segunda-feira, 9 de julho de 2012

Se for cantado, é mais fácil de perceber?



Madalena passou a mão pelo encosto do sofá de pele cor de marfim. Perfeito, no centro da sala que iluminada pela luz do entardecer parecia envolvida numa atmosfera de romantismo. Arranjou em seguida as almofadas e não pôde evitar de reconhecer que o bom gosto a rodeava.

Gostava tanto de se sentir mais preenchida, mais feliz, mais agradecida. Mas, contrariamente a tudo o que se obrigava a pensar, sentia-se triste, desolada, só. E ainda mais desolada quando se apercebia da beleza do que a rodeava, da qualidade das roupas que vestia, da sorte que tinha tido. 

Na verdade, sentia saudades de andar pela rua com o cabelo molhado da humidade dos dias de Inverno. Nostalgia das horas passadas num cantinho escondido da pastelaria que frequentavam todos os dias depois das aulas. Faziam-na sorrir as lembranças dos beijos roubados quando não havia muitos clientes, da paixão que os envolvia sempre que tinham que se despedir ao fim da tarde.

Sentia inveja daqueles seres que faziam planos para um futuro perfeito, de certa forma semelhante ao que realmente conseguiram construir, mas a dois, de mão dada, de corpos sempre juntinhos (até talvez um pouco demais) e não deste... silêncio... afastamento... perder do tempo... da vontade... do estar juntos!

Anónimo disse...

Ouvir esta musica ler o texto e pensar em ti. É perceber claramente o que te vai na alma. Resta saber se é uma necessidade actual e por isso apesar de verdadeira é momentânea e fugaz ou um desejo permanente de uma vida diferente. Permanente... isso soa a muito tempo...seja qual for a situação merece ser atendida!
Bj Fernando

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