“ Ao fim de tantos anos perdoo-te o que fizeste, embora não tenha a certeza se te desculpo o tempo
que demoraste a confessar-te e o fato de após tantos anos me teres feito
reviver tudo de novo”.
doze anos de vida,
três
graus académicos,
cinquenta por cento de ordenado,
cem quilómetros,
o casamento
de um contra a solteirice de outro,
o filho de um lado e o nenhum do lado de lá,
a família num núcleo unido de um e o outro com um família separada em pedaços
doentios e triste,
a alegria inerente a um, a depressão inerente a outro…
Mas das taxas de
impossibilidade se criam as realidades e os dois iniciaram uma relação cheia de
pontos profundamente distantes entre os momentos de felicidade e os de
discórdia.
Ela tinha-lhe mostrado a doçura da vida, a facilidade, o colorido, a
verdade, o iniciar dos projetos, a energia própria dos jovens, a luxúria, o
afeto, a atração.
Ele tinha-lhe dado a conhecer o respeito, a calma, a
proteção, a disponibilidade, a maleabilidade, a admiração.
Até que ela se apaixonou por
outro, abandonando-o sozinho ao seu desespero sem nunca lhe ter
dito o verdadeiro motivo.
Pensei
muitas vezes ao longo deste anos em pedir-te a desculpa e assumir a verdade do
que aconteceu.
Na altura não conhecia a força do verdadeiro amor, tal como não sabia o suficiente da vida para saber que não te amava verdadeiramente.
Na altura não conhecia a força do verdadeiro amor, tal como não sabia o suficiente da vida para saber que não te amava verdadeiramente.
Talvez tenha estado próxima de estar apaixonada por ti, mas estes anos mostraram-me que aquilo que me atraía para ti era o eu que se
refletia no teu olhar, a fé e admiração que depositavas em mim, a facilidade
com que encaixaste na minha vida, nas minhas rotinas, sem fazer mossa, sem tirar
pedaço, sem incomodar.
Percebo agora que essa suavidade e pacatez não são bons
indícios para uma relação.
Uma relação forte dá trabalho, angustia, modifica, acrescenta.
Ainda assim,nunca pretendi fazer-te sofrer, enganar-te, mentir-te, fazer-te mal.
Mas fiz e tenho consciência da dimensão desse mal.
Sempre tive e, por esse o motivo nunca consegui dizer-te a verdade, acabando por te ser emocionalmente tão desleal.
Perdoa-me a fraqueza e a covardia.
Desculpa-me, se puderes.
Desculpa-me, se puderes.
Em minha defesa apenas te posso dizer que não sabia que tal poderia acontecer.
Não sabia que me podia apaixonar, não sabia que existiam emoções que me levariam a pôr a minha palavra em causa.
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