Não é verdade que a vida se viva sempre seguida, num fio contínuo, sem interrupções, sem quebras ou paragens.
A vida de que nos habituaram a falar é mais mentira do que
verdade.
É conceito organizado, artificial; fácil de entender, de
assimilar, de reproduzir, de concretizar.
Começa num determinado ponto que se vai encadeando devagar
em outros pontos. Percurso organizado que se cria na nossa mente quando a
palavra se reproduz.
A verdade é que a vida é de porcelana fina: lasca-se, racha-se,
parte-se… e por muito que se cole ou cubra a loiça nunca mais volta a ser igual,
a ser nova, a ser perfeita.
A vida não é um percurso organizado. Abre-se em ramos e mais
ramos.
Não é possível escolher um caminho de cada vez.
É obrigatório percorrer vários ao mesmo tempo, mesmo os que
estiverem cortados ou os que se revelarem becos sem saída.
A vida é o que cada um de nós vive dentro de si mesmo,
independente da vida que nos dizem para viver.
Vida que é mais em cada cicatriz, em cada mazela, em cada
tentativa de recuperação e se renova maravilhosamente a cada gargalhada, em
cada dia de sol e em a cada tarde de preguiça.
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