem a temer, aquele que vive tudo como se não houvesse outro tempo, outra forma, outra intensidade de fazer as coisas.
Podemos. Mas não modificaremos a ordem natural das coisas.
O que nos resta é olhar o que se tornou silêncio, escuridão, abandono, velhice e fim com olhos de doçura e sorrisos de divertimento. 
Se isto é o que nos resta e se são as memórias que permanecem, o melhor é olhá-las assim, de forma suave, esperançosa e descobrir nelas singularidades, pedaços de nós, conversas...
Deixar que nos invadam com a sua força, com o seu carisma, com a sua proximidade e com a sua irremediável, mas segura decadência.

domingo, 16 de março de 2014

Original :)

1

O que fez brilhar o meu sábado passado, sentada com os pés no calor do sol!

Já o tinha começado a ler uns dias antes, mas sempre à noite e com tempo quase contado para o poder ler.
Está maravilhosamente escrito. É simples, fácil de deslizar. É cheio de segredos e reversos e personagens ricas e contraditórias entre elas e em si mesmas.
Para além disso, a história é tocante e contada de forma a conseguir deixar-nos durante horas com dores de estômago pela dureza da situação e em constante alerta por lhe imaginarmos o desenlace, mas sem querermos realmente acreditar que tal vai acontecer ou aconteceu.
Há muito tempo que não lia um livro que me prendesse em si desta forma, como se eu mesma fosse a personagem e sentisse o que a personagem sente. Agradeço esta dádiva e partilho a sugestão.
Evidentemente, adorei :)

domingo, 9 de março de 2014

Existe um lugar onde a felicidade seja?


Rian Afriadi

Às vezes questiono-me se a felicidade não é só uma ideia que nos deram para podermos sobreviver.
Se é um caminho, um estado de alma, um objetivo...
Não sei.
Para mim é difícil escolher uma só definição de felicidade.
Mas pergunto-me se há um lugar ou um tempo onde a felicidade seja inerente, ande solta e ao alcance de cada um..
Provavelmente não, mas no meio de tantas mentiras que nos pregaram, esta não teria sido assim tão absurda.

sexta-feira, 7 de março de 2014

O Amor...



"- Só que eu creio que o amor em si mesmo, não é mais do que um processo mecânico - disse o Clive, quando o pastor julgava que a sua vitória estava garantida.
- Mas, Dr. Stone, o amor é uma emoção - replicou o clérigo, com uma certa aspereza.
- Sim, e uma emoção é apenas um sintoma causado pela libertação de uma substância química particular no nosso cérebro, e no nosso sistema nervoso central, e este, por sua vez, actua sobre outras partes do cérebro para desencadear esse sentimento. "

Poppy Adans - A dança das Borboletas

quarta-feira, 5 de março de 2014

Para quem ainda se espanta!

hoje 



Nunca dá muito bem para perceber ou antever aquilo que nos vai tocar ou que acontecimentos se vão impregnar em nós.
É mais uma capacidade ou defeito inato para estar sempre disponível e recetivo e são as coisas mais estapafúrdias que nos fazem olhar duas vezes, chorar ou simplesmente nos roubam a razão e oferecem-na aos mais profundos pensamentos.
É sempre difícil antever se vai ser um dia doce e sereno ou um turbilhão de emoções duras e pouco reconfortantes.
Ontem tomei banho de água fria, estraguei um casaco novo, fiquei sem saldo no telemóvel, não consegui aceder à minha conta, reagendei pela inésima vez alguns dos meus mais queridos projetos pessoais, comi comida pouco saudável e não estava particularmente feliz ou serena.
Hoje o dia amanheceu tarde, pacífico, com energia para as tarefas mundanas e para resolver pequenos problemas. O almoço à hora do lanche deixou-me tempo para sorrir, dançar, beber o meu chá preferido e apreciar os prazeres da individualidade.
Há sempre mais de ti para descobrir se prestares, de facto, atenção...
Assim, descobri que não sei o que me acalma ou atormenta...
Que não domino...
Que me mantenho disponível para sentir!

segunda-feira, 3 de março de 2014

em fevereiro, entre outros ;)

sábado, 1 de março de 2014

A Dança das Borboletas


"Poppy Adams consegue criar em Ginny 
uma narradora tão astuta 
que o leitor se sentirá na dúvida 
quanto à verdade das suas palavras." 
New York Times

Não é meu hábito ler as críticas que aparecem nas contracapas dos livros antes ou depois de os comprar ou ler. 
São sempre semelhantes e pouco reveladoras, mas quando acabei de ler o livro nem sabia bem que palavras usar para descrever a experiência desta leitura, por isso acabei por procurar e encontrar esta descrição que achei ser das mais fieis ao que senti.

É um relato perturbador e intimista. Estranho, no mínimo.

"(...) 
Eu nunca teria dito Não à Vivien, quando ela me pediu para se meter na cama comigo, não quando ela me está a oferecer esse tipo de intimidade. (...) A Vivi sempre teve um modo maravilhoso de me fazer sentir especial, ao assumir que o seu mundo e o meu eram, verdadeiramente, de uma e de outra, sem barreiras entre eles.
(...)"

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