Há muito tempo que não escrevo nada diretamente aqui. O que escrevo tem ficado guardado durante uns dias. Depois revejo, pondero, edito e às vezes publico e outras vezes não. Não sei explicar o que me leva a ponderar tanto o que partilhar sendo que o que me move aqui é exatamente a partilha, o deixar que do lado de lá se possa ver o que está por trás de quem provavelmente está sentada numa esplanada ou com os pés na água. Por quem aparentemente está calmo e organizado.
Já encontrei muitas vezes um certo alento em textos de desconhecidos que não faço questão nenhuma de conhecer, mas que mostram o meu ponto de vista sobre tantas coisas que às vezes não posso partilhar com ninguém por achar demasiado fora do quadrado.
E é esta ideia que me mantém por cá, embora tendo uma vida atribulada, que me dá muito tema de escrita e que acabo por não partilhar por falta de coragem.
Os últimos meses tem sido o que parece um teste à minha resistência e determinação. Teste onde tenho passado com um média positiva mas fraquinha e onde me sinto sempre ansiosa e a derrapar a cada nova etapa.
Tantos estados de espírito me têm acompanhado: esperança, alegria, calma, sensação de regressar a "casa, saudade, receio, cansaço, estupefacção, irritação, sensação de não estar à altura do desafio, vontade de voltar atrás. Não necessariamente por esta ordem e normalmente num antagonismo e confusão.
Lembro-me invariavelmente de uma frases que li em algum lado que dizia qualquer coisa como a tentação de desistir é maior quanto mais perto se está do sucesso. Também li em algum lado que as pessoas de sucesso são muitas vezes acima de tudo persistentes e que se superam a si mesmas.
Isto para mim fez sentido na altura. Lembro-me disso cada vez que sinto que quero desistir de tentar e deixar-me ficar à espera que a maré me leve. Interrogo-me se estarei perto do sucesso. Se me supero a mim mesma e um dia vou ficar feliz por isso.
É possível. Tomei a minha decisão ciente da dificuldade acrescida a que me iria sujeitar. Achei que o fim compensaria a dureza do processo.
Agora já não sei. Agora acho (como em quase em todos os projetos com muito sucesso que desenvolvo) que não vou conseguir cumprir as metas, que as estratégias não foram bem delineadas, que fui demasiado ambiciosa nos objetivos. A auto avaliação intermédia que faço aos meus projetos angustia-me sempre. Depois da sensação de fracasso, arregaço de novo as mangas e negocio comigo mesma o que pode não ser um mau resultado. Tento novas estratégias, mantenho o fio condutor e no fim ... os projetos dão bons frutos e alcançam os resultados que esperava.
Espero que agora também seja assim. Embora nos nossos projetos de vida sejamos mais variável do que intervenientes e o controlo esteja longe. Espero, apesar dos pesadelos à noite, que tudo corra pelo melhor e que daqui a uns meses quando me perguntarem como foi, eu responda só (e honestamente):
- Correu tudo bem!