terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Desafiar...

" O mundo que 
   encontrei não foi 
   o que esperava..."

É uma das frases que mais me tenho ouvido dizer.
Sempre achei que me tinham criado para ser forte, para ser autónoma, independente, curiosa, capaz.
Sempre achei que não me tinham protegido do mundo para que o mundo não tivesse hipótese de se aproveitar de mim.
Sempre achei que não me tinham facilitado nas duras aprendizagens.
Errei.
Deram-me, de uma forma que eu não percebi, a capacidade para me achar capaz de sonhar, perseguir sonhos, continuar à procura, desafiar limites, não me contentar.
Deram-me a capacidade para pensar e valorizar o que penso. Deram-me a segurança para arriscar.
Protegeram-me do mundo lá fora, da dureza que o compõe, da mentira, da inveja, da imutabilidade da sociedade, dos costumes, dos conservadores.
Descobri que o mundo fora daquele onde me protegeram como se eu fosse uma pequena princesinha é uma constante guerra.
É difícil manteres-te igual a ti próprio. 
Continuares a conseguir ter a capacidade de dar e receber.
Aceitar, procurar. 
Estar disponível, crescer.
Nesta guerra não há terrenos neutros.
Ou vais à luta e usas as mesmas armas que os outros ou vives para sempre nas trincheiras, cada vez com mais medo.
Com tanto medo que até o aproximar de um meiguinho gato tem o poder de te apavorar.
Existe a possibilidade de ires à luta e voltares para descansar nas trincheiras quando as forças não te permitirem continuar a batalha.
Existe a possibilidade de desenvolveres a bondade, o companheirismo, a solidariedade, a persistência, a esperança, a força e tantas outras características enquanto travas a batalha. Existe essa possibilidade na relação que estabeleces com aqueles que te vão fazer alguma companhia, que te vão acompanhar durante algum tempo, que te vão apoiar.
Mas só posso usufruir dela porque fui criada para alcançar o melhor e recuso-me a contentar-me com menos.
Ao longo dos anos já podia ter-me escondido em várias trincheiras.
Meio mundo tentou levantar trincheiras à minha volta e convencer-me de que era seguro ficar.
Outra metade do mundo esforçou-se por usar as armas mais diversificadas e ardilosas para me atacar.
Às vezes sofro golpes inesperados e profundos e tenho que momentaneamente recolher a uma trincheira improvisada que crio só para mim.
Mas a vontade de fazer cumprir o meu destino inibe-me de desistir e, dado o tempo necessário, volto a erguer-me para lutar.
Morrerei de pé, mas não me ajoelharei em busca da proteção.
Ergue-me e dá-me coragem a certeza de que algo grandioso me aguarda. 
Que espera até que esteja pronta para o receber.
Não sei do que se trata nem de que contornos é feito. 
Não sei sequer se o vou reconhecer quando o viver, 
mas tenho a certeza de que o amor por uma, 
várias pessoas,
por uma ideia,
por uma causa
ou outra coisa qualquer 
me vai apaixonar 
e saberei viver com intensidade
até ao fim.

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