Começa sempre tudo de forma tão simples, singela, silenciosa...
Leva-nos a refletir se as nossas opiniões e formas de estar são mesmo nossas, ou nos foram sendo incutidas através de estratégias de marketing psicológica e sociologicamente estudadas até ao ínfimo pormenor.
Não seremos quase todos nós, se não mesmo todos, em última instância, frágeis marionetas de cordinhas e pau, ao sabor da vontade de outros e das circunstâncias.
Não é um conceito novo ou uma constatação original, mas hoje apercebi-me uma vez mais de que a forma como gastamos a nossa vida depende quase exclusivamente da sociedade e dos costumes em que nos inserimos.
Tenho ouvido nos últimos dias, aqui e ali, psicólogos referirem-se à imaturidade geral da população adulta e das dificuldades gerais que existem em termos de relações pessoais na nossa sociedade. Tenho pensado nisso e hoje espantei-me com a facilidade com que dispensamos o contato com os outros no nosso dia a dia.
Primeiro foram os hipermercados, os self services, o levantar dinheiro na caixa automática, depois passámos a lidar com o nosso dinheiro através de ecrãs. Pagamos, compramos, gerimos por ecrãs, à distância, com atendimentos automáticos e códigos.
Pagamos as estradas sem ver a cor do dinheiro que lá deixamos, temos máquinas que nos desejam Boa Viagem, fazemos autonomamente os nossos pagamentos no supermercado, encomendamos comida ao domicílio, fazemos compras pela internet.
Certíssimo que tudo isto é mais cómodo, mais rápido, mais privado, mais ajustável à vida de cada um, mas... não estaremos a exagerar?
Trabalhamos mais de um terço do nosso dia, dormimos outro terço e no que nos sobra gastamos pelo menos metade assim?!?
Quando será normal agirmos como se fossemos um espécie de robots, quando começaremos a achar ridículo o tato, o cumprimentar?
Imagem na página Gilda Silva - facebook