LJ.
Respeito os teus cabelos brancos, as rugas vincadas, o sol marcado na cor do teu rosto.
Impressiona-me a forma como a pele e os músculos do teu rosto foram perdendo força, como parecem agora escorregar e deixar-se apenas prender nos teus ossos, despreocupados.
Reconheço a forma como tremem as tuas mãos e os teus lábios, embora não o compreenda.
Cativa-me o húmido dos teus olhos, a profundidade do teu olhar.
Fico assim, como perante uma obra de arte, a observar, vendo ou imaginando ver.
Sempre diferente, sempre além.
Talvez me espelhe em ti. Só assim te posso imaginar.
Projeto através de ti o meu futuro, imagino-te, através de mim, um passado.
O que te curvou afinal?
A dureza da vida, o cansaço do corpo ou a desilusão?
Existirá, para mim, ainda um tempo em que a ilusão dá a volta e tudo volta a ser como sempre esperámos que fosse?
Trarão os anos a sabedoria para saber apreciar melhor? Ou apenas a capacidade de aceitar?
Magnetiza-me essa capacidade de viveres num mundo que não consigo antecipar.
Podia olhar-te e ouvir-te por horas. Por dias.
Que queres dizer-me, na verdade, quando me chamas menina e suspiras a seguir?
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